Após ser alvo de comentários transfóbicos feitos por Nego Di durante uma apresentação de stand-up, Linn da Quebrada usou as redes sociais para se pronunciar sobre o ocorrido.
No Twitter, a cantora disse que o que mais lhe causa revolta é que “tudo isso que ele [Nego Di] está fazendo parece meticulosamente pensado para deslegitimar tudo que temos construído há tanto tempo, para nos distanciar ainda mais da nossa humanidade”, desabafou.
Para Linn, o comediante tem consciência de suas falas: “Ele tem muita noção do que ele está fazendo. Ele sabia e sabe exatamente o que quer exaltar”. Ela também acredita que Nego Di deva ser punido, apesar de não ter revelado mais detalhes sobre um possível processo: “Tem coisas que devem ser responsabilizadas, porque são falas feitas com a intenção de machucar e tirar de mim e de nós algo que estamos balizando agora: nossa humanidade. E isso é inegociável”, garantiu.
Não é a primeira vez que Lina é vítima de transfobia. Nas primeiras 24h dentro do BBB22, por exemplo, a artista começou a ser atacada nas redes sociais, além de vivenciar insistentemente a experiência de ser tratada pelo pronome masculino dentro da casa. Apesar de não ter sido a campeã da edição, ela celebrou sua representativa participação no reality. “Nós [travestis], que tantas vezes somos expulsas de nossas casas, estávamos no lar de tantas famílias. Eu estava. Mas não estava sozinha“, disse.
Para a cantora, toda essa situação envolvendo o Nego Di parece uma “atitude desesperada de tentar coagir manifestações potencialmente perigosas ao grupo que ele pertence”. Linn também aproveitou para relembrar a época em que estudou teatro: “Lemos um livro que se chama O Riso, do Bergson, que nunca esqueci. Lá ele fala do riso como ferramenta de organização e punição social também“.
Sobre como estou me sentindo. pic.twitter.com/WKphgvS1lP
Continua após a publicidade— Linn da Quebrada 🧜🏽♀️ (@linndaquebrada) May 2, 2022
Para finalizar, Linn da Quebrada contou brevemente a história de Exu, um dos orixás fundamentais do Candomblé, traçando um paralelo com sua realidade como mulher e travesti no Brasil: “Exu fugiu, mas ainda assim foi alcançado e cortado em 201 pedaços. Mas o último se regenerou e continuou a fugir. E assim tantas outras vezes pelos nove espaços do Orun. Em todas as vezes em que foi dividido, Exu se regenerou. Não havia mais para onde fugir”, escreveu.