Qual é a diferença entre estar deprimida e ter depressão?
Embora tenham nomes parecidos, as duas coisas não estão necessariamente conectadas
Um estudo realizado com jovens brasileiros na época da estreia da 2ª temporada de 13 Reasons Why concluiu que ansiedade e depressão são o “mal da adolescência”. Esse dado continua e deve seguir ainda muito atual já que, desde 2018, os casos de depressão e suicídios que foram registrados só aumentaram. Inclusive, o suicídio já é a terceira principal causa de morte de jovens adultos no mundo.
Um passo essencial para tentar combater essa triste realidade de nossos jovens é reconhecer os sintomas da depressão e procurar tratá-los o quanto antes. É lógico que uma pessoa diagnosticada com a doença teria dificuldades para identificar o que está sentindo e buscar ajuda por conta própria, por isso as pessoas ao redor dela possuem um papel fundamental. Elaine Di Sarno, psicóloga e neuropsicóloga, explica que é muito importante que os amigos e familiares conversem com o jovem sem mostrar agressividade, de uma maneira mais compreensiva. Caso o assunto não apareça de maneira espontânea, o recomendado é deixar claro que algumas coisas acontecem e todas as pessoas devem falar sobre elas. “É muito importante que a pessoa se sinta acolhida, que se sinta amada, já que nesse período a autoestima estará muito em baixa“, diz.
Entre os principais sintomas de depressão estão a perda de interesse por atividades que anteriormente agradavam, mudança de padrão de sono e alimentação, tendência ao isolamento, afastamento dos amigos e familiares e desapego aos pertences que eram especiais. Algumas pessoas também podem deixar de lado cuidados básicos do dia a dia, como tomar banho diariamente e escovar os dentes. “A pessoa em depressão que tem tendência ao suicídio pode demonstrar interesse por assuntos sobre morte, falar com recorrência sobre isso”, destaca a psicóloga.
Mas, afinal, será que estar deprimida é a mesma coisa que ter depressão? De acordo com a Dra. Elaine, uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra. “Depressão é algo muito sério, que tem vários sintomas, que precisa ser tratado, precisa ser muito bem cuidado. É diferente de: ‘Ah, briguei com o namorado e fiquei deprê’, sabe? Isso é uma tristeza, uma angústia, uma bad momentânea”, explica. Enquanto estar deprimida é um estado de humor que você sabe que vai passar, mesmo que não tão cedo, estar com depressão é um transtorno que exige um tratamento para o que muitos classificam como “dor na alma”. Às vezes, não existe uma razão para você estar sentindo esse vazio, e você pode até se sentir meio culpada por isso, mas você o sente e a sensação é de que ele nunca passa. “É acordar e dormir angustiado, triste, deixar de fazer as atividades que você fazia antes, deixar de trabalhar, ter dificuldade de sono, apetite, chorar demais, não querer levantar da cama, não conseguir olhar para o sol, ver o mundo cinza e não o mundo realmente com as cores que ele tem”, a psicóloga complementa.
E aí é fundamental que a pessoa procure ajuda profissional. “É importante ter consciência de que a depressão pode ser tratada e é possível ter uma vida saudável e feliz cuidando da dela“, Dra. Elaine comenta. Uma dica da psicóloga é, durante o tratamento, buscar se apegar às coisas boas da vida, como relembrar momentos felizes, passar um tempo com pessoas especiais e procurar sensações que trazem felicidade.
Se você está passando por esta situação ou conhece alguém que esteja, entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida). A organização realiza apoio emocional gratuito para todas as pessoas que desejam conversar por telefone, e-mail ou chat.