Quase um bilhão de meninas no mundo não têm acesso ao ensino profissional
Um estudo recente do Fundo Malala confirma: meninas e jovens mulheres do mundo inteiro não recebem preparo para as profissões do futuro.
Cerca de 955,6 milhões de garotas e mulheres de até 24 anos não têm acesso ao ensino de habilidades essenciais para o mercado das profissões do futuro. Entre elas, estão conhecimentos tecnológicos e capacidade de resolver problemas, aptidões consideradas fundamentais para lidar com um mercado de trabalho que está em constante mudança. Os dados da pesquisa são do relatório “Força total: por que o mundo funciona melhor quando as meninas vão à escola” realizado e divulgado pelo Fundo Malala na última quarta-feira, 9.
O Fundo Malala foi criado pela ativista paquistanesa Malala Yousafzai após ela sofrer um atentato promovido pelo Talibã, em 2012. Desde então, o grupo se dedica a criar e reforçar iniciativas que levem meninas às salas de aula.
Em entrevista ao G1, a CEO da organização, Farah Mohamed, disse que a falta de preparação da geração atual de meninas e jovens mulheres pode deixá-las vulneráveis a situações laborais precárias no futuro. De acordo com o relatório, as habilidades fundamentais que deveriam ser ensinadas estão divididas em quatro níveis:
1. Habilidades digitais básicas: acessar e interagir com tecnologias digitais. Se conectar à internet, criar contas e perfis, acessar recursos e informação, ajustar as configurações e gerenciar arquivos.
2. Habilidades digitais genéricas: usar tecnologias digitais de forma benéfica, como criar conteúdo, se comunicar digitalmente e ter consciência sobre direitos e segurança digitais.
3. Habilidades do século 21: estas vão além da alfabetização e dos conhecimentos numéricos básicos, como comunicação, colaboração, resolução de problemas, criatividade e pensamento crítico.
4. Habilidades de alto nível: usar a tecnologia digital de maneira empoderadora e transformadora, desenvolvendo aplicativos, gerenciando redes e fazendo programação, análise e processamento de dados.
O relatório do Fundo Malala usou uma análise de dados do Instituto de Estudos do Desenvolvimento (IDS), do Reino Unido, como base para o estudo. Segundo o documento, as meninas e jovens mulheres que não possuem acesso ao ensino dessas habilidades estão em quatro grupos de países: renda baixa, renda média-baixa, renda média-alta e renda alta. Contudo, na análise dos números, a equipe também chegou a conclusão de que a porcentagem de garotas nesta situação acadêmica aumenta de acordo com o nível de pobreza do país.
“Se as meninas continuarem a perder oportunidades educacionais, especialmente nos países mais pobres, elas estarão mais propensas a acabar trabalhando e vivendo em condições precárias, inseguras e às vezes exploradoras“, Farah Mohamed disse ao G1. De acordo com ela, este é um problema que não afeta apenas as meninas que vivem nessa situação. “Comunidades inteiras, países e o mundo inteiro são afetados quando milhões de meninas não podem ir à escola“, afirmou. Para ela, o mundo funcionará melhor quando todas as meninas estiverem aprendendo e ganhando dinheiro de acordo com seu potencial.