Em um comentário no Facebook, a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), afirmou que a vereadora e ativista Marielle Franco (PSOL), assassinada aos 38 anos na última quarta-feira (14/3), estava “engajada com bandidos”. A magistrada fez a afirmação ao responder uma postagem do advogado Paulo Nader, que enaltecia a luta de Marielle pelos direitos humanos.
“A questão é que a tal Marielle não era apenas uma ‘lutadora’; ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa ‘longe da favela’ sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava. Até nós sabemos disso”, escreveu Marília Castro Neves, que completou: “A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro.”
À coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, Marília Castro Neves justificou seus comentários dizendo que era sua “opinião como cidadã”, além de dizer que não conhecia o trabalho de Marielle Franco até seu assassinato. A desembargadora disse ainda que postou informações “que leu no texto de uma amiga”. “Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela [no Rio de Janeiro] e não houve essa comoção. E ela também lutava, trabalhava, salvava vidas”, falou.
Em sua coluna no site Jornal GGN, Luis Nassif, falou com o procurador eleitoral, Sidney Madruga, que desmentiu as afirmações de Marília Castro Neves. “[Marielle Franco] Nunca foi apontada como candidata de traficante ou milícia. Acompanho e investigo isso que é objeto de reuniões mensais com a cúpula de segurança”, esclareceu o procurador.
Marielle foi executada com três tiros na cabeça e um no pescoço. O motorista Anderson Gomes, que dirigia o carro, também foi morto a tiros. As primeiras investigações sobre o caso apontaram que a munição usada no crime pertence a um lote destinado à Polícia Federal de Brasília. Balas do mesmo lote, adquirido em 2006 e que teria sido roubado, também foram usadas na chacina que deixou 17 mortos na Grande São Paulo, em 2015.