Outubro é um mês rosa, não apenas por causa da Primavera (pelo menos, no hemisfério sul), mas também por causa da luta contra o câncer de mama, o segundo que mais acomete mulheres no mundo, de acordo com dados da OMS. O primeiro deles é o câncer de pele. Apesar de a doença estar mais presente em rodas de conversa de mulheres mais velhas, geralmente acima dos 30 anos, a prevenção pode e deve começar cedo – e isso muita gente não sabe!
Pensando em nossas leitoras adolescentes, conversamos com a ginecologista Beatrice Nuto Nóbrega para entender quais dúvidas são importantes esclarecer para jovens mulheres e de que forma elas já podem começar a prevenção.
Ela conta que, apesar de a mamografia só precisar de fato fazer parte da rotina feminina a partir dos 40 anos (às vezes, um pouquinho antes, caso a pessoa tenha histórico da doença na família), o autoexame pode começar na adolescência. “Nessa fase, a mulher já deve iniciar seus cuidados, realizando inclusive exame clínico dos seios com médico ginecologista pelo menos uma vez por ano”, explica. O que acontece, na maioria dos casos, é que a menina só procura um ginecologista depois que faz sexo pela primeira vez. Algo totalmente natural e, é claro, extremamente indicado, mesmo que seja ainda melhor que a menina marque uma consulta assim que decidir iniciar a vida sexual, para tirar todas as suas dúvidas. A questão é que a garota acaba focando muito “na parte de baixo”, nos órgão reprodutores femininos e se esquecendo “da parte de cima”, que já pode, aos poucos, começar a ganhar atenção redobrada com o exame de toque.
Sabe aquela hora do dia em que você passa creme no corpo? Ou que está tomando banho? São em momentos rotineiros como esses que autoexame pode ser feito. O importante é começar a fazê-lo quando perceber que a mama já está formada, caso contrário, não há necessidade. É essencial também que o exame de toque não seja feito muito próximo ao período menstrual, seja antes ou depois dele. “Inicie a apalpação fazendo movimentos circulares em todo o seio, de dentro para fora, a partir do mamilo. Você pode utilizar todos os dedos, se preferir. Depois, no sentido dos ponteiros do relógio, vá sentindo toda a mama, de dentro para fora novamente (como mostra a imagem acima). Para finalizar, é importante que você sinta também a região da axila”, esclareceu a Dra. Giselle Mello, radiologista e coordenadora do serviço de mama do Fleury Medicina e Saúde, para a CH. Mas não precisa repetir esse processo todo dia, não, viu? Uma vez por mês está mais do que bom! A Dra. Beatrice, contudo, gosta de ressaltar que o autoexame não substitui a ida ao ginecologista, pelo menos uma vez ao ano, já que o médico sempre tem mãos mais treinadas para realizar o procedimento.
Mas todo carocinho que eventualmente a mulher pode sentir na região das mamas é necessariamente câncer? Não. Na verdade , a maioria dos carocinhos que sentimos, principalmente na adolescência, é benigna. “Os principais tipos são os cistos e os fibroadenomas, que são tumores sólidos benignos. Estes, inclusive, são os mais comuns entre mulheres jovens, de 15 a 35 anos, devido aos estímulos hormonais que o corpo recebe nesse espaço de tempo. Já os cistos são nódulos que possuem um conteúdo líquido envolto em uma cápsula. Normalmente, eles são mais amolecidos, com bordas mais lisas e definidas. A maioria deles é do tipo simples, ou seja, totalmente preenchido por líquido fluido no interior, e não merecem maior investigação. Outros, porém, são formados por conteúdo espesso ou até por vários microcistos agrupados, podendo combinar conteúdo líquido e sólido. Estes mais complexos são um pouco mais preocupantes e, muitas vezes, é necessário fazer biópsia”, explica. Além disso, vale destacar que a ultrassonografia mamária é o principal exame para diferenciar nódulos císticos de sólidos.
Muitas adolescentes ficam apreensivas quanto descobrem um caso de câncer de mama próximo a ela, da mãe ou da avó, por exemplo. A Dra. Bia, entretanto, garante que a maioria dos tumores não é do tipo hereditário. Ufa?! Nananinanão! É justamente por isso que todas as mulheres devem se cuidar. E esse cuidado, reforçamos, pode começar cedo! Há muitos fatores externos que são associados com um maior risco da doença que podem ser evitados ou reduzidos, como o uso de bebidas alcoólicas, o tabagismo e a obesidade. Praticar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação balanceada e, mais tarde, se a mulher escolher engravidar, praticar a amamentação, são outras coisas que atuam ativamente no combate ao câncer de mama. “Estima-se que hábitos de vida mais saudáveis podem reduzir em até 28% o risco de a brasileira desenvolver a doença”, conta a ginecologista, que aproveita para destacar mais uma vez a importância das visitas regulares ao médico desde a primeira menstruação (não somente após a primeira transa): “Agendar visitas rotineiras ao especialista, uma vez por ano pelo menos, e levar uma vida mais saudável desde a adolescência são fatores de proteção contra o câncer de mama. Por isso, é essencial fazer os exames de rotina (toque e ultrassonografia e, mais tarde, mamografia) e agendar novas consultas assim que sentir alguma diferença nos seios, pois a detecção precoce é um dos fatores que mais ajuda a reduzir a mortalidade”.
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