Segundo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, pessoas negras, em especial jovens mulheres, continuam sendo as que mais são mortas no Brasil, especialmente em ações policiais – muitas delas, inocentes como a menina Ágatha Vitória, de 8 anos, baleada em 2019 no Complexo do Alemão, enquanto voltava para casa com sua mãe. Este é apenas um dos muitos dados que escancaram a desigualdade racial no país e o genocídio do povo negro, que representa mais da metade população: 56,1% dos brasileiros se identificam como negros, pretos ou pardos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE. Uma maioria tratada como minoria cujos direitos são negados.
Dados do Estudo Desigualdade Racial por Cor ou Raça no Brasil, realizado em 2018 pelo IBGE, apontam que o rendimento médio domiciliar per capita de pretos e pardos no Brasil era de R$ 934, enquanto o de brancos era quase o dobro, chegando a R$ 1.846. Em relação ao mercado de trabalho, a maior diferença de rendimento é entre homens brancos e mulheres negras. Elas recebem menos da metade do que os homens brancos. Além disso, menos de 30% dos cargos gerenciais são ocupados por pretos ou pardos, enquanto 68,8% são ocupados por brancos.
Analisemos agora os indicadores relacionados ao acesso ao saneamento básico. 44% das pessoas pretas ou pardas não possuem nenhum serviço do tipo no Brasil. Com relação às pessoas brancas, esse número cai para 26,7%. A desigualdade também está presente no âmbito educacional. Estudos revelam que a taxa de conclusão do ensino médio de alunos pretos ou pardos é de 61%, enquanto a taxa da população branca atinge 76%. Em 2015, a Pesquisa Nacional da Saúde Escolar, realizado pelo IBGE, com alunos do 9º ano, mostrou também que mais estudantes pretos ou pardos são expostos a situações de violência durante o ano escolar que estudantes brancos. Eles também correm mais riscos no trajeto até o colégio. Levando em escolas públicas e privadas, calcula-se que 53,9% de estudantes negros estudam em áreas de risco em termos de violência contra 45,7% de alunos brancos.
O mesmo levantamento aponta que, entre todos os grupos etários, a taxa de homicídios da população preta ou parda supera a da população branca. Entre jovens, o número é ainda mais discrepante. Em 2017, a taxa de homicídios por 100 mil brasileiros foi de 98 mortes de negros contra 34 de brancos. O número sobe para 185 quando se trata de homens negros jovens.
Quando o assunto é violência doméstica, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2019, 29,8% das vítimas de feminicídio têm entre 30 e 39 anos, 70,7% têm apenas o ensino fundamental completo e 61% são negras. É importante também saber que pretos têm 62% mais chance de morrer por COVID-19 em São Paulo, por exemplo, epicentro do coronavírus no Brasil, segundo levantamento do Observatório Covid-19 e da Prefeitura de São Paulo.
Esses são alguns dos números que mostram o que é ser negro no Brasil. Se você é branco, reconheça seus privilégios e faça o básico: escute, leia, procure aprender e nunca se silencie diante do racismo.