Se as mortes por poluição diminuíram durante a pandemia de coronavírus, quando o lockdown foi decretado e muitas indústrias ficaram sem funcionar ou reduziram sua produção, a situação voltou a se agravar com a flexibilização global das medidas contra a Covid-19.
De acordo com o estudo Poluição e Saúde: Uma Atualização do Progresso, idealizado pela ONG Pure Earth, todos os anos, desde 2015, cerca de 9 milhões de pessoas morrem devido à contaminação do ar.
A poluição gerada pela queima de combustíveis fósseis, por agroquímicos e metais pesados, como chumbo, provocam quadros intensos de inflamações, como rinite e bronquite, e até doenças graves, que podem ser mortais em alguns casos, como asma, pneumonia e câncer do pulmão.
O problema é maior no continente africano, com Chade, República Centro-Africana e Níger liderando o ranking de países mais perigosos para se viver devido à poluição do ar e do solo. O estudo da Pure Earth também mostra que, quando o assunto são capitais mundiais, Bangkok, China e Cidade do México estão entre as mais problemáticas.
De 2015 a 2019, as mortes relacionadas à poluição atmosférica subiram 7%. Durante o lockdown, entre 2019 e 2020, o número sofreu uma queda, mas voltou a disparar no final de 2020, registrando um aumento de 66%, segundo a Global Alliance on Health and Pollution.
Hoje, a contaminação do ar tem matado mais pessoas que a malária ou a Aids, conforme relata Richard Fuller, coautor do estudo e chefe da Pure Earth. “Estamos sentados no caldeirão e queimando lentamente”, alerta.
No Brasil, a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que aproximadamente 50 mil pessoas morram todos os anos devido a doenças causadas ou agravadas pela poluição atmosférica, como câncer de pulmão, AVC e asma. “Os benefícios econômicos e na saúde da redução da poluição do ar são grandes. A implementação de medidas tais como transporte de baixas emissões nas grandes cidades trazem benefícios secundários à economia urbana(…) A demora em implementar políticas consistentes pode custar vidas e produtividade ao país, além de atrasos no campo da educação e da desigualdade”, aponta relatório da WRI Brasil (World Resources Institute), publicado em 2021.