Instagram da Leitora: beleza vai além dos padrões no ‘Eu, gorda’
"Você se sentir representada te faz se sentir 'normal', mesmo que outras pessoas tentem provar o contrário", diz Milena Paulina, criadora do projeto.
Mulheres saem às ruas diariamente para lutar por mais respeito e igualdade, mas, infelizmente, muitas meninas ainda sofrem por sentir que não se encaixam nos “padrões de estética”, que nós estamos sempre tentando quebrar. Foi pensando nessa falta de representatividade que a retratista Milena Paulina, de 23 anos, decidiu iniciar o projeto “Eu, gorda”.
“Essa palavra (representatividade) é falada em alguns movimentos, mas a maior parte das pessoas não conhece a real diferença que ela faz na vida de alguém”, afirma. Em ensaios coletivos, cerca de 6 mulheres posam por dia. “Você se sentir representada – de uma forma humana e com muito amor – te faz se sentir ‘normal’, mesmo que outras pessoas tentem provar o contrário“, diz.
https://www.instagram.com/p/BaJjD_DHim0/
Milena conta que teve a ideia de criar o projeto quando viu, pela primeira vez, uma modelo gorda em um ensaio nu. “Eu, que sempre vi a fotografia como a arte mais fiel para contar a história de alguém, não achava pessoas que contassem histórias de mulheres semelhantes a mim“, revela. E quando achava, era uma foto dentro de 500 imagens de mulheres mais magras, como se a mulher gorda fosse uma cota. Ao ver Jacqueline Jordão posar humanizando seu corpo, ela soube: “era aquilo que minha alma precisava”.
https://www.instagram.com/p/BaXJ191nlRW/
Para fazer os ensaios, Milena lança as datas, determina o número de vagas, arranja um local e todas se encontram cedinho no dia marcado, com comidinhas, roupas, maquiagens e acessórios. “Chegando lá, nós fazemos uma roda de conversa que dura algumas horas e, no final, eu fotografo essas mulheres“, explica. Segundo ela, o projeto irá decolar para outras cidades do Brasil no ano que vem.
https://www.instagram.com/p/BaRypKLn0Z1/
Uma das coisas mais bonitas neste projeto é perceber o laço que elas constroem com a fotógrafa e com as outras mulheres presentes no dia. “Nós viramos uma família. Conhecemos e partilhamos sentimentos umas com as outras, que não partilhamos com mais ninguém”, comenta. Milena também conta que se sente muito responsável por aquele momento que, muitas vezes, é decisivo na vida delas. “Eu venero a vida de cada mulher que posa para as minhas lentes. E devo tudo a elas“, diz.
https://www.instagram.com/p/BXok944HhC0/
Depois do ensaio, muitas mulheres voltam para mais. Em um dos coletivos, uma moça nem tinha visto as fotos e já estava querendo marcar a próxima vez. “Esse sentimento de ‘permissão’, de poder estar lá e se sentir viva, se sentir livre, se sentir única, é algo que nós queremos sentir sempre, depois que conhecemos o gosto”, Milena conta. Ela já ouviu mulheres dizerem que a experiência mudou o jeito que elas olham o próprio corpo. ♥
https://www.instagram.com/p/BY9IxvGnZAR/
Todas as mulheres costumam chegar apreensivas nos ensaios depois de tanto ouvirem pessoas dizendo que elas devem se esconder, mas Milena reforça o quanto está orgulhosa por cada uma estar ali. “Eu sempre falo que estou ali pra elas. Falo que, quando eu estou fotografando, não há nada no mundo que eu ame mais do que elas. Que não há nada mais que eu vejo, além delas”, diz. Ela recebe mensagens diárias de mulheres falando o quanto as fotos as inspiram a se amarem mais e a se verem de uma maneira completamente diferente.
https://www.instagram.com/p/BZ1y_HXnzKy/
Com a experiência, ela aprendeu que representatividade salva vidas. “Dá, sim, pra gente correr atrás da representatividade que buscamos e fazer a diferença”, conclui. Esperamos que cada vez mais mulheres se sintam à vontade para posar com toda liberdade do mundo e mostrar que são lindas do jeitinho que são. A iniciativa da Milena exalta beleza pura e merece ser reconhecida cada vez mais ♥
Gostou desse projeto maravilhoso que a Milena faz e quer ver mais? É @olhardepaulina!