linda, Heather Chandler e Elizabeth Schuler. Se você é fã de teatro assim como eu, Isabella Cidrônio, da Galera Capricho, tem uma grande chance de você reconhecer esses nomes. Eles pertencem a personagens de musicais famosíssimos na indústria: Wicked, Heathers e Hamilton. Mas você já se perguntou se a forma como essas e outras personagens femininas são retratadas nos enredos impacta na nossa realidade? Se ainda não, te convido a pensar sobre isso comigo!
Você já deve ter escutado a frase “a arte imita a vida”. Pois é. A maioria das pessoas reconhece o teatro como histórias bonitas de início, meio e fim. Já outras preferem obras contemporâneas que dependem da interpretação do espectador. Seja qual for sua preferência, é inevitável perceber que a arte, em sua maioria, tenta refletir sobre dilemas da existência e do ser humano. Mas podemos observar que o inverso também é aplicado: “a vida imita a arte”. Ou seja, o teatro e outros tipos de manifestações artísticas são ferramentas poderosas de influência sobre nosso estilo de vida.
Dito isso, questiono: o que define uma mulher e um homem em cena? São seus figurinos? Seu modo de falar? Seus trejeitos? Seus dilemas? A resposta para todas as perguntas anteriores é “sim”. Só que com ela surge mais uma pergunta: por que?
A separação entre feminino e masculino está enraizada na nossa realidade há séculos, por uma série de fatores. Sendo um deles, a privação da participação das mulheres em diversos eventos culturais – o que resultou na construção da imagem feminina na mídia a partir do olhar masculino. As personagens citadas no começo deste texto, sendo criadas ou não por homens, possuem influência na imagem que a sociedade tem do mundo feminino.
Nas últimas décadas, a luta para a desconstrução e reconstrução da forma como somos vistas no mundo por meio da arte tem crescido de pouquinho em pouquinho. A melhor maneira de você colaborar com a aceleração desse processo é evidenciando e/ou até participando de peças teatrais que retratem as mulheres de forma realística, que expressem e denunciem as opressões que sofremos durante toda a nossa vida.
Teatro é questionamento
Para a atriz amazonense, professora DEF do Laboratório de Pesquisa Ananda Guimarães, “o teatro existe para que de alguma forma possamos colocar em cena as nossas inquietações individuais e sociais”. Ananda é diretora da peça “Meninas Cansadas”. A obra retrata as ‘mulheridades’ da perspectiva adolescente e da separação dos conceitos de “menina” e de “mulher”.
Com muita musicalidade, a peça utiliza de diversos recursos que conectam o espectador com as cenas, como a utilização do cenário, panos pendurados em uma corda que remetem a um varal de roupas, para representar o nascimento de bebês.
Para construir tudo isso, a artista utiliza métodos de rodas de conversa e criação colaborativa com seus alunos. “É muito importante para além de só conversar, a gente pensar de forma cênica e semiótica, por meio de símbolos e signos. Não é um lugar de condiciona-las a pensar de uma forma, não, pelo contrário, é um lugar de questionamento, de dúvidas e inquietações”, explica Ananda.
Já tinha pensando nisso?