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‘Desinfluência digital’ ganha força na internet com caráter questionador

Não é o fim dos influenciadores, mas esse movimento exige mudança ao revelar insatisfação de público jovem e crítico nas redes sociais

Por Sofia Duarte 4 jun 2023, 06h00

Não é novidade para ninguém que, após a ascensão das redes sociais, o marketing de influência virou uma das estratégias mais rentáveis para as empresas ao redor do mundo, certo? A ideia de colocar pessoas relevantes na internet para fazer publicidade de produtos e serviços não vai perder força tão cedo, mas, nos últimos anos, o público, em especial a galera da geração Z, vem exigindo mais responsabilidade.

A partir disso, surgiu o movimento chamado “desinfluência digital”, que chega com o propósito de frear o desejo de consumir algo e demandar discernimento dos indivíduos que incitam essa intenção. Vídeos expondo “a real” sobre produtos, marcas, lojas e até de produções e contratações têm se tornado cada dez mais comum.

Como surgiu a desinfluência digital?

A desinfluência digital ganhou força no período da pandemia de Covid-19, quando o propósito de influenciadores que só querem vender e fazer inúmeras publicidades sem comprometimento com seus seguidores começou a ser questionado. Nesse mesmo período, assistimos ao aumento da relevância de criadores de conteúdo que trabalham com humor, que expõem a vida real sem grandes luxos e que demonstravam uma postura empática em relação a esse momento difícil.

Como ela se manifesta nas redes sociais?

A hashtag #deinfluencing possui mais de 650 milhões de visualizações no TikTok e está recheada de vídeos de pessoas falando sobre produtos ou serviços que não valem a pena, ou seja, fazendo o contrário do que o marketing de influência propõe. Na publicação abaixo, por exemplo, a usuária está na parte 6 da temática ‘Coisas que você não precisa‘, em que fala sobre itens de beleza que são caros e que não valem o preço que têm, uma vez que você pode encontrar produtos similares por um custo mais acessível.

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@michelleskidelsky

Replying to @canxd97 🫡🫡 back again to hate on things for the purpose of saving all our bank accounts #deinfluencing

♬ original sound – michelle

Outro tipo de “desinfluência” é este vídeo em que a criadora aborda “coisas que o TikTok nos convenceu de que são normais, mas, na verdade, não são”.

Ela explica: “Vamos falar sobre algumas coisas que o TikTok nos convenceu de que são comuns em termos de hábitos de consumo, mas, na realidade, não são tão normais. E se a sua vida não parece com isso ou se você não está fazendo essas coisas, mas toda vez que você entra nesse aplicativo você vê influenciadores fazendo isso, e você fica tipo: ‘Todo mundo vive desse jeito?’ Eu só quero que saiba que você não está sozinho”.

E, então, cita pontos como usar um look diferente todos os dias, ir ao mercado sem orçamento e colocar tudo o que quiser no carrinho, ter uma rotina de skincare com mais de 10 passos, entre outros.

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@overcoming_overspending

What else am I missing? Things that social media convinced us are normal but aren’t. #overconsumption #impulsebuying #implusebuyer #deinfluencing #spendingproblems #creditcarddebt #overspendingmoney #overspender #influencedbytiktok #influenced

♬ original sound – Paige | Spending Coach

O que esse movimento significa?

Mas, afinal, isso quer dizer que o marketing de influência vai acabar? Definitivamente não, e nem é esse o objetivo. No entanto, significa que as pessoas, principalmente jovens e da geração Z, estão apresentando um novo comportamento que envolve o abandono de um engajamento superficial em detrimento da construção de uma comunidade e, dessa forma, dá preferência por quem consegue criar laços mais profundos e narrativas identificáveis.

Questionando padrões de beleza, o consumo exacerbado de produtos e de tendências de moda e até de um estilo de vida inalcançável, esse público crítico tem sede de conteúdos reais e genuínos, o que, por consequência, gera uma demanda para que influenciadores que ainda não se atualizaram repensem suas estratégias e comecem a tratar seus seguidores como indivíduos que possuem subjetividades, e não apenas como números que revertem em vendas.

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