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Nós Mulheres: conheça o projeto que arrecada absorventes para detentas

"Elas acabam recorrendo a miolo de pão, pedaços de tecido, jornal ou ficam com o mesmo absorvente por dias".

Por Gabriela Junqueira Atualizado em 23 fev 2020, 10h00 - Publicado em 23 fev 2020, 10h00

Em 2018, a advogada criminalista Juliana Garcia, na época, ainda estudante de Direito, conheceu a realidade dos presídios femininos brasileiros. Ao perceber que muitas mulheres não tinham acesso a produtos de higiene básica, resolveu tomar uma atitude. Assim surgiu o Nós Mulheres, iniciativa que arrecada anualmente absorventes para mulheres que estão presas. Neste ano, a arrecadação será realizada entre 12 de fevereiro a 23 de março.

Suphansa Subruayying/Getty Images

“Os produtos de higiene repassados para as mulheres são extremamente escassos e precários. Então, elas acabam recorrendo a miolo de pão, pedaços de tecido, jornal ou ficam com o mesmo absorvente por dias“,  conta a advogada sobre a situação das penitenciárias.

Em 2019, uma das integrantes do projeto foi assistir ao programa Altas Horas no auditório e, quando fez uma pergunta para a atriz Camila Pitanga,  comentou sobre o Nós Mulheres. Depois disso, aconteceu uma verdadeira reviravolta!

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Finalmente chegou março, e o Nós Mulheres está de volta!! Contamos com vocês para arrecadar absorventes para mulheres encarceradas, do Estado de SP. Pontos de coleta nos destaques (stories). Vamos junt@s? 💪🏽

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“A campanha tomou proporção nacional e acabamos abrindo uma vaquinha online para que as pessoas de fora de São Paulo também pudessem ajudar, indo além dos pontos de coleta nas cidades paulistas. Em 2019, conseguimos arrecadar mais de 60 mil unidades de absorventes, ajudando 6 presídios femininos do Estado”, relata Juliana. O número foi cinco vezes maior do que o do ano anterior!

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O time do Nós Mulheres está pronto pra voltar!! VAI TER ABSORVENTE PRA MULHER PRESA, SIM!! Quem vem junto? 💪🏽

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Segundo Garcia, a maior dificuldade encontrada desde o início do projeto foi o acesso às penitenciárias por causa da rigorosa burocracia em relação a entrada de objetos e pessoas sem autorização. Atualmente, a distribuição dos produtos de higiene e absorventes é feita pela Pastoral Carcerária, uma instituição religiosa que pode acessar as prisões em razão do direito fundamental à assistência religiosa de todo e qualquer preso.

“Ao invés de ajudar mulheres presas, vocês deveriam ajudar mulheres de rua”. Esse é o comentário mais comum que as organizadoras do projeto escutam. Mas o time não se abala: “todas nós seguimos o pressuposto de que, se cada um fizer a sua parte, o mundo será um lugar muito melhor de se habitar”, diz Juliana.

 

“A Constituição Federal garante, no art. 5º, inciso XLIX, a todo e qualquer cidadão-preso o direito à integridade física e moral. Além disso, a dignidade da pessoa humana (sem distinção entre pessoas presas e em liberdade) é um dos princípios basilares da própria Constituição Federal. No entanto e, infelizmente, são previsões constantemente violadas pelo próprio Estado e amparadas por grande parte da população” explica a advogada criminalista.

Além do absorvente, outros produtos de higiene básica não chegam até as detentas. O papel higiênico é um deles. As mulheres precisam usar mais papel higiênico do que os homens, entretanto isso não é levado em conta. Itens como sabonete, pasta de dente, escova de dente, shampoo e condicionador também faltam.

A meta da vaquinha online do Nós Mulheres para 2020 é de R$ 1.100. É possível ajudar doando uma quantia pelo site vakinha.com ou doando absorventes em um dos pontos físicos de arrecadação em São Paulo.

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