Mais um caso de estupro na Índia choca o mundo. Recentemente, o jornal The Times of India publicou uma notícia informando que uma indiana de 12 anos com deficiência auditiva foi estuprada por cerca de 22 homens. Até o momento, 18 criminosos foram identificados e condenados. A polícia segue investigando o caso e a identidade dos outros suspeitos.
O período do estupro talvez seja o que mais assusta: 7 meses. As autoridades revelaram que a garota era estuprada coletivamente por homens cujas idades variam de 20 a 60 anos. Como ficava sozinha à tarde, depois da escola, os agressores aproveitavam esse momento – e se aproveitavam também da deficiência da criança. Antes de ser violentada, acredita-se que os caras drogavam a menina. “Isso se prolongou até que ela compartilhou a história com sua irmã e uma colega”, esclareceu a polícia.
Mas por que a indiana não contou antes o que estava acontecendo? De acordo com a polícia responsável pelo caso, os criminosos gravavam vídeos do estupro para depois chantagear a jovem. Se ela contasse para alguém o que estava acontecendo, as filmagens seriam divulgadas. Imagina como essa ameaça, que assusta mulheres adultas, não é o fim do mundo para uma menina de 12 anos, que se vê sozinha e sem saber como reagir?!
Na Índia, o estupro de menores de idade é muito comum. O país é um dos mais machistas do mundo e está sempre na primeiras posições das listas que apontam os lugares mais perigosos para ser mulher. Em abril, o Governo estava analisando inclusive uma proposta que prevê pena de morte para estupradores de menores de 12 anos. O decreto foi criado após o caso de uma criança de 8 anos, que foi abusada sexualmente e depois assassinada.
Além do crime de estupro, esses 22 homens também cometerem outro crime, conhecido no Brasil como sextorsão: é quando fotos e imagens íntimas da garota são usadas pelos criminosos como forma de chantagem sexual.
O estupro de crianças e mulheres na Índia é um caso de “emergência nacional”, como pontuou Kailash Satyarthi, ativista e vencedor do Nobel da Paz em 2018. Madhumita Pandey, pesquisadora do Departamento de Criminologia da Universidade Anglia Ruskin e professora de criminologia da Universidade Sheffield Hallam, estudou o surto de estupros na Índia, que não é de hoje, e traçou um perfil dos criminosos: “Os estupradores não entendem a ideia de consentimento ou culpabilidade das vítimas(…) Como esperamos combater o estupro se as pessoas sequer entendem ou respeitam espaço e autonomia pessoal? Sempre enfatizo a importância da educação sexual“, disse a especialista em entrevista à EXAME.
#NãoÉSuaCulpa, garota!