Bem-vindos à Vizinhança é a nova série do Ryan Murphy que está bombando na Netflix! A produção conta a história de uma família que decide deixar Nova York e comprar uma cobiçada casa no subúrbio, para viver no conforto de uma vizinhança segura e arborizada. Mas, assim que termina a mudança, começa a receber cartas assustadoras de um suposto ameaçador que se intitula como “The Watcher”, ou “O Vigilante”, em português.
O roteiro de suspense é daqueles que prende o espectador, e o aviso “baseado em uma história real” no começo do primeiro episódio deixa tudo ainda mais sinistro!
Pra quem não sabe, a série foi inspirada na reportagem The Haunting of a Dream House, de Reeves Wiedeman, publicada em 2018 no The Cut, site da New York Magazine. A seguir, a gente te conta detalhes sobre a casa da Rua Boulevard nº 657 original.
A HISTÓRIA REAL
A residência do endereço em Westfield, Nova Jersey, foi construída em 1905. A construção antiga e grandiosa foi, em 2014, comprada por Derek e Maria Broaddus por US$ 1,3 milhão. O casal se mudou para lá com seus três filhos e tudo parecia perfeito, a realização de um sonho!
Mas, antes de se mudarem definitivamente, o casal resolveu reformar o lugar. Três dias depois, Derek foi dar uma olhada na caixa do correio e se deparou com uma carta destinada ao “Novo Dono”. Trecho dela dizia o seguinte: “Querido novo vizinho na Boulevard 657, permita-me dar-lhe as boas-vindas ao bairro. A Boulevard 657 tem sido o assunto da minha família há décadas e, à medida que se aproxima de seu 110º aniversário, fui encarregado de observar e aguardar sua segunda vinda. Meu avô vigiava a casa na década de 1920 e meu pai na década de 1960. Agora é minha vez”.
No recado, escrito em uma caligrafia grossa e preta, o remetente conta que sua família vigia a casa há anos, cita os filhos do casal e ainda faz perguntas do tipo: “Como você veio parar aqui?” e “Você sabe o que está dentro dos muros da Boulevard 657?”. Bizarro, né?
Ao ler a carta, Derek correu para acionar a polícia, mas as únicas pistas eram a assinatura com o nome “O Vigilante” e a promessa de que outras cartas chegariam. Ao compartilhar com sua família o ocorrido, os Broaddus contataram os antigos donos, principalmente porque em determinado trecho estava escrito: “Pedi aos Woods [os antigos donos] que trouxessem-me sangue jovem e parece que eles ouviram”.
De acordo com a outra família, eles também receberam uma carta antes de venderem, mas que de longe não era tão horripilante quanto a que os novos moradores haviam recebido. Então, só resolveram ignorar. Os Woods acompanharam Maria Broaddus até a delegacia, onde foram instruídos a não comentarem sobre o caso com mais ninguém, nem com os vizinhos. A partir daquele momento, as vítimas ficaram em estado de alerta, e instalaram câmeras de segurança e alarmes por toda a propriedade. Afinal, todos eram suspeitos.
Duas semanas depois, a reforma ainda estava rolando e a segunda carta chegou. Mais detalhada, ela se referia aos envolvidos pelos nomes e ainda descrevia algumas atividades que estavam acontecendo “Tenho o prazer de saber seus nomes agora e o nome do sangue jovem que você me trouxe”, escreveram. A partir daquele momento, o casal não levou mais seus filhos para o local.
Passo muitas vezes ao dia. A Boulevard 657 é meu trabalho, minha vida, minha obsessão. E agora você também é família Braddus. Bem-vindo ao produto de sua ganância! A ganância foi o que trouxe as últimas três famílias ao 657 Boulevard e agora trouxe você até mim.
Os Braddus acionaram a polícia, o FBI e até mesmo contrataram um investigador. As cartas continuavam e ficavam cada vez piores. Surgiram algumas hipóteses, mas nada além. Poderia ser alguém com revolta do poder aquisitivo da família? Alguém que não conseguiu comprar a casa? As próprias vítimas iniciaram uma investigação por conta própria, pois estavam “enlouquecendo” devido a falta de respostas. Derek chegou a fazer um mapa da vizinhança.
Além das cartas, algumas coisas estranhas aconteciam na própria casa, como, por exemplo, a vez em que uma placa colocada no quintal por um dos operários simplesmente sumiu.
Seis meses se passaram e os donos da Boulevard 657 decidiram desistir de morar no endereço, pois não se sentiam seguros para viverem com seus filhos lá. Foi aí que mais uma batalha começou. Como vender? Quem iria pagar por uma casa com esse histórico? Afinal, eles inclusive entraram com uma ação contra os Woods, alegando que deveriam saber da carta recebida por eles.
Todo o processo de venda era muito complicado, principalmente depois que o caso tomou proporções midiáticas. Para se ter uma noção, haviam até jornalistas cercando o local. Todos queriam saber quem era o Vigilante, o que aquela casa tinha de tão especial e o como as coisas aconteciam sem que ninguém visse.
Após questões legais os impedirem da hipótese de demolir a casa, a Boulevard 657 finalmente foi alugada em 2017. Porém, como nem tudo são flores, os inquilinos também começaram a receber as tais cartas, que ironizavam a tentativa de fuga da família. “A Boulevard 657 sobreviveu à sua tentativa de ataque e permaneceu forte com seu exército de apoiadores barricando seus portões”, veio escrito em uma das mensagens.
Em 2019, a residencia foi vendida por US$ 400 mil, como relatou ao The Cut Derek, que, no fim, ficou obcecado em descobrir quem era o tal Vigilante – um segredo que até hoje não foi solucionado.
O QUE É REAL E O QUE É FICÇÃO NA SÉRIE
Apesar de ser baseada em uma história real, a produção de Ryan Murphy e Ian Brennan fez alguns ajustes para a televisão. Vamos passar um pente fino e ver quais são eles?
1. A família não morou lá
Na série, vemos a família Brannock (na vida real, Braddus) se mudar de imediato para a casa e, depois de receber mais de uma carta, se hospeda em um hotel, mas isso não aconteceu na vida real. Na verdade, os verdadeiros donos desistiram de viver lá antes mesmo de se mudarem, e ficaram hospedados na casa dos pais de Maria, que moravam em um quarteirão próximo ao bairro.
2. O endereço real
Sim, a série usa o endereço exato da casa real. Inclusive, após o sucesso da série, a vizinhança vem reclamando da aglomeração no lugar. Imagina os moradores atuais? Socorro!
3. A horripilante história de John Graff
No terceiro episódio, conhecemos a história de John Graff, que, na série, é um antigo morador da Boulevard 657, que também recebeu cartas ameaçadoras. Graff acabou perdendo o emprego, ficando sem dinheiro e passando por turbulências familiares. Após roubar o dinheiro da própria mãe, em um certo dia, ele a matou, matou sua esposa e também seus dois filhos. Depois disso, supostamente desapareceu do mapa.
Pasmem: essa parte foi baseada no caso real de John List, de 1971! Na verdadeira história, John morava em Westfield, mas não havia sido proprietário da casa. Ele realmente assassinou sua mãe, sua esposa e seus filhos. List fugiu para o Colorado, mas foi encontrado e preso em 1989. Na série, há uma interação desse personagem com o protagonista, em que ele diz ir à igreja. Na vida real, John realmente estava sendo contador de uma igreja quando foi pego.
4. O DNA das cartas
Um teste de DNA realmente foi feito nas cartas e, de fato, resultou em um DNA feminino.
5. Casal Mitch e Mo, e a seita de sangue
Esse foi um arco adicionado exclusivamente na série. Possivelmente, os produtores se inspiraram nos trechos assustadores das cartas reais, em que o vigilante fala sobre “sangue jovem”.
6. Túneis e passagens secretas
Na casa real não existem os túneis e passagens secretas registradas na série. Pelo menos, não que se saiba…
7. “O conselho de Westfield”
Aparentemente, não existe uma Sociedade de Preservação de Westfield. Contudo, existe um conselho e, segundo reportagem do The Cut, os membros foram grandes responsáveis por acabarem com a ideia de vender a casa para uma empresa que dividiria o terreno em mais de uma construção. Os argumento sobre a preservação das árvores foram usados no caso real também.
8. O final…
Muita gente ficou revoltada com o final sem desfecho, mas esse é o final real também. Como dissemos anteriormente, vigilante nunca foi descoberto.
Eita, que caso bizarro, né?! E você, assistiu à série?