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Lipo LAD: o que você precisa saber antes de pensar em fazer a cirurgia

Giovanna Chaves, Virginia Fonseca, Ludmilla e a Flay foram algumas das influenciadoras que realizaram o procedimento nos últimos tempos

Por Izabel Gimenez 1 nov 2020, 10h00

Você provavelmente deve ter acompanhado a repercussão das cirurgias de lipoaspiração feitas recentemente por algumas famosas como Giovanna Chaves, Virginia FonsecaViih Tube, Ludmilla e Flay, ex-participante do BBB20. Conhecida como “lipo LAD”, “lipo HD” ou “lipo de alta definição”, o procedimento estético pode ser muito mais arriscado e complicado do que vem sido vendido na internet através de publicidades.

Como explica a Dra. Suzy Vieira, cirurgiã plástica e mestre em cirurgia plástica pela USP, “a Lipo LAD é uma categoria da tradicional e conhecida lipoaspiração. A diferença é que ela prioriza mostrar ainda mais os contornos corporais e supervalorizar as formas. Para conseguir este efeito, é retirada a gordura localizada nas bordas dos músculos, criando profundidade nas áreas desejadas através de desenhos que simulam um corpo mais musculoso e curvilíneo”. 

O procedimento, que pode durar cerca de 4 horas, não só aspira a gordura localizada abaixo da pele com a ajuda de cânulas ligadas a um lipoaspirador, como a cirurgia tradicional, mas também ressalta regiões como coxas, costas e abdômen, evidenciando os músculos. O valor médio varia de médico para médico, mas gira em torno de R$ 40 mil. 

Quem pode fazer?

É importante ressaltar que ninguém precisa de uma lipo LAD. Por ser uma cirurgia com fins puramente estéticos, não é algo necessário. “Ela não é indicada para pessoas que têm o índice de massa corporal (IMC) maior que 30, o que seria considerado obesidade grau I. Com a alta da procura, pessoas que não praticam atividade física decidiram fazer [o procedimento] e agora estão surgindo um número de casos enorme de complicações”, aponta o Dr. Pedro Lozano, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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O especialista explica que o recomendado é fazê-la quando existe uma rotina de treinos e pouca gordura localizada, já que, por segurança, o limite de retirada precisa estar entre 5% e 7% do peso corporal do paciente. Como o biotipo e a questão genética importam – e muito – em como as atividades físicas impactam o organismo, esse pré-requisito não está necessariamente ligado à saúde do paciente. “Ao realizar a cirurgia, é preciso que todos os exames estejam em dia para evitar qualquer complicação durante o procedimento”, afirma o médico.

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Apesar de não existir uma norma definida quanto à idade, o ideal, como ressaltam os especialistas, é realizar qualquer tipo de cirurgia estética depois que o corpo já está completamente formado, principalmente a lipo LAD, que, com o tempo, pode causar deformações dependendo de quantos quilos o paciente ganhar neste meio tempo. O movimento da pele e o acúmulo de gordura nos “gominhos” que foram criados artificialmente fazem com que formações irregulares apareçam, o que pode ser irreversível.

Recuperação

Embora algumas pessoas digam que a recuperação é, sim, tranquila, isso vai depender muito de como o organismo irá reagir. Querendo ou não, o procedimento é invasivo e isso pode causar dores e deixar marcas roxas na pele, principalmente nos primeiros dias. Giovanna Chaves, que recentemente fez a cirurgia, comentou sobre seu pós-operatório.

“Hoje já me sinto mais dolorida, tem roxos no meu corpo inteiro. Ao levantar para ir ao banheiro, sinto muita tontura e, às vezes, acho que vou desmaiar, mas tenho a ajuda da minha mãe aqui, então, tudo se torna mais fácil. Não vejo a hora desses três primeiros dias passarem e eu estar mais aliviada”, disse nos Stories. “É horrível e é muito desconfortável achar uma posição para dormir. Estou tentando me manter hidratada, bebi muita água, mas não sinto muita fome“, disse. 

“Ao chegar em casa, é recomendado permanecer com uma cinta cirúrgica de 1 a 3 meses, dependendo da necessidade, evitando ao máximo tirá-la. Fora isso, o paciente precisa realizar drenagem linfática periodicamente e, de preferência, manter uma dieta balanceada indicada por um nutricionista”, afirma o médico especialista.

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Complicações

Assim como em qualquer cirurgia, na lipo LAD existem complicações possíveis. Além do resultado que não atende as expectativas, como as deformações sobre as quais falamos, o paciente também pode, por exemplo, “sentir alteração da sensibilidade na região e intensificação da cor da cicatriz”, explica a Dra. Suzy Vieira. Também pode haver remoção de gordura em excesso, caso ocorra uma possível negligência médica, e sangramento excessivo.

 

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Outro risco em qualquer operação é o tromboembolismo venoso, que ocorre quando um coágulo se forma dentro de uma veia profunda. Este cenário pode se complicar ao se transformar em tromboembolismo pulmonar, quando o coágulo chega até o pulmão, impactando a respiração do paciente. 

Alguns problemas podem, sim, ser evitados quando as pessoas buscam por médicos qualificados e experientes no assunto. Conferir o histórico de pacientes e procurar por recomendações são precauções sempre importantes. É possível confirmar os dados de especialistas credenciados à Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica neste link aqui.

Pressão estética

De acordo com as informações do Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, a International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), o Brasil é hoje um dos países com o maior número de cirurgias plásticas, ocupando o 2° lugar do ranking mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos. Em 2018, por exemplo, foram feitos cerca de 1.498.327 de procedimentos no país – e adivinha qual deles é o segundo mais buscado?

Se você pensou na lipoaspiração, acertou! No ano passado, 14,6% das cirurgias foram lipo, e isso levanta um debate importante sobre a busca frenética por um padrão de beleza e a pressão, que atinge principalmente mulheres, ao longo de toda a vida. Na última semana, a discussão sobre o assunto tomou conta das redes sociais e Fernanda Concon foi uma das famosas que questionou a romantização da lipo LAD. São pessoas de muita influência apresentando pro seu público as cirurgias plásticas como soluções simples e eficazes para problemas que vão, muitas vezes, além do estético. Sem ao menos criar uma conscientização, ou seja, explicar os reais motivos de estar fazendo a cirurgia”, disse nos Stories. 

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Alertar sobre a reflexão que precisa ser feita antes da cirurgia, falar dos riscos é essencial. Se esse anúncio não vem acompanhado de conscientização, parece que a pessoa acordou em um belo dia e falou: ‘Vou fazer uma lipoaspiração e vou resolver os meus problemas’. Ela apresenta a solução assim: ‘Vou tomar água porque estou com sede’”, criticou a atriz. “Além de você normalizar essa situação, a uma solução aparentemente óbvia, você também vira para a pessoa e diz: ‘Tá vendo essa gordurinha na sua perna, que tal fazer uma cirurgia superinvasiva?'”, continuou.

Esse tipo de ação em massa, vinda de pessoas com um número alto de seguidores, cria um novo objeto de desejo que pode gerar ainda mais inseguranças e medos que possivelmente não existiam antes de serem apontados como um “problema”. O importante é entender que você é linda do seu jeito e, caso queira mudar algo no seu corpo, não tem problema. Mas vale repensar os motivos por trás dessa vontade e, lógico, sem nunca esquecer de buscar profissionais especializados, combinado?

Quem deu as informações: Dra. Suzy Vieira, cirurgiã plástica, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e mestre em cirurgia plástica pela USP; Dr. Pedro Lozano, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. 

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