Apesar de ser uma tradição no país, a mutilação genital feminina é um tema que está em discussão há algum tempo na Nigéria. De acordo com um levantamento feito por entidades de defesa dos direitos humanos, esta prática violenta atinge 25% das mulheres nigerianas entre 15 e 49 anos. Além disso, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em um documento divulgado em 2014, a mutilação feminina gera infertilidade, perda do prazer sexual e ainda oferece grandes riscos de morte por infecção.
Mas, graças à uma nova lei federal decretada pelo presidente Goodluck Jonathan, este tipo de violência não será mais permitida no país. Além de criminalizar a mutilação genital, a lei também prevê punição aos homens que abandonarem suas mulheres e filhos. A decisão histórica foi a última medida de seu governo, já que Goodluck foi derrotado nas últimas eleições por Muhammadu Buhari.
Ao The Guardian, a diretora do núcleo de Gênero, Violência e Direitos do Centro de Pesquisas da Mulher, Stella Mukasa, declarou que a luta ainda não terminou. “É crucial que continuemos com os esforços de mudanças de visões culturais que permitem a violência contra a mulher. Só assim esta prática agressiva terá um fim”, disse.
Em 2016, a criminalização já estava em pauta, mas, apesar de todas as medidas contra a ultrapassada tradição, pouco havia sido efetivamente feito. Estima-se que mais de 200 milhões de mulheres já tenham sido submetidas à mutilação genital feminina no mundo, segundo dados da ONG 28 Too Many.
A mudança é, definitivamente, motivo para comemoração, mas esperamos que a luta das nigerianas, que ainda é longa e turbulenta, continue.
Liberdades às mulheres!