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5 provas de que furar a quarentena é um ato de extremo egoísmo

Não é justo atribuir ao outro a missão de se isolar e usar máscara e lavar as mãos enquanto você organiza uma festinha com comida, bebida e música alta

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 29 abr 2020, 18h36 - Publicado em 29 abr 2020, 14h10
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CAPRICHO/Divulgação

Em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus, no último sábado, 25, a influenciadora Gabriela Pugliesi organizou em sua casa uma festa para 10 convidados, em sua maioria influenciadores. A house party se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter no dia seguinte, já que ela postou vários Stories da comemoração. Internautas começaram a se manifestar sobre a postura da blogueira fitness, que contraiu COVID-19 no casamento da irmã, em março. Enquanto algumas pessoas a alertaram sobre o quanto era irresponsável organizar uma festa durante a quarentena, outras defenderam Pugliesi, dizendo que, por ela já ter contraído a doença, estava supostamente imune ao vírus.

Gabriela trabalha com sua imagem e tinha milhões de seguidores na rede social até decidir desativá-la na última segunda-feira, 27. Pelo que acreditamos e já vimos antes, por tempo determinado. Após a polêmica, ela já havia perdido vários patrocinadores, milhares de seguidores e, consequentemente, muito dinheiro. A blogueira até postou um vídeo pedindo desculpas, mas muita gente se questionou se ele veio apenas porque tinha grana na jogada. Fato é que Pugliesi influencia milhões de pessoas com suas falas e seus comportamentos.

Enquanto alguns festejam, outros continuam em casa Instagram: @gabrielapugliesi / Getty Images/Reprodução

A seguir, listamos 5 fatos que explicam por que juntar uma turma e fazer uma festinha em casa, mesmo que intimista, em tempos de coronavírus, é uma atitude extremamente egoísta:

1. Sua reunião de amigos é um desrespeito com os profissionais de saúde e as vítimas da doença
Profissionais da saúde estão lutando na linha de frente contra a COVID-19, comércios e farmácias seguem abertos para evitar um maior colapso do sistema, pessoas estão morrendo e perdendo entes queridos, outras estão esperando um auxílio para assim, quem sabe, poder pagar as contas do mês… Vamos combinar que está difícil festejar, mesmo que você não aguente mais ficar em casa sozinha. Reunir os amigos e fazer uma festa é praticamente fechar os olhos para toda essa situação, não apenas nacional, como global.

2. Ela pode colocar em risco seus amigos e familiares
Ao organizar uma festa, ou até mesmo um jantar com alguns amigos, você está se colocando em risco e colocando em risco as pessoas que ama. Como garantir que ninguém contraiu o vírus e está assintomático? Também não há ainda nenhuma comprovação de que as pessoas que já contraíram o vírus estão imunes a ele, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. “Não há evidências de que as pessoas que se recuperaram do COVID-19 e tenham anticorpos estejam protegidas contra uma segunda infecção”, informa documento oficial liberado pela OMS. “Atestados de imunidade” podem criar uma falsa sensação de segurança.

3. Não é um item de primeira necessidade agora
Fazer uma comemoração é bem diferente de realizar atividades necessárias, como ir ao mercado ou à farmácia. Segundo a OMS, até uma caminhada ou um passeio de bicicleta, que trazem benefícios para a saúde física e mental, precisam ser realizados com bom senso. Uma house party com 10 pessoas ou um churrasco para a família, no cenário atual, já é uma aglomeração. Evite.

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4. Desrespeita aqueles que, mesmo sem estarem doente, estão seguindo a quarentena à risca
Quem faz um festa esquece que existem milhões de pessoas pelo mundo que estão sem ver seus familiares e amigos, no mínimo, há um mês. Netos não estão visitando  seus avós, filhos não estão abraçando os pais, namorados e amigos estão precisando lidar com a distância, tudo por uma questão de cuidado e amor. De acordo com a infectologista da Universidade Federal de São Paulo Márcia Yamamura, “quebrar o isolamento causa impacto, sim, porque, se todo mundo pensar que é só uma saidinha inocente e que não vai acontecer nada, então vamos todos voltar para as nossas atividades rotineiras e vamos acabar expondo as pessoas ao risco de serem contaminadas”, disse ao G1.

Nós ficamos aqui por vocês… Fiquem em casa por nós Yuliya Baranych/Getty Images

5. Interfere na taxa de adesão ao isolamento que, consequentemente, interfere no número de leitos necessários para tratar os pacientes infectados
No estado de São Paulo, no primeiro mês de quarentena, a taxa de pessoas que seguiram as recomendações da quarentena variou ente 47% e 59% A porcentagem de adesão ao isolamento interfere na demanda de leitos necessários para o tratamento, que já não são muitos, principalmente de casos mais graves. Segundo dados do Centro de Contingência de Coronavírus do Estado de São Paulo, se a taxa de isolamento continuar em 50%, será necessária a criação de mais de 17 mil leitos. Com a taxa de isolamento em 70%, o número  de leitos cairia para 2.120. Quem tem o privilégio de ter um lar e ficar no conforto dele precisa se preocupar com essas contas. É só olhar a posição do país nos rankings de concentração de renda e desigualdade para obter a confirmação: o Brasil é o segundo país com maior concentração de renda do mundo, segundo o RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano), da ONU. De acordo com outro relatório, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), também da ONU, o Brasil é o sétimo país com maior desigualdade social.

É importante ressaltar que a Gabriela Pugliesi é só um exemplo de muitas pessoas que, infelizmente, quebraram a quarentena de alguma forma ou não estão levando ela a sério. Não é difícil encontrar relatos de pessoas falando sobre vizinhos que estão dando churrasco, amigos que postaram foto no bar ou namorados que estão desrespeitando o isolamento para transar. Não seja mais uma pessoa egoísta em um mundo já tão mesquinho. 

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