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Blog da Galera: leia o conto “Pelas ruas do Rio”, de Gyovanna Cabral

Gyovanna Cabral, da Galera CH, escreveu um conto para as leitoras da CAPRICHO. Vem conferir!

Por Da Redação Atualizado em 24 jun 2019, 17h00 - Publicado em 24 jun 2019, 17h00

Oi, gente! Eu sou a Gyovanna e escrevo poesias, que vocês podem conferir no meu Instagram. Decidi postar aqui um conto de minha autoria, chamado “Pelas ruas do Rio”. Me contem se vocês curtem esse tipo de postagem? 🙂

Rio de Janeiro, cidade em que se passa o conto. Getty Images/Reprodução

Hoje, fui colar alguns panfletos com poesias minhas na rua, quando um morador de rua começou a puxar assunto comigo:

– Cola mais em cima, menina.

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– Tô tentando, eu sou meio baixinha.

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– O que é isso que você está fazendo aí?

– São frases de textos meus. O senhor gosta de poesia?

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– Eu gosto é de música, costumava ouvir várias que tocavam no Faustão.

– Tá certo, música também é poesia!

– Quem sabe ainda te vejo por lá, moça.

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– Um dia, não é?

Não sei o porquê, mas esse diálogo tão curto ficou na minha cabeça de uma forma tão impactante, que inventei uma história para esse senhor. Vamos chamá-lo de Cláudio. Não sei, ele parece se chamar Cláudio.

Cláudio saiu de casa tarde, morava em Curitiba, devido ao seu sotaque. Ele tinha o sonho de ser músico, mas não tinha tanto dinheiro para isso. Ouvia músicas em rádios e televisões pelos lugares que passava, mas foi uma paixão que ele não seguiu. Por quê? Meus amigos, a vida, às vezes, é dura. Nem sempre temos apoio dos nossos pais ou dinheiro. Comida mata fome, música não. É o que dizem, pelo menos. Mas ele não desistiu. Veio para o Rio de Janeiro de carona. Nessa viagem, conheceu Henrique, um hippie que tinha como missão viajar pelo país, conhecer praias e lugares, vender sua arte. O menino estava preso em Woodstock. Mas foi em outra época que ensinou Cláudio como se toca instrumentos e tudo que ele precisava saber sobre a música. Quando chegaram ao Rio, cada um foi para um canto. Não doeu tanto a despedida de Cláudio e Henrique, mas, sim, a sua despedida com o violão de seu amigo.

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Em uma dessas esquinas, ele encontrou uma loja de música. Ou melhor, uma loja de instrumentos. Música é viva, pulsa em nossas veias, não se compra. Ou você tem música ou simplesmente não tem! Mas o preço do violão pelo qual nosso herói babava era todo o dinheiro que ele tinha para se virar. A realidade mata os sonhos. Andou até a Barra da Tijuca, onde encontrou uma menina de cabelo azul cantarolando pelos cantos e prendendo cartazes pelos postes.

– Cola mais em cima, menina.

– Tô tentando, eu sou meio baixinha.

Opa, isso eu já contei para vocês. A menina saiu, Cláudio ficou. O que aconteceu com ele em seguida? Bem, ele continuou em seu canto, perto da estação Jardim Oceânico, quando um homem de terno que parecia estar desesperado com algo tropeçou e caiu na sua frente. Ele correu para ajudá-lo e, em um impulso, o homem recou. Ficou com medo de ser roubo. A única pessoa que foi roubada, contudo, foi o próprio Cláudio, ao ser comparado com um criminoso. Sem dizer por favor ou obrigado, o homem saiu e, então, ele voltou a cantarolar sua música favorita.

“Por falar em saudade, onde anda você, onde andam seus olhos?(…)”. O homem voltou e ficou ouvindo essa bela voz ecoando sobre as ruas. Esse homem de terno era um grande empresário da música. A partir daí, o mundo nunca mais foi o mesmo.

Eu, sei lá, nunca mais o vi, mas há pessoas tão gentis e boas com você de graça, que você sente que ele merece um final feliz. Então aqui está o seu.

Espero que tenham gostado! Vou adorar saber o que vocês acharam! Beijos,
@poesiade1minuto

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