Você já deve ter visto, pelo menos, uma imitação dela no TikTok. A atuação na frente de uma televisão reproduzindo as falas e trejeitos de uma cena, de maneira muito fiel, virou marca registrada da artista e influenciadora Luiza Góes, 25 anos. A jovem, nascida e criada em Florianópolis, estorou nas redes sociais em 2022, na época de Big Brother Brasil, com vídeos cômicos dublando memes do programa. O humor e as imitações continuaram compondo grande parte do seu trabalho na internet, que deslanchou desde então. Só que ela encontrou ali também um espaço para compartilhar e refletir seu processo de autoconhecimento com seus seguidores.
Formada em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina, Luiza começou gravando conteúdo para o YouTube ainda criança, em 2010. “Meu pai sempre gostou muito de registrar os momentos, desde a época da fita VHS, acabei pegando isso dele. Saiu daí minha inspiração para a publicar no meu canal vlogs e outros vídeos que eu fazia com a minha prima e família”, conta.
Na pandemia da covid, quando foi privada de atuar e frequentar a escola de samba, duas de suas grandes paixões, passou a postar mais covers, recorrendo à música, que ela também tanto ama. Já as dublagens foram uma maneira de deixar aquele momento mais leve. Luiza, que é “viciada” em memes, no entanto, não imaginava que o conteúdo poderia ter tanta repercussão como teve.
Ela já estava acostumada em decorar textos por conta do teatro, então sabia como ensaiar as falas dos vídeos a serem dublados. Mas, para se diferenciar, dedicou-se em pegar cada movimentação, olhar e intenção dos personagens, sem contar a caracterização, que faz muita diferença. “Sou muito perfeccionista, preciso estar ligada em tudo que está acontecendo no vídeo, desde uma piscada, levantada de sobrancelha ou uma boca que está mais para o lado”, conta à CAPRICHO. Por isso, Luiza grava, assiste depois, observando os detalhes, e regrava quantas vezes for necessário.
“Seja real e emocionada”
Mas esse seu lado exigente, quando trata de observar a si mesmo, resulta em uma cobrança constante e uma visão negativa, na maioria das vezes. Para lidar com a autoestima e todas as questões internas, Luiza faz terapia há três anos. “Muito dos assuntos que eu converso com a minha terapeuta, eu levo para vídeos no meu perfil, para discutir saúde mental e autoconhecimento”, diz. Para a influenciadora, isso também é se mostrar real, principalmente nessa onda de filtros e tecnologias que nos impedem de “ver as pessoa do jeito que elas são”. “Essa realidade filtrada me assusta muito. Eu sou contra e não consumo quem só se mostra através de filtros”, diz.
Os vídeos de dublagem, inclusive, são o oposto disso. Por meio dos personagens, Luiza usa perucas, maquiagens, diferentes estilos, mas ela desapega da ideia de precisar estar “bonita” para a sociedade. “Às vezes, eu apareço produzida, mas tem personagem que são mais engraçados e a caracterização me deixa “estranha”. Mas aprendi a não me privar do que eu gosto de fazer por conta da minha autoestima, principalmente em relação à estética”, diz.
Outro grande ensinamento que Luiza tenta compartilhar com o maior número de pessoas é não ter receio de se mostrar vulnerável, porque esse é justamente o caminho para criar conexões verdadeiras, como escreveu Brené Brown, em “A Coragem de ser imperfeito”*.
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