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1 em cada 3 jovens paulistanos presenciou violência doméstica em 2021

Maioria diz ter percebido aumento da violência contra a mulher em São Paulo, afirma pesquisa da Rede Nossa São Paulo

Por Isabella Otto Atualizado em 3 mar 2022, 20h13 - Publicado em 3 mar 2022, 18h02

Só em 2021, 1 em cada 3 jovens paulistanos já presenciou ou soube de uma amiga ou conhecida que sofreu violência doméstica e familiar. Este dado foi revelado pela pesquisa “Viver em São Paulo – Mulheres”, lançada nesta quarta-feira (3), pela Rede Nossa São Paulo e Ipec (Inteligência, Pesquisa e Consultoria), antigo Ibope.

O dado alarmante mostra que, entre jovens de 16 a 24 anos, 33% já presenciou situações de violência doméstica e familiar ou soube que uma amiga ou conhecida foi agredida nesse contexto. O recorte do estudo mostra este índice sobre a percepção maior entre a população que tem ensino médio completo (36%) e pelo grupo de 25 a 34 anos (38%).

Silhueta da mão de uma mulher sobre uma porta de vidro, como se ela estivesse pedindo ajuda
Christina Reichl Photography/Getty Images

O levantamento ouviu 800 pessoas (55% mulheres e 45% homens) maiores de 16 anos na cidade de São Paulo entre os dias 4 e 28 de dezembro de 2021. “As cidades são reflexos da sociedade brasileira. A violência tem classe, gênero e cor”, afirmou Simone Luciano, consultora na Mais Diversidade, em coletiva de imprensa que a CH acompanhou. 

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De modo geral, os dados mostram ainda que é maior a percepção de aumento da violência contra a mulher entre paulistanos com idades entre 25 e 34 anos (42%) e dentre evangélicos (41%). Esta percepção reflete os altos índices deste tipo de violência durante a pandemia. O Disque100 e o Ligue180, canais oficiais do governo federal, chegaram a registrar mais de 105 mil denúncias de violência contra mulher em 2020.

Mais da metade da população da cidade (53%) diz que é necessário aumentar as penas dos crimes praticados no âmbito familiar e contra a mulher como uma forma de conter a violência, além de ampliar a rede de proteção (36%) e agilizar as investigações (34%).

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É evidente que a pesquisa conduzida pelo Ipec traz um recorte regional, mas sendo São Paulo a maior cidade do continente latinoamericano e o principal centro financeiro do Brasil, os dados colocam em perspectiva uma realidade significativa vivida no contexto urbano.

A ONU tem a meta de alcançar a equidade de gênero em oito anos, até 2030. Para isso, cada cantinho do planeta precisa fazer sua parte, levando em conta suas mais diversas realidades. É preciso pensar as cidades como organismos vivos e plurais.

“Elas precisam contar as histórias dessas minorias, deixando a hegemonia de lado e levando em conta que esses grupos são minorizados em direito, não em quantidade. Hoje, a cidade de São Paulo, por exemplo, é excludente e segmentada”, pontuou a vereadora em SP pelo PSOL, Erika Hilton, durante evento.

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Transporte público é espaço para assédio sexual, apontaram entrevistadas

Amy, de Sex Education, com cara de assustada dentro do ônibus, após sofrer uma violência sexual dentro dele
A Amy, de Sex Education, sofreu uma violência sexual dentro do ônibus, no caminho para a escola Sex Education/Netflix/Reprodução

A pesquisa ainda mostra que 52% das mulheres e meninas sentem que há mais risco de sofrer assédio sexual no transporte público, em especial, nos ônibus municipais. O indicador que avalia o risco de assédio em transporte público chega a 61% na faixa etária de mulheres entre 45 e 59 anos e com ensino médio. Para o grupo de 16 a 24 anos, 17% apontou a rua como o maior local de risco e 9%, os bares e as casas noturnas.

As meninas de Sex Education reunidas na última fileira do ônibus, sentadas, fazendo companhia para a Amy
A famosa cena do ônibus, de Sex Education, mostra a importância do apoio e da sororidade Sex Education/Netflix/Reprodução

A vereadora Erika Hilton complementou a fala de Simone Luciano na coletiva de imprensa ao afirmar que “as mulheres se sentem mais ameaçadas em locais públicos, diante dos olhos da sociedade.” Esta fala é extremamente necessária por provocar uma reflexão sobre a sociedade em que vivemos e somos criadas. “Temos o caminho do remediar e o da prevenção, que é mudar essa estrutura misógina que naturaliza a violência“, explica.

Homens ainda não dividem tarefas em casa

Você sabia que, durante a pandemia, os afazeres domésticos passaram a pesar novamente mais para as mulheres? Se antes a população paulistana declarava que conseguia dividir melhor as tarefas, hoje parece que o retrocesso se faz presente na maioria dos lares.

Segundo a Rede Nossa São Paulo, caiu significativamente a percepção dos paulistanos de que as atividades domésticas devam ser igualmente divididas entre os gêneros. Em 2019, 7% dos entrevistados concordavam com esta afirmação. Em 2020, passou para 9% e, neste ano, são 14%.

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Quatro mulheres posam no palco, em frente à foto de divulgação de uma pesquisa sobre ser mulher em São Paulo. Estão todas de máscara.
Erika Hilton, Jéssica Paraguassu, Simone Luciano e Jéssica Moreira durante lançamento da pesquisa, no Sesc 24 de Maio, em SP Karol Coelho/Divulgação

Ao mesmo tempo em que a maioria das mulheres disse que se sentiu mais sobrecarregada durante o período de isolamento social, com os parceiros realizando menos tarefas domésticas, os homens seguiram convictos de que há uma equidade nas tarefas de casa. 

Entre os homens, em 2019, o índice era de 3%, em 2020, foi para 4% e, neste ano, subiu para 10%. Entre as mulheres, em 2019, 10% acreditam nesta afirmação. Em 2020, o índice foi para 13% e, neste ano, saltou para 16%. 

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