Neste ano, a USP (Universidade de São Paulo), uma das instituições de ensino mais concorridas do Brasil, aderiu pela primeira vez ao Enem e ao sistema de cotas. Incrível, mas algumas pessoas já estão se aproveitando disso.
Para você entender melhor, para entrar no sistema de política afirmativa de cotas, por exemplo, basta se autodeclarar negro na inscrição – e não rola uma verificação para ver se a opção que o candidato assinalou é mesmo verídica. Não tinha, pelo menos. Ou seja, vai da integridade de cada um.
A estudante Amanda Cordeiro, contudo, começou uma discussão que promete ir longe. Na corrida para conseguir uma das vagas da política afirmativa, a jovem ficou em quarto lugar e não entrou. Quando foi checar de curiosidade os três primeiros colocados, que tinham entrado pelo sistema de cotas e escolas públicas, viu que nenhum deles se encaixava no perfil.
Indignada por não ter conseguido uma vaga porque outras pessoas mentiram na inscrição, a jovem criou o abaixo-assinado online chamado “Criação de comissão para avaliar o ingresso de cotistas na USP”, que já conta com quase mil assinaturas.
Tatiane Lima, engenheira formada pela Poli e coordenadora do Núcleo de Consciência Negra na USP, revelou em entrevista ao G1 que se privilegiar do sistema dessa maneira é fraude, crime. “Não é brincadeira. Quando a pessoa adere ao programa, ela assina um termo em que se autodeclara negra no ato da matrícula. Esse documento se torna legal e se é uma informação falsa, o aluno pode ser enquadrado no artigo 299 do Código Penal, que trata da falsidade ideológica”, garantiu.
Com a petição, Amanda quer beneficiar futuros candidatos, já que ela mesma se prejudicou devido à falta de integridade de outras pessoas. “Deve ser criado uma comissão de avaliação antes da matrícula desses estudantes para evitar fraudes e a vaga retornar para quem é de direito(…) Apoiar essa causa é importante para a construção de uma universidade mais justa, que respeite a lei e se torne mais igualitária”, escreveu no abaixo-assinado, que será entregue à Reitoria da USP.
Dá pra acreditar?