- Já deu pra perceber que todo texto da coluna vem acompanhado de uma música, né? Para esta leitura, indico Amanhã, de Guilherme Arantes.
Nunca tive partidos ou políticos preferidos, mas um nome sempre me chamou a atenção, desde a minha primeira eleição: Marina Silva. Aqui em casa todo mundo sabe que, se tenho a oportunidade de votar na Marina, vou votar, porque, em primeiro lugar, acredito em suas propostas de governo e confio em todo o trabalho já feito por ela; em segundo, por sua história de vida. Marina não é só uma mulher na política – o que já é um feito e tanto! Ela é uma mulher amazônida, que foi alfabetizada aos 16 anos de idade e, regida pelo coração e pela sua conexão com a floresta, seguiu seu sonho de trabalhar em prol de um mundo melhor. Não preciso nem dizer que foi uma honra sem tamanho entrevistá-la na última quarta-feira (12), durante evento realizado pela Girl Up Brasil com o apoio da CAPRICHO, em São Paulo.
A Deputada Federal compareceu ao #SuperMeninas22 para particpar de um painel sobre clima e meio ambiente. Uns minutinhos antes de subir ao palco, ela conversou com a “Ecos da Terra” sobre o importante papel da juventude no debate climático. “Como há uma pressão muito grande sobre os recursos naturais, criando situações de completa desarmonia, isso é uma grande ameaça para o futuro da vida na terra, e ninguém melhor do que os jovens para sentir esse risco. É por isso que eles estão se mobilizando, porque eles estão ligados à pulsão de vida, e, neste momento, é quase que orgânico sentir que tem uma pulsão de morte em atividade“, disse.
Nos últimos anos, com a falta de políticas públicas destinadas à pasta do Meio Ambiente, o cenário de destruição se agravou. Além do descaso, o negacionismo também precisa ser combatido, assim como a ideia de que o conservadorismo é incalcançável. “Tem uma bancada ruralista, reacionária e conservadora que o tempo todo tenta bombardear a opinião pública dizendo que meio ambiente e desenvolvimento estão separados, e não estão. Temos que juntar economia com ecologia, ética com política”, explica a deputada, que garante que ainda há solução, mas apenas se a conversa sair do campo das ideias. E, justamente por isso, a ação dos jovens é tão potente! “A juventude está na ponta desse debate, porque ela não está fazendo um debate puramente teórico. Ela busca e exige iniciativas práticas e, neste momento, como temos desmatamento alto, ameaça à legislação, uma situação de violência, principalmente no caso da Amazônia, esse contato com a juventude se dá muito pela capacidade que tivemos de de dar respostas concretas. Conversar sobre isso e agir para que medidas sejam tomadas é fundamental“, afirma.
A urgência se dá porque estamos cada vez mais próximos daquilo que os cientistas chamam de ponto de não retorno. Isto é, quando a humanidade começar a usar mais recursos naturais limitados da Terra do que ela é capaz de fornecer, atingindo um nível insustentável de cooperação e fazendo com que as consequências das mudanças climáticas se tornem irreversíveis. Sendo a natureza o espaço comum de existência coletiva, a luta ambiental é uma questão humana – e também política, é evidente, mas não paridária, como algumas pessoas insistem em defender. “Meio ambiente não é tema de esquerda ou direita. Meio ambiente é tema de ser humano”, declara a congressista, que acredita que todos vamos ter que ser sustentabilistas muito em breve, quer queiramos ou não.
Para Marina Silva, é tempo de trabalhar ação e emoção em conjunto. “Se a gente destruir a floresta [Amazônica], a gente vai prejudicar o regime de chuvas, vai desequilibrar o planeta, prejudicar nosso desenvolvimento e nossa qualidade de vida, e hoje nós estamos no tempo de nos mobilizar pelas duas coisas, juntar razão e coração, porque essas duas coisas é que vão ajudar a fazer a diferença nessa crise civilizatória, econômica, social, ambiental, política e de valores que estamos vivendo“, aposta a Deputada Federal, que é também professora, historiadora e amazônida: “A vivência com a Floresta, o contato quase que orgnanico com a natureza, me fazia achar a floresta linda, acolhedora, misteriosa, divertida, e em alguns casos assustadora. Mas altamente fundamental para a minha sobrevivendo e da minha familia”.
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Nos poucos minutos de aula que tive com a ativista ambiental, e que compartilho aqui com vocês, tive as esperanças renovadas. Apesar da bancada pró-meio ambiente na Câmara ter encolhido 20% nas Eleições 2022, temos no Congresso nomes comprometidos com a humanidade, pois não existe futuro se o foco do hoje – e do sempre – não for a natureza e, consequentemente, a justiça social. “Sempre repito uma frase do psicanalista Erich Fromm, que diz que o amor por uma pessoa que não é acompanhado de um profundo amor pela humanidade, pode ser chamado de tudo, menos de amor. Eu completo dizendo que o amor pela humanidade que não é acompanhado de um profundo respetito pela natureza também não pode ser chamado de amor“, finaliza a entrevista, mas não sua jornada política.
De volta ao Congresso, Marina Silva se propõe nos próximos quatro anos resgatar a agenda socioambiental brasileira perdida. Dentre as principais propostas, estão:
- retomar e atualizar o Plano Amazônia Sustentável;
- retomar e atualizar os planos de prevenção e controle do desmatamento da Amazônia (PPCDAm) e do Cerrado (PPCerrado);
- recompor e ampliar os quadros técnicos e os orçamentos do MMA, IBAMA, ICMBio e SFB;
- implementar o mercado de carbono no Brasil;
- concluir a implementação do Cadastro Ambiental Rural até 2025;
- garantir até 2025 a oferta de internet rápida e energia renovável para agricultores familiares, indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades isoladas em todo o território nacional.
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