Giovanna e Amine: O amor entre uma brasileira e um muçulmano
Giovanna é brasileira e católica, Amine é francês e muçulmano, mas o destino já estava traçado para que o caminho dois dois se cruzasse cedo ou tarde.
Tem vezes que a vida nos prega umas peças que imaginávamos que só existissem em comédias românticas. Foi o que aconteceu com Giovanna Ferraz, que não imaginava que largaria a vida de solteira tão cedo, mas que aos 23 anos casou-se com Amine Shaimi, de 28. O casamento aconteceu em outubro de 2016, na França. Como Amine é muçulmano, toda a cerimônia aconteceu na cultura dele, apesar de a noive vestir o tradicional vestido branco na união civil. Na festa, muitas surpresas a aguardavam! “Troquei de vestido cinco vezes, fui carregada, fiz henna na mão. Foi uma experiência incrível, totalmente diferente do que minha família e eu já tínhamos vivido”, conta a brasileira, que afirma ter vivido um conto de fadas e se sentido a Jasmine de Aladdin.
O mais incrível dessa história, porém, é o desenrolar dela. Foi como se o destino já estivesse traçado para que a Giovanna e o Amine se encontrassem em 2013, em uma cidadezinha no interior da Inglaterra, chamada Oxford. A brasileira estava lá fazendo um intercâmbio e o francês, por coincidência (ou não), estava trabalhando na escola em que ela estudava. Ele, cinco anos mais velho, fazia um estágio proporcionado pelo banco em que era funcionário. “Amine trabalhava na recepção no período na manhã e na área financeira à tarde. Então, toda vez eu o via, abria o sorriso e desejava bom dia”, lembra a jornalista.
O único problema – e é claro que teria um, pois o destino gosta de brincar com as pessoas – era que a estudante namorava há quatro anos um garoto que a esperava no Brasil. “Eu sempre tive vontade de viajar e ficar um tempo fora, mas ficava com um pé atrás por causa do meu namoro, que só depois fui perceber que era abusivo e me fazia mal”, confessa Giovanna, que chegou na Inglaterra em abril e terminou o relacionamento em maio. “Eu queria me permitir e me divertir sem ficar pensando em responsabilidades do outro lado do oceano. Eu liguei o botãozinho da indiferença para os homens”, afirma a brasileira, que ainda nem imaginava que já tinha conhecido o homem de sua vida – e não era o ex-namorado.
Alguns meses se passaram e, em agosto, antes de ir para a balada em que o pessoal da escola sempre se encontrava às sextas, Gi passou na Primark, uma famosa rede inglesa de departamento, comprou uma fantasia e foi com as amigas para a festa. “Não tinha um dress code para entrar e a galera ia como queria. O Amine curtiu nossas roupas diferentonas e perguntou se podia tirar uma foto comigo. Eu concordei. No dia seguinte, minha amiga postou o registro no Facebook, ele comentou, nós nos adicionamos e começamos a conversar”, lembra a jornalista, que combinou de dançar com o “francês da recepção” na balada da semana seguinte.
Não é preciso nem dizer que na festa seguinte eles ficaram, certo? O problema (mais um!) era que Giovanna já tinha fechado uma viagem de alguns dias para a Itália. “Foi meio que um teste para mim. Se durante esse tempo ele não falasse comigo, eu ia desencanar. Mas não. Ele me mandava mensagens, dizia que sentia a minha falta e eu comecei a sentir um interesse maior por ele”, admite. Mas quando Gi retornou para Oxford, foi a vez de Amine voltar para a França. O estágio havia chegado ao fim. “Chorei bastante e, não sei explicar, senti que algo diferente tinha acontecido com o meu coração”.
Como é muito fácil e barato viajar pela Europa, em outubro, o casal combinou de passar uma semana em Paris e aproveitar o tempo que ainda tinham juntos, pois Gi voltaria para o Brasil no mês seguinte, em novembro. “Ao me despedir dele, chorei como nunca havia chorado! E ele, também com lágrimas nos olhos, me disse que a última vez que havia chorado foi quando o pai havia falecido. Sentimos ali a intensidade do nosso amor”, conta.
Antes de voltar para o Brasil, porém, Giovanna teve uma surpresa nada agradável. No final de outubro, perto do Halloween, Amine havia se distanciado, deixado de responder suas mensagens, sumido. Preocupada, Gi estranhou ainda mais quando, em uma noite, o francês telefonou para ela – normalmente, rolava um Facetime, pois as chamadas da França para a Inglaterra são bem caras. Eis o desenrolar da ligação:
– Alô! Tudo bem?
– Tudo. Você sumiu…
– Estava ocupado preparando uma coisa.
– O que aconteceu, Amine?
– Lembra quando você me disse que, quando fosse embora para o Brasil, sentiria muita saudade do chocolate Mars que não tem por lá?
– Aham.
– Então, eu te trouxe.
– Quê?
– Olha pela janela.
“Quando vejo, lá está ele, do lado de fora da minha casa, com um saco de Mars na mão. Ele foi até Oxford me fazer uma surpresa!“, relembra Gi. Depois disso, Amine e ela só foram se encontrar novamente em fevereiro do outro ano, em São Paulo, quando o francês veio conhecer a família da brasileira. Em janeiro de 2015, eles se viram novamente, dessa vez, em Orlando, na Flórida. Em julho do mesmo ano, Giovanna foi para Reims, na França, conhecer a família do namorado – menos a mãe, pois na cultura muçulmana, só se conhece os pais do namorado quando se está noiva e de casamento marcado.
No total, foram dois anos e meio namorando à distância, até que, em março de 2016, Giovanna mudou-se de vez para a França. “Quando completamos três anos de namoro, Amine me deu três girassóis, os entrelaçou em uma fita e colocou um anel de noivado entre eles”, recorda a jornalista, que conta como foi finalmente conhecer a sogra: “No fundo, ela queria que o filho se casasse com uma muçulmana por contra das tradições. Foi um susto quando ela descobriu que eu era brasileira, mas quando me conheceu, viu que mesmo diferente em todos os aspectos, o que eu sentia era verdadeiro. Hoje, temos a melhor relação do mundo!”.
Casada há três meses e morando atualmente em Lyon, na França, Giovanna Ferraz conta que quando existe amor, todas as diferenças viram meros detalhes. “Ele é muçulmano, não ingere bebidas alcoólicas nem come carne de porco. Eu sou católica, bebo e como porco. Isso nunca foi um problema pra gente. É muito bom morar junto, somar e dividir. Nossa parceria e companheirismo aumentaram. A gente sorri à toa! Sinto que agora somos ele e eu, nossa família, sem mais despedidas tristes no aeroporto. Amine Shaimi é o homem da minha vida”, finaliza a nossa Jasmine, que antes acreditava que essas histórias de amor e destino eram apenas coisas de filme – ou de um mundo ideal.
+ Leia Mais: Pé na areia, mar, pôr do sol, pelicanos e o casamento dos sonhos do #CasalBoni