O casal de influenciadores Rafael César e Luke Vidal, pais do Kauan, 9 anos, definem a paternidade em uma palavra: presença. Rafa, que perdeu o pai muito cedo e precisou lidar com a ausência, sempre sonhou em acompanhar cada momento da vida de um filho. Com o marido, foi um pouco diferente. Luke não tinha grandes planos de ser pai antes, mas foi vendo a vontade brotar e a ideia amadurecer com o passar dos anos.
Em papo com a CAPRICHO, na semana do Dia dos Pais, o casal falou mais sobre a família que eles construíram, baseada no respeito, na liberdade de ser quem é e no humor, para deixar as coisas mais leves.
A adoção e o início de um nova fase
O Kauan, conhecido nas redes pelo apelido de “patrãozinho”, nasceu para o Luke e o Rafa em maio de 2020, após o processo de adoção se concretizar. Na época, eles estavam juntos há 11 anos e o garoto tinha um pouco mais de 5 anos de idade. “Parece que nunca vamos nos sentir totalmente preparados para a responsabilidade de ter uma criança, mas nesse momento o desejo de ser pai prevaleceu”, diz Luke. Os dois, inclusive, concordam com a frase clichê que “certas coisas só se entende depois de ser pai ou mãe”.
Além de toda a adaptação necessária para a nova rotina, eles precisaram lidar com a sensação de culpa e cobrança, que vem quase como um “brinde” com a paternidade. “Com a adoção tardia, teve muita preocupação em acolher uma criança que chegou com seus traumas e inseguranças”, conta Rafa. Buscar ajuda de profissionais e cuidar da saúde mental de toda a família foi muito importante nesse processo, que depois foi ficando mais fácil. “Mas ter filho é um desafio diário, o tempo passa muito rápido e temos que aprender a educar em cada fase da vida dele”, pondera.
A paternidade no dia a dia
O humor, que é objeto principal de seus vídeos nas redes sociais, dentro de casa, tem o papel de deixar a vida conjugal e a criação do filho mais leve. “Quando chamo a atenção do Kauan e não resolve, eu tento uma outra vez, mas sendo debochado e brincando”, conta Rafa, que garante que o método funciona muitas vezes. Luke confirma e ressalta que o filho puxou esse lado extrovertido dos dois.
Para Luke, a base da relação entre pai e filho é a verdade. Tanto ele como o marido não negam ao filho quando não estão em um dia bom. “Ele precisa entender que os pais também ficam tristes ou irritados, mas que ele não tem culpa. Isso deixa a relação mais próxima”, defende Luke, que acrescenta que o acolhimento é outro ponto muito importante. “O amor vem através das ações”, completa.
Mesmo com todo cuidado, eles entendem que é inevitável errar na paternidade, faz parte também. “O importante é que a gente faz depois do erro, sabe?”, destaca Rafa. “Quando eu extrapolo na bronca ou falo o que não deveria, por exemplo, eu peço desculpas. E assim ele também aprende a se desculpar, já que a criança reproduz o que vê em casa”, continua.
A pluralidade familiar e a importância da representatividade
Apesar de terem criado esse ambiente acolhedor e verdadeiro dentro de casa, Rafa e Luke contam que sentiram medo, no início, do Kauan sofrer algum preconceito pelo fato dele ter dois pais na escola. Diante de uma sociedade que ainda segue muito uma lógica heteronormativa e é homofóbica, a preocupação é quase inevitável, né? Mas, na verdade, o garoto foi muito acolhido e vive rodeado de amigos.
“Expor nossa vida na internet e ter alcançado um certo reconhecimento nos ajudou nesse sentido”, observa Rafa, que diz que eles se sentem privilegiados por isso. “Recebemos muitas mensagens dizendo que, por meio dos nossos vídeos, conseguimos mudar o pensamento de algum familiar que era preconceituosa sobre casais gays e famílias plurais”, conta.
Luke acrescenta: “quanto mais a gente puder naturalizar nossa família, com os nossos vídeos cheios de humor, para tirar o preconceito nem que seja de uma pessoa por dia, isso já é muito importante”.
Viva o amor!
