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Menstruação: guia completo de como funciona o ciclo menstrual

Com este manual online, dividido em sete capítulos, você ficará expert em saúde menstrual!

Por Isabella Otto 28 Maio 2022, 10h01
Menstruação: Guia completo de como funciona o ciclo menstrual
Juliana Dias/CAPRICHO

Tire suas dúvidas sobre o assunto, desde o que é a menstruação e quais são as fases do ciclo menstrual, até como parar de menstruar

1. O que é menstruação?

Quando o ciclo menstrual da mulher é regular, todo mês a partir da menarca (primeira menstruação), ela ovula. Quando o óvulo não é fecundado, a mulher menstrua para limpar o útero e prepará-lo para uma possível gestação no mês seguinte. Nessa ação fisiológica, o endométrio, uma membrana uterina interna, se desprende e sai pela vagina. Logo, a menstruação nada mais é que a liberação de sangue e tecido uterino nesse processo natural de limpeza, que faz parte do ciclo reprodutivo da mulher, que tem três fases: a fase pré-ovulatória, a ovulatória e a fase pós-ovulatória. “A menstruação representa os anos férteis da vida da mulher, que se iniciam na adolescência e duram até a menopausa”, esclarece a ginecologista, obstetra e especialista em saúde sexual Erica Mantelli.

2. A partir de qual idade se menstrua?

A primeira menstruação, conhecida como menarca, ocorre quando a menina chega ao período fértil, que alcança seu ápice por volta dos 20 anos e entra em declínio a partir dos 30. É como se o corpo estivesse dizendo: “Epa! Já estou pronto para engravidar” – mesmo que psicologicamente a garota não esteja.

Normalmente, a menarca ocorre entre os 10 e os 14 anos, e o corpo começa a dar alguns sinais que ficam mais intensos com a proximidade dela, como o aumento das mamas e dos pelos pubianos e nas axilas.

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Mais que uma questão biológica, especialistas alertam sobre as questões psicológicas que vêm com a menstruação. No artigo científico Significado da Menarca Segundo Adolescentes, essa carga simbólica é abordada: “O acontecimento da menarca, como um ritual de passagem, é vivenciado pela adolescente durante o período de seu desenvolvimento, considerado de extrema relevância. Por meio da menarca, a menina descobre seu papel social, adquirindo subsídios como valores, atitudes, crenças, princípios e vontades que serão organizados e assumidos por ela, servindo de base para a para a consolidação de seu processo natural de desenvolvimento psíquico”.

3. Como se forma o ciclo menstrual?

Beatrice Nuto Nóbrega, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, explica que o ciclo menstrual é dividido em fase folicular (antes da ovulação) e fase lútea (depois da ovulação). “Esta segunda, em geral, é fixa em 14 dias. Então, o dia da ovulação pode variar. Por exemplo: em um ciclo de 25 dias, a ovulação normalmente ocorre no 11º dia do ciclo. Agora, em um ciclo de 28 dias, ela ocorre no 14º”, aponta a especialista, que faz parte da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro.

Ilustração mostrando todas as fases de um ciclo menstrual
Exemplo de como funciona um ciclo de 28 dias; para descobrir de quantos dias é seu, calcule quantos dias tem entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte Juliana Dias/CAPRICHO

Durante as fases folicular e lútea, acontecem aquelas três etapas do ciclo reprodutivo da mulher, que citamos anteriormente. Na fase pré-ovulatória, o útero se prepara para receber o óvulo que está se desenvolvendo nos ovários, duas glândulas do sistema reprodutor feminino que produzem hormônios, além de produzir e armazenar os ovócitos (fase inicial dos óvulos).

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Na ovulação, um dos ovários libera o óvulo pronto para ser coletado pela trompa, onde será ou não fertilizado. Isso geralmente acontece entre o 13º e o 15º dia antes da menstruação. “É quando estamos mais propensas a engravidar. Mas os espermatozoides podem durar alguns dias dentro do trato genital feminino. Por isso, dizemos que o período fértil compreende os cinco dias antes da ovulação, inclusive o próprio dia da ovulação”, reforça a Dra. Beatrice.

Quando o óvulo liberado não é fecundado por um espermatozoide, ocorre a fase pós-ovulatória, que é quando esse óvulo morre após cerca de 12h de vida útil. Daí vem a menstruação para limpar o útero, enquanto um novo ovócito é preparado, e todo o ciclo se repete.

4. Quais são os sintomas de TPM? Ela existe mesmo?

Apesar de algumas mulheres não sentirem os sintomas da tensão pré-menstrual, e de ela ser usada muitas vezes para reproduzir machismos, a TPM é biologicamente comprovada. Isso porque o corpo enfrenta alterações hormonais no período que antecede a menstruação. “Ela é considerada uma doença com mais de 200 sintomas e pode ocorrer em mais de 50% das mulheres”, explica a Dra. Erica Mantelli.

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Essas alterações causam alguns sintomas, sendo os mais comuns inchaço e dor nos seios, cansaço, irritabilidade, dor de cabeça, constipação e as temidas cólicas. Na maioria dos casos, a mulher consegue enfrentar esses dias aliviando tais sintomas com medicamentos e até alimentos, como chocolate, que realmente funciona, principalmente os mais amargos. Outras, contudo, acabam precisando de ajuda médica, principalmente para aliviar as cólicas. Nesses casos mais intensos, é importante que a mulher agende uma consulta com seu ginecologista e faça exames para entender se essas manifestações são ou não consequências de doenças como a endometriose. Vale aqui lembrar que é indicado que a garota visite o ginecologista depois da sua primeira menstruação, não somente quando perder a virgindade.

5. O que é corrimento e quais são os principais tipos?

O que as mulheres entendem como corrimentos são, na maioria das vezes, secreções naturais do corpo que mantém a vagina limpa, lubrificada e protegida de infecções. “Se a secreção é clara, sem odor, livre de coceira e sem alterações na pele da vulva, como assaduras, fissuras ou até mesmo úlceras, não tem com o que se preocupar”, tranquiliza a ginecologista Liliane Herter.

Quando a mulher ovula e está no período fértil, é normal que saia pela vagina uma secreção elástica, com consistência de clara de ovo. É ela que facilita a locomoção dos espermatozoides dentro do corpo feminino. Mulheres que tomam pílula anticoncepcional não produzem tal secreção. Já no período não-fértil, a secreção que pode sair não é tão transparente. Ela tende a ser mais esbranquiçada, com consistência de coalhada. Se não tiver cheiro forte, vida que segue.

 

Agora, existem outros tipos de corrimento que não são naturais e costumam sinalizar que algo está errado. “Todo corrimento que não for claro e apresentar cheiro forte associado a sintomas como dor, coceira, ardência e sangramento, inclusive após as relações sexuais, deve ser avaliado, pois pode indicar infecções por fungos ou bactérias. Ou, ainda, secreções decorrentes de processos alérgicos”, explica a Dra. Liliane.

E existem corrimentos de todo tipo e cor, sabia? Os mais amarelados ou esverdeados costumam indicar infecções como a tricomoníase. Os mais acinzentados, uma vaginose. Os esbranquiçados que vêm acompanhados de cheiro forte e coceira podem sinalizar uma candidíase. Em todo caso, uma visita ao ginecologista é indispensável, pois só o médico pode dar o diagnóstico correto baseado em exames e indicar o tratamento mais adequado.

6. Afinal, a cor da menstruação afeta algo na saúde?

A menstruação pode variar bastante entre as mulheres e até na mesma mulher, entre cada ciclo, como explica a ginecologista Beatrice Nuto Nóbrega. Em um mês desce menos e sem dor, no outro desce bastante e dá cólica. Tem até meses em que, junto com o sangue, sai uns pedaços de pele, já reparou? Na verdade, são partes do endométrio descamado. Normal. Só está rolando uma baita limpeza! “Contudo, se a menstruação está descendo em grande quantidade, com grandes coágulos e dor forte, é necessário uma investigação médica”, alerta a especialista.

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Quando sai em maior quantidade, a cor da menstruação tende a ser mais vermelha. Até porque você precisa trocar a calcinha menstrual ou o absorvente com mais frequência, dando menos tempo para o sangue oxidar. A seguir, você encontra os tipos mais comuns de coloração:

7. Como fazer a menstruação descer?

Crenças populares garantem que determinados alimentos fazem a menstruação descer, como chás de hibisco e canela. Muitas mulheres, na hora do desespero, acabam consumindo essas bebidas em grandes quantidades, o que é prejudicial para o organismo. A Dra. Beatrice afirma que não existe nenhuma comprovação científica de que esses alimentados ~receitados pelo Google~ realmente funcionam ou se é mais um lance psicológico.

O que existem são algumas condições do organismo que interferem no ciclo menstrual. Muitas garotas, principalmente no início da vida sexual ativa, podem achar que estão grávidas mesmo tendo tomado todos os cuidados necessários [use preservativo sempre, ok?]. O nervosismo afeta diretamente nossa produção de hormônios que impacta na menstruação, que pode atrasar simplesmente por causa de toda a tensão acumulada, não por causa de uma gravidez. Ou seja, a ansiedade não é nem de longe a melhor amiga de um ciclo regular. “Pacientes muito abaixo ou muito acima do peso também têm maior chance de ter distúrbios de ovulação e até dificuldade para engravidar”, complementa a ginecologista Beatrice Nóbrega.

8. Como parar a menstruação?

Naturalmente, a mulher só para de menstruar quando chega à menopausa, que sinaliza o fim da fase reprodutiva dela. Mas há maneiras de bloquear a menstruação temporariamente, fazendo uso de algum anticoncepcional oral, de DIU ou de implantes hormonais subcutâneos.

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Os especialistas explicam que atletas tendem a recorrer a um desses métodos por causa da profissão, como nadadoras, por exemplo. Entretanto, o bloqueio da menstruação é mais aconselhável para tratar alguma doença, como a endometriose, ou quando a TPM é tão intensa que atrapalha a qualidade de vida da garota. Apesar disso, é de conhecimento de todos que muitas mulheres decidem parar de menstruar por uma questão de comodidade.

Essa interrupção não é imediata e pode não funcionar, mas não é o comum. Começar a tomar pílula anticoncepcional de maneira autodidata, porque uma amiga recomendou a que ela está tomando, é perigosíssimo. Isso porque você pode ter tendência a ter trombose, não saber disso, porque não realizou nenhum exame nem está tendo acompanhamento médico, e descobrir só quando a condição se manifestar e causar danos graves, como um acidente vascular cerebral. Métodos anticoncepcionais devem ser sempre indicados por um especialista e ter acompanhamento médico.

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