e transportar para uma outra realidade, como a da franquia de Harry Potter em Hogwarts, ou a de The Walking Dead, e viver por um determinado momento entre esses personagens, sendo um deles. Essa situação é possível e acontece segundo diversos praticantes do shifting realities. O termo, que do inglês significa mudança de realidade, designa um movimento que tem acontecido na web e preocupado psiquiatras e psicólogos.
Vídeos sobre o shifting começaram a aparecer no TikTok ainda em 2020, na pandemia, e, desde então, a prática tomou ainda mais proporções e não faltam vídeos na plataforma tanto de usuários, que afirmam terem se transportado para outras realidades, quanto de especialistas (ou não) tentando explicar a ciência por trás dos relatos.
O que é shifting?
Shifting é o nome dado ao processo de transportar a mente, a consciência, por determinado período de tempo, para uma outra realidade, chamada de realidade desejada (ou desired reality, DR). Essa realidade é criada e pensada de acordo com os gostos e vontades de cada praticante, que produz um script (roteiro, do inglês) com as características que ele quer ter, que a das pessoas ao seu redor terá, do ambiente, do que irá acontecer e do que não deve.
Nesse scripts, a ambientação também é escolhida e, nas redes, os destinos mais comuns de quem pratica o shifting é o universo de Harry Potter e o da série The Walking Dead. Há relatos de pessoas, por exemplo, que afirmam terem vivido nessas realidades e interagido com os personagens, os quais, nestes contextos, faziam parte do seu círculo social.
Como o shifting funciona?
Existem diversos métodos para transportar a mente para outras realidades nas redes e em quase sua totalidade, envolvem estar deitado e acreditar que irá para essa outra realidade. Contudo, a CAPRICHO não está aqui para incentivar ou desmerecer a prática, por isso não abordaremos métodos.
Boa parte dos praticantes afirma nos comentários dos vídeos de shifting, e nos próprios relatos, que, toda realidade pensada e idealizada existe e está acontecendo, então o processo do shifting seria como acessá-las, somente. Para quem acompanha os últimos filmes da Marvel sobre multiverso, ou assistiu ao vencedor do Oscar Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, a ideia soará familiar.
Entretanto, com sua popularização, também começaram a surgir preocupações acerca do shifting e, em especial, se ele é uma forma de escapismo ou isolamento social. Não é difícil relacioná-lo com essas outras práticas, principalmente ao falarmos sobre a galera mais jovem que cresceu com as telas. Passar mais tempo nas redes, em um jogo ou em qualquer aparelho tecnológico pode ser muito mais legal para uma galera por aí do que socializar com os amigos ou com a família.
Agora, se o shifting está piorando o comportamento da juventude quando pensamos em inserção ainda maior das redes e do universo virtual, fugindo da realidade física, ainda não há dados ou estudos que possam afirmar essa ideia, por mais que, em alguns vídeos no TikTok, a tese seja aceita.
O Matheus Sodré (@sodremat) levantou uma outra preocupação em um vídeo para a mesma rede, pontuando como o público brasileiro no TikTok que comenta sobre seu shifting é majoritariamente feminino e muito jovem, onde as DR’s, ou realidades desejadas, envolvem elas em uma versão muito padrão: magra, branca, bem sucedida e com um relacionamento amoroso ótimo. Ele questiona, a partir disso, como esse formato de realidade desejada perpetua um padrão massacrante e que, no imaginário juvenil, é sinônimo de uma vida perfeita.
@sodremat shifting: uma das comunidades mais curiosas do tiktok #shifting #tecnologia #internet #cultura #genz
Mas, CH, o shifting é verdade ou não?
Importante lembrar que aqui não estamos em posição para julgar a credibilidade do relato de quem conta sobre seu shifting nas redes e, inclusive, acreditamos que eles realmente tenham se sentido nas experiências que dizem ter vivenciado. No canal do Youtube ‘Como A Mente Funciona’, o professor de psicologia Alberto Elias explica que, embora não há evidências de que é possível transpor a mente para outra dimensão, as sensações sentidas pela galera ainda é verdadeira.
Também professor de hipnose, ele acredita que se a pessoa experiencia o shifting com grande expectativa, as chances dela vivenciar essa realidade desejada como uma realidade verdadeira são grandes. “Nós tendemos a interpretar como verdadeiro aquilo que é convertido em padrões cerebrais específicos, nesse sentido, alucinações, delírios, sonhos, realidades virtuais e uma imaginação muito vívida poderiam ser quase indistinguíveis para o cérebro de uma experiência incitada por estímulos externos correspondentes ao mundo real“, explica.
E você, qual sua opinião sobre o shifting?