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Peng Shuai: imprensa chinesa divulga e-mail duvidoso atribuído à tenista

No suposto texto, a atleta diz que está descansando em casa e que as acusações de abuso por ela anteriormente feitas são falsas

Por Isabella Otto 18 nov 2021, 10h30

Nesta semana, a imprensa mundial teve acesso à informação de que a tenista Peng Shuai, de 35 anos, havia desaparecido misteriosamente logo após denunciar um caso de abuso sexual, que teria sido cometido por um influente membro do Partido Comunista da China, Zhang Gaoli, de 75 anos. As postagens que a atleta havia feito no Weibo, uma espécie de Twitter permitido pelo governo chinês, também sumiram como em um passe de mágica e não há mais nenhuma menção ao caso na plataforma, o que levanta as suspeitas de que palavras relacionadas a ele foram bloqueadas, em uma espécie de censura.

Foto da tenista chinesa Peng Shuai. Ela está na quadra, veste um conjunto de blusa e short salmão, segura a raquete com a mão esquerda e acena para a câmera com a direita. Ela está sorrindo.
XIN LI/Getty Images

Nesta quarta-feira, 18, pela manhã, foi relatado internacionalmente que um veículo estatal de comunicação da China havia divulgado um e-mail que teria sido escrito por Peng, mas a autoria do mesmo foi questionada por muitos. A suposta mensagem diz assim: “As notícias divulgadas no site da WTA não foram confirmadas ou verificadas por mim, sendo divulgadas sem meu consentimento. As alegações de abuso sexual são falsas e não estou desaparecida, nem em perigo. Estava descansando em casa e está tudo bem. Muito obrigado por se preocuparem comigo”.

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Além de ter um tom bastante informal, alguns próprios familiares e amigos da esportista estavam preocupados com o seu desaparecimento. Além disso, algumas pessoas perceberam a presença de um cursor de texto no print veiculado pelo canal CGTN. Teria alguém escrito a mensagem em nome de Shuai? É o que Steve Simon, presidente da Associação de Tênis Feminino, desconfia: “A declaração divulgada pela mídia estatal chinesa apenas levanta minhas preocupações quanto à sua segurança e paradeiro. Tenho dificuldade em acreditar que ela realmente escreveu o e-mail que recebemos”, disse.

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É importante ressaltar que a China tem uma “longa história de detenção arbitrária de pessoas envolvidas em casos polêmicos”, como explica William Nee, ativista chinês defensor dos direitos humanos. Uma vez que redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter e WhatsApp não são permitidas na parte ocidental do país, fica ainda mais difícil saber se o e-mail divulgado é verdadeiro ou falso – e fica ainda mais fácil encobrir um caso de desaparecimento, mesmo que de uma pessoa famosa, como Peng, um dos principais nomes chineses da história do tênis.

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