Pela primeira vez na história, o Brasil inteiro está com os olhos voltados para a Copa do Mundo Feminina. Por aqui, nunca se falou tanto sobre futebol feminino. As partidas estão sendo transmitidas em rede aberta, marcas estão fazendo comerciais com a Seleção Feminina e as redes sociais estão sendo tomadas por comentários durante os jogos. É claro que tudo isso é uma vitória a ser comemorada, mas ainda temos muito o que mudar, como os comentários desnecessários que as pessoas fazem quando estão comentando sobre futebol feminino. Alguns deles, inclusive, são ditos por narradores e profissionais esportivos.
Para explicar melhor por que esse tipo de comentários sobre futebol feminino não devem ser aceitos, a CAPRICHO separou 5 exemplos do que não fazer nessa Copa do Mundo Feminina. Atenção, hein?
1. Falar sobre futebol masculino quando está assistindo uma partida feminina
Se você assistiu a pelo menos uma partida feminina do Brasil nessa Copa do Mundo, deve ter notado que os narradores e comentaristas, de vez em quando, acham um jeito de encaixar uma fala sobre o futebol masculino enquanto o jogo das mulheres está rolando. Aliás, muitas pessoas que veem os jogos também devem fazer isso. A questão é que o futebol feminino já sofreu e ainda sofre tanto com a falta de apoio e mídia que falar sobre os jogadores homens enquanto as mulheres estão em campo é um sinal de grande desrespeito. Fora que, cá entre nós, você escuta os narradores e comentaristas falando sobre a Seleção Feminina enquanto a Masculina está jogando?
2. Ou ficar comparando a Copa do Mundo Feminina com a masculina
É aquele exemplo da pessoa que insiste em ficar dizendo “mas a Copa do Mundo não foi ano passado?” quando vê uma roda de conversa sobre o mundial feminino, mesmo sabendo perfeitamente que existem duas Copas do Mundo. Não dá para ficar comparando ambos torneios quando eles possuem histórias extremamente distintas – vale lembrar, inclusive, que são 61 anos de diferença entre a primeira edição da Copa do Mundo Feminina para a masculina.
3. Associar as jogadoras aos atletas homens que todo mundo conhece
É quase a mesma coisa do primeiro tópico dessa lista. É um desrespeito e uma grande falta de consideração com as mulheres ficar associando as atletas aos jogadores homens, principalmente quando elas alcançam alguma grande conquista. É como se, até quando as mulheres que jogam futebol fazem sucesso de alguma forma, as pessoas dão um jeito de colocar os homens em um lugar que eles não possuem o direito de estar naquele momento. Não, Marta não é o Neymar da Seleção Feminina. Ela é a jogadora eleita seis vezes a melhor do mundo. Cristiane não é o Cristiano Ronaldo da Seleção Feminina, ela é a artilheira olímpica com mais gols pela seleção. Marta é a Marta, Cristiane é a Cristiane e todas as outras jogadoras carregam unicamente o próprio nome. Não dá para confundir, né?
4. Falar sobre a aparência das jogadoras que estão em campo
Esse é, provavelmente, o tipo de comentário mais dito em todas as partidas femininas. Seja para falar que determinada jogadora é bonita ou até que não é tão bonita assim, o fato é que parece que a aparência das atletas sempre acaba entrando em pauta quando elas estão jogando, mesmo que todas elas tenham muito talento e determinação para estar ali – e esse deveria ser o detalhe mais destacado por profissionais esportivos e pelo público. Dá a impressão de que mesmo quando elas finalmente conseguem atenção da mídia e do público para mostrar a profissão que escolheram, o que vira notícia é algo sem importância nenhuma: a aparência. Dê uma boa olhada na manchete e no texto da imagem abaixo e reflita: quantas vezes você já viu esse tipo de notícia sobre os jogadores homens?
5. Objetificar o futebol feminino usando o corpo da mulher
Pode acreditar, a capa abaixo é do jornal francês Charlie Hebdo sobre a Copa do Mundo Feminina de 2019, que acontece justamente na França, um dos países que mais investe no futebol feminino. A caricatura é assinada por Biche Doe e a frase “Vamos comer algumas por um mês!” aparece logo abaixo, na manchete. Jornalistas e pessoas de vários países ficaram horrorizadas com a falta de respeito, o machismo e a objetificação do futebol feminino vindo de um jornal, mesmo um que já tinha um longo histórico de polêmicas. “É a coisa mais asquerosa que vi em meus seis anos de jornalismo. Uma mulher é muito mais que sua vagina”, disse uma usuária na internet. Mulheres diariamente sofrem com a sexualização e objetificação do corpo feminino; e incentivar essa ofensa é um desrespeito ao que as jogadoras, torcedoras, profissionais e todas as mulheres ainda precisam enfrentar.
Se não for ter respeito, é melhor apenas não falar nada.