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Blog da Galera: como o teatro pode criar utopias e transformar realidades

Zahyra, da Galera Capricho, conversou com a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora da trupe Ave Lola, e o dinamarquês Soren Valente, diretor da Batida

Por BLOG DA GALERA 12 out 2023, 10h00
topo Zahyra Garrido
Barbara Marcantonio/CAPRICHO

Neste ano, o projeto “Ave Lola e Batida rumo ao Rio Negro” desembarcou em Manaus e nas comunidades ribeirinhas do Rio Negro para as apresentações do espetáculo “Ouverture”, do grupo dinamarquês Batida, e “O vira-lata”, da companhia paranaense Ave Lola.

Em sua parada aqui em Tumbira, eu, Zahyra, da Galera Capricho, resolvi conversar com a brasileira Ana Rosa Tezza, diretora da trupe Ave Lola, e o dinamarquês Soren Valente, diretor da Batida. O papo foi superlegal, então quero compartilhar com vocês!

 

 

A trupe Ave Lola é de Curitiba, onde eles têm uma sede localizada no centro da cidade. A trupe tem em média 20 pessoas envolvidas entre atores, atrizes, diretores e equipe de produção. Ela não só monta espetáculo como também publica livros e podcasts que estão disponíveis no Spotify, com acesso gratuito. 

Sobre o grupo dinamarquês Batida, seu começo foi muito inspirado na música brasileira. Ela que fez com que eles se encontrassem e criassem o grupo. Há 30 anos juntos, o coletivo viaja o mundo todo, mas quando eles vem ao Brasil é muito especial, já que, de alguma maneira, a trupe está conectada pelo nome de origem brasileira (batida) e pelas canções. Conversando com Soren, ele disse que muitas coisas o surpreenderam aqui, e que sente que as pessoas são iguais no mundo todo, que a RDS do rio Negro é um dos lugares mais lindos do mundo.

Doi lado esquerdo um senhor está vestindo uma camisa colorida, no meio uma garota loira de camiseta branca e do lado direito uma mulher de cabelos morenos e de camiseta azul
Zahyra ao lado de Ana Rosa e Soren Valente Arquivo Pessoal/Reprodução

Pedi para a diretora da trupe Ave Lola contar um pouco sobre o espetáculo que eles estavam apresentando:

“Parte da escrita do espetáculo é de criação do Soren. Quando eu o conheci, expressei minha vontade de dirigir uma peça para crianças que ele tivesse escrito. É uma peça muito linda, que retrata coisas muito importantes para pessoas de todas as idades. Fala sobre a perda da dignidade humana e o quanto devemos prestar atenção para que não aconteça; fala sobre uma mulher que perde sua dignidade quando acha que pode se casar com qualquer um só para não ser uma mulher solteira, e um homem que passa tanta fome na vida que esquece que é um ser humano e pensa que é um cachorro. Essa é uma história de como amizade é capaz de transformar e recuperar dignidade”, descreve Ana Rosa.

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E qual é a importância de estar apresentando o espetáculo na Amazônia?, questionei.

“Acho que pra gente que é do Sul é fundamental conhecer o Brasil, esse país tão grande. É comum a gente nascer e não conseguir circular, mas só entendemos a grandeza do nosso país quando conhecemos as milhares de culturas que habitam aqui e que fazem do Brasil esse lugar que a gente chama de Brasil. Então, para mim, é importante o espetáculo pra cá porque a nossa equipe fica mais potente, do ponto de vista do conhecimento da nossa nação, da nossa forma de viver a pluralidade que o país tem”, diz Ana Rosa. Já pra Soren, sua visita às terras brasileira era um sonho que tinha se realizado, e ele já garante que aquela não seria a última vez. 

Pra finalizar, pedi pra que eles falassem sobre a importância do teatro para o ser humano e dessem um conselho para quem quer seguir a carreira no teatro. 

Ana destaca que o teatro é um lugar onde a gente pode criar utopias, transformar realidades, experimentar, questionar, pensar politicamente o nosso estado de humanidade. “É um laboratório onde a gente pode se encontrar presencialmente para pensar sobre o mundo, e todas as coisas no espaço comum”, diz. “A melhor vida que alguém pode ter é dentro do teatro, mas tem que ser muito apaixonada(o) porque também é um espaço de muita exigência e demanda dos artistas uma entrega total”, completa

No ponto de vista de Soren, as artes possibilitam ser alguém diferente e estar em lugares diferentes do que você foi ou está, ou ainda ter a experiência que você nunca vai ter na vida real, às vezes. “É por isso que o teatro ensina sobre as pessoas e ao mesmo tempo a gente aprende sobre a nossa própria vida”, diz. Ele continua e dá um conselho: “Faça e vá em frente, não espere resultados rápidos, vai ser uma longa vida, e toda vez que você chegar em um objetivo, você vai encontrar outros objetivos. E a coisa mais bonita é que você nunca vai acabar, nunca acaba, você está sempre indo pra frente”.

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