Ei, você já ouviu falar em afrofuturismo? Não?! Vou te explicar. O afrofuturismo é basicamente a possibilidade de sonhar com um futuro tecnológico com naves espaciais, carros voadores e robôs amigos a partir da perspectiva da cultura negra. Calma, bora desenrolar um pouquinho mais!
Quando assistimos a filmes ou consumimos obras literárias com enredo futurista, é perceptível a ausência de pessoas pretas nelas. Pode observar! É como se a evolução da humanidade estivesse na mão dos brancos enquanto o povo preto é aos poucos extinto (ou quase isso).
Em longas como Star Wars, Star Trek, De Volta para o Futuro e Passageiros, quase não existe a presença de pessoas pretas na história, e, quando existe, são personagens limitados e/ou solitários. Só para dizer que tem, sabe?
Durante sua apresentação no TEDxPetrópolis, a influenciadora Nátaly Neri explica: “O afrofuturismo é um futuro em que negros existem, não como escravos, mas como criadores de sociedades marcadas pelo alto desenvolvimento tecnológico e pela cultura e estética africana”.
Sabe onde podemos ver claramente o movimento afrofuturista? No filme Pantera Negra. Não temos apenas um super-herói preto, mas também uma África que não foi colonizada nem escravizada e que desenvolveu uma sociedade ancestral altamente tecnológica. A partir do longa, um público maior descobriu os conceitos e a existência do termo, que antes era mais presente nas artes, na literatura e na música.
Aliás, é no meio musical que tudo começou. O movimento surgiu na década de 1950, pautado pelo filósofo cósmico, músico e poeta Sun Ra. Ele, junto de sua banda, criou vários instrumentos musicais que pudessem fazer barulhos e ruídos que imitassem ou chegassem mais perto do que ele achava ser “os sons do futuro”.
Sun Ra acreditava que um dia fora abduzido e levado para a sua terra natal. Lá, ele teria sido apresentado aos seus superiores e esses teriam lhe dado uma missão: salvar o povo preto do racismo praticado na Terra e levá-los para outro planeta.
O multi-instrumentalista acreditava que o racismo, a exclusão e o preconceito estariam longe de acabar e por isso uma diáspora (libertação) seria a solução. Ir embora da Terra para o espaço e colonizar outro planeta com todo o seu povo. Todo esse conceito é melhor apresentado em seu filme, Space in the Place, lançado em 1974, que ainda nos dias de hoje é uma das grandes referências do tema!
E como bem diz Morena Mariah em palestra no TEDxLaçador, “pra falar de futuro, não dá pra não falar de passado. A gente só sabe pra onde a gente vai quando sabe de onde a gente veio”.