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Mas, afinal, o que é feminismo?

Tem tanta gente falando sobre o assunto... Mas será que todo mundo que fala sabe realmente o que significa essa palavrinha de nove letras?

Por Isabella Otto Atualizado em 23 out 2020, 10h50 - Publicado em 30 nov 2015, 14h40

Quando eu era criança, pedi de Natal para a minha mãe um postinho de gasolina. Ganhei uma cozinha de brinquedo. No ano seguinte, tentei de novo. Ganhei uma Barbie. Descobri, a contragosto, que existia brinquedo de menino e de menina. Foi de um jeito inocente que percebi a desigualdade entre os sexos. Não fui a única. Ao conversar com Cynthia Semíramis, feminista e doutoranda em direito na Universidade Federal de Minas Gerais, descobri que muitas garotas sentiram a mesma coisa. Ela também se incomodava quando diziam que determinada coisa não era “de menina”. “Meu incômodo era uma questão básica para o feminismo”, contou.

Ao ver Beyoncé levantando a bandeira no VMA 2014 e Demi Lovato falando tanto do #girlpower, entendi que, hoje, essa é uma questão que cabe a toda garota discutir. E por isso decidi postar essa matéria: todas nós precisamos saber do que estamos falando! Aqui, um guia básico para quem quer se iniciar no tema:

Afinal, o que é feminismo?

É um movimento político que luta pelo fim da dominação de um gênero sobre outro, questiona o papel da mulher na sociedade e procura promover a igualdade entre os sexos. Sabe a Malala Yousafzai? Desde os 15 anos ela luta para que as garotas paquistanesas possam simplesmente ir à escola. O feminismo, muitas vezes, pode parecer ser mais necessário em países do Oriente, mas no Ocidente a luta também é essencial. É só lembrar que, no Brasil, 1,7 milhão de meninas e mulheres entre 15 e 29 anos não completaram o ensino médio – número que representa o dobro do de meninos e homens que conseguiram se formar.

Feminismo e girl power são a mesma coisa?

Hmm, não. Falar em girl power está um passo atrás do feminismo. “É como se as mulheres fossem tão frágeis que precisassem conquistar poder”, me explicou a Cynthia. Mas o feminismo vai além de ser uma garota poderosa. Trata-se de engajar-se para conquistar direitos e modificar políticas públicas.

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Garotas vaidosas não podem ser feministas

Quem disse? “Feminismo não tem nada a ver com deixar de usar batom, salto ou rímel”, explicou a feminista e escritora Clara Averbuck, em um texto que foi publicado na revista Carta Capital . Aliás, usar a maquiagem e a roupa que tem vontade também são conquistas femininas. Sabia que minha avó passava o batom escondido para sair e tirava antes de voltar para casa?

“Toda feminista é revoltada”

Leio essa frase a toda hora na minha timeline, dita tanto por homens quanto por mulheres. “Tudo tem se tornado ‘ame ou odeie’. Ou é homem ou é mulher. Ou é de direita ou é de esquerda. Ou é gay ou é heterossexual. Só que a realidade não é assim”, esclarece a professora Cynthia. Isso quer dizer que cada mulher pode e deve lutar pelo feminismo de um jeito diferente.

Machismo não é o contrário de feminismo
Machismo é um sistema de dominação e feminismo é a luta por direitos iguais“, disse a Clara Averbuck. Ficou fácil entender a diferença, né?

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Nem toda feminista é ativista

São coisas diferentes! Você não será menos feminista se deixar de ir à Marcha das Vadias (protestos em que mulheres nuas saem às ruas para lutar conta o senso comum de que as vítimas de estupro merecem ser estupradas. Se lembram da hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada?), mas se expressar sobre o movimento nas redes sociais já é, sim, uma forma de ativismo.

Homens e mulheres podem viver juntos

Aqui em São Paulo, onde moro, falou-se em criar um tal Vagão Rosa, para ser usado só por mulheres no metrô. Algumas feministas apoiaram a iniciativa, enquanto outras protestaram. “Presumir que os homens são sempre agressores e reforçar o papel de vítima não ajuda“, avaliou a Cynthia. No fim, o governador Geraldo Alckmin vetou a ideia.

Para se informar mais sobre o assunto, você pode acompanhar os blogs de Clara Averbuck e de Cynthia Semíramis . Ambas foram fontes desta matéria, cujo intuito é tentar esclarecer as questões principais do feminismo e fazer com que essa palavra seja usada de forma consciente.

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