Neste ano, a Lei de Cotas para o Ensino Superior nº 12.711 completa dez anos. Criada em 2012, ela reserva 50% do total de vagas para alunos que cursaram o Ensino Médio na rede pública. Dentro das vagas exclusivas para cotistas, metade fica com os estudantes que declaram situação de baixa renda (1,5 salário mínimo por pessoa) e outra parte é destinada aos candidatos que se declaram como indígenas, pretos e pardos.
De acordo com uma pesquisa conduzida pela Universidade de Stanford, a Lei de Cotas brasileira é eficiente no combate à desigualdade social. “Os dados mostram claramente uma maior igualdade no acesso ao ensino superior em várias dimensões, tais como renda, raça e tipo de escola – pública versus privada. A redução na desigualdade foi especialmente significativa em cursos tradicionalmente mais concorridos, como medicina”, explicam Nano Barahona, Sebastián Otero e Cauê Dobbin, cientistas Ph.D. em economia que produziram o estudo divulgado pela Agência Brasil.
Assim como em outros setores da sociedade, as universidades não são espaços acessíveis para pessoas de classes baixas e de grupos raciais oprimidos. Por isso, as cotas são medidas superimportantes para diminuir a desigualdade que está enraizada em nossa sociedade desde a colonização do Brasil. Tempo pra caramba!
Mas se você pensa que os benefícios das cotas acabam quando um afrodescendente, um indígena ou uma pessoa com baixa renda entra em uma universidade, engana-se. Essa medida afirmativa rende muito mais do que isso! Quer ver? Então, dá uma olhada nesses três fatos que separamos.
1. Família
Entrar em uma faculdade é motivo de orgulho para qualquer um, né? Mas para os candidatos que podem receber as cotas o orgulho é ainda maior. Na maioria dos casos, eles são os primeiros ou um dos poucos da família a entrarem no ensino superior, principalmente no público. O ingresso serve como incentivo para outros parentes, que ainda não tiveram a mesma oportunidade. Ela altera destinos!
2. Mercado de trabalho
A formação superior ainda abre muitas portas para o mercado de trabalho. Por isso, a entrada na faculdade pode aumentar as opções de emprego para esse grupo em situação desigual, que, normalmente, só consegue trabalhos pouco valorizados. Ela muda realidades!
3. Confiança
Sabe aquela sensação de descobrir o mundo quando você começa a ler? Então, a universidade pode ter esse mesmo poder, principalmente na vida de quem foi privado de muita coisa, seja pela etnia ou pela classe econômica. O aprendizado pode funcionar como um combustível para encarar o mundo com mais confiança. Ela eleva a autoestima!
Ah! Entrar na faculdade não torna ninguém melhor do que o outro. Mas a decisão de fazer ou não um curso superior deve ser uma escolha da pessoa. Afinal, etnia e classe social não devem ser uma barreira na sua decisão.