Acredita que na última segunda-feira, 10, Camilla de Lucas, a 2ª colocada do BBB21, recebeu um Pix no valor de R$ 25 mil de um seguidor?! Ela ficou tão chocada quanto provavelmente você ficou e mandou a real no Twitter: “Galera, parem de mandar grana pra participante de BBB, aqui fora a gente trabalha. Tem uma galera que de fato tá precisando de vaquinha porque passa fome”, escreveu.
Não é a primeira vez que algo do tipo acontece. Depois de ser eliminado da casa no último paredão, alguns internautas cogitaram organizar vaquinhas para Gil do Vigor, pois acreditavam que a saída do brother havia sido injusta. Vaquinhas para o ex-BBB Lucas Penteado também foram organizadas após a desistência dele do jogo, uma delas realizada pela própria equipe de ADMs do paulistano.
Apesar de o dinheiro ser seu e você fazer o que bem entender com ele, é importante lembrar antes de tomar qualquer atitude que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, e a pandemia só piorou esse cenário causado principalmente por heranças coloniais, segregações de raça e gênero, desigualdade no acesso à educação e fatores geográficos. Segundo dados coletados pela Faculdade Getúlio Vargas, localizada em São Paulo, entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, aproximadamente 18 milhões de pessoas voltaram à pobreza no Brasil. Hoje, o país tem mais pessoas vivendo em condições de extrema pobreza que há uma década.
Ajudar é preciso, especialmente se você tem muito – e muito no Brasil não significa ser milionário como a Juliette Freire. Por isso, a seguir, você encontra nove coisas que você pode fazer com o seu dinheiro (e impactar muito mais pessoas) ao invés de fazer um Pix para ex-participante de reality show.
1. Doar para quem tem fome
O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da COVID-19 no Brasil, feito pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mostra que, nos últimos meses de 2020, 19 milhões de brasileiros passaram fome e mais de 55% dos lares conviveram com algum grau de insegurança alimentar, como mostra matéria publicada na Agência Brasil. Doando para a campanha nacional Tem Gente Com Fome, você ajuda pessoas que não têm o que comer ou que almoçam sem saber se poderão jantar. A doação mínima é de R$ 10.
2. Doar para ONGs ambientais
Em janeiro de 2021, o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite anunciou que o número de alertas de desmatamento na Amazônia é o pior em cinco anos. Além disso, o Brasil registrou recentemente um número recorde de queimadas na Amazônia e no Pantanal, que podem voltar a acontecer caso haja falta de estrutura e fiscalização. Você pode contribuir doando para grandes ONGs, como o WWF-Brasil ou o Greenpeace, ou para instituições menores, como o Instituto Homem Pantaneiro e o Instituto Socioambiental (ISA). Opções confiáveis não faltam!
3. Doar para o combate à COVID-19
A falta de itens de limpeza e higiene pessoal agravou o cenário pandêmico nas favelas do Brasil. Muitas vezes também falta água nas comunidades, fazendo com que os moradores não consigam lavar as mãos, um dos hábitos básicos para combater o coronavírus. A maioria das famílias em condição de extrema pobreza e vulnerabilidade alimentar também se encontra nas regiões periféricas. A campanha da Função ABH em combate à COVID-19 está aberta, assim como campanhas realizadas pela CUFA (Central Única das Favelas) e pela ActionAid. Sites oficiais dos governos dos Estados também apresentam páginas explicando como doar.
4. Doar em prol da educação
O Brasil tem quase 1,4 milhão de crianças e adolescentes fora da escola, segundo o IBGE. No mundo, estima-se que 16 milhões de meninas nunca terão acesso ao ensino primário. A pandemia só agravou esse cenário em alguns países, especialmente nos mais pobres, como aqueles localizados no continente africano. Faça a diferença doando para a organização Todos Pela Educação, para o UNICEF, para o Nova Escola, para o Instituto Ayrtons Senna, para a Rede Abrigo, para as Aldeias Infantis, entre outros.
5. Doar para famílias do campo
A maioria dos 25% dos brasileiros sem internet está localizada nas regiões rurais. Esse cenário agrava outros, como o da desigualdade educacional e econômica, do acesso a sistemas básicos de saúde, da falta de saneamento básico e do aumento do machismo/feminicídio. O Instituto Brotar, do Ceará, promove uma rede de apoio a famílias do campo, assim como a Corrente do Bem Brasília e a Ação da Cidadania. Encontre uma iniciativa mais próxima a você e faça a diferença.
6. Doar para o combate ao câncer
A organização internacional World Cancer Day aceita doações a partir de US$ 10, mas você pode ajudar em reais também. No Brasil, nós temos a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Santa Bárbara D’Oeste, a Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas, a organização AméricasAmigas, o Instituto Vencer o Câncer, o GRAAC, o Hospital de Amor, entre outros. Em um país que corta verbas destinadas para a saúde em plena pandemia e precisa fazer campanhas de vacinação, incentivar a ciência é essencial.
7. Doar contra a guerra
Embora no Brasil não haja conflitos armados, apenas um governo que a eles enaltece, no mundo hoje guerras estão acontecendo. Estima-se que na Síria, por exemplo, cerca de cinco milhões de crianças tenham nascido durante a guerra e um milhão tenha nascido como refugiadas em países vizinhos. Você também pode ajudar esses menores de idade doando para a Agência da ONU para Refugiados ou para o Comitê Internacional da Cruz-Vermelha.
8. Doar para o combate à violência contra a mulher
A cada dois minutos, uma mulher é agredida no Brasil. A cada sete horas, o Brasil registra uma morte por feminicídio. Durante a pandemia, esse número só aumentou. O Instituto Maria da Penha, a Organização Social de Saúde Casa de Isabel, a organização Mapa do Acolhimento e a casa Bem Querer Mulher são algumas das iniciativas que lutam contra esse cenário. Existem outras. Ajude aquela de confiança e mais próxima de você.
9. Fazer um investimento
Ao fazer um investimento, você não só cuida do seu patrimônio, mesmo que ele ainda seja pequenininho, e pode garantir sua segurança no futuro e, quem sabe, conseguir um dinheirinho para, em algum momento, ajudar alguma das instituições acima, aquele projeto do seu bairro ou ainda criar a sua própria iniciativa. Não é que ex-BBBs já saiam garantidos do jogo, mas as chances de eles emplacarem trabalhos publicitários, virarem influenciadores digitais e ganharem dinheiro após a exposição em rede nacional são incomparavelmente maiores se colocarmos do outro lado da balança um anônimo cujo único sustento é, muitas vezes, o dinheirinho que ele arrecada com doações – até porque, em 2020, o desemprego no Brasil chegou ao recorde histórico de 14,6%. Ao doar para quem já tem muito em comparação a maioria restante, você acaba contribuindo ainda mais para a concentração de renda na mão de poucos.