Casamento às Cegas prova que aparências importam bem mais do que deveriam
Ainda e de diferentes maneiras. A conclusão? O amor não é cego, mas com toda certeza ele é ingênuo
Se você usou a internet nas últimas semanas, provavelmente ficou sabendo do reality mais comentado do momento: Casamento às Cegas Brasil – que, inclusive, ganhou seu 11º episódio (“O Reencontro”) na última quarta-feira (1º).
O reality em que pessoas se apaixonam pela conversa, pelo carisma, pelos sonhos, pelas expectativas… E não pela imagem. Depois de muito papo, se rolar a conexão e o casal aceitar se casar, é aí que o encontro visual acontece.
Eu assisti a Casamento às Cegas num misto doloroso de raiva, esperança e alegria. É duro perceber que o amor é colocado em posições diferentes para cada um, que a aparência importa demais para algumas pessoas – e muito mais do que elas se sentem à vontade em admitir – e que por causa de julgamentos relações maravilhosas são perdidas. Tô pensando aqui que o mal do amor é a expectativa…
Ah, a expectativa mata! Quase dar certo com alguém é tão ruim quanto dar certo e acabar. É que lidar com o vazio de quem quase não preencheu dói demais.
É como arrumar a casa pra uma visita esperada e ela mal entrar na sala, ignorando completamente o cafezinho e o bolinho de fubá da cozinha, e nem se dando o trabalho de tirar o sapato.
Quase dar certo com alguém é um perigo pra imaginação, que nos leva a lugares mágicos e maravilhosos, porém irreais do início ao fim.
Sentir o gosto da rejeição quando se mostra tão pouco é como ignorar um livro já na sinopse: aquilo que não nos interessa grita aos olhos muito mais do que a possibilidade da surpresa.
Já não basta os fatos, o que temos é muito pouco, por isso o peso do “poderia ter sido” vai ficando maior a ponto de ficar insuportável.
É por isso que o “deu errado e nós nem ficamos” demora tanto para superar. Tudo fica mais difícil com a fragilidade do “E se?”. Já escrevi sobre isso em outro momento, né? Gosto de arrancar sangue das palavras e não tem nada que machuque mais do que o futuro do pretérito.
Mas, apesar de tudo, eu vejo o lado bom da dor do amor. Talvez seja a minha mania de romantizar tudo e acreditar que tudo na vida traz consigo uma grande lição, mas esses “quase amores possíveis”, que deixam uma dorzinha latente, têm seu lado bom: nos lembram de que é possível chorar por um novo amor e de que sempre há a possibilidade para um recomeço.
É um alívio ter a chance do encontro e do desencontro com outro alguém. ❤