“Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”, alerta Tristan Harris, ex-funcionário do Google e ativista digital em Dilema das Redes, nova produção da Netlix. O documentário do diretor Jeff Orlowski, que vem gerando uma grande repercurssão, analisa os impactos e danos causados pelas redes sociais e investiga a maneira como somos viciados e instigados a continuar conectados. Nomes que ocuparam cargos de destaque em empresas de tecnologia aparecem no longa-metragem, incluindo o do designer Tristan Harris.
Em entrevista a Veja, Harris afirma que um dos perigos das redes sociais mora na construção de bolhas, que acaba afastando ainda mais as pessoas, e não conectando. O ex-funcionário do Google afirma que a inteligência artificial faz com que as pessoas fiquem cada vez mais dentro de suas bolhas, o que gera uma personalização e uma polarização que podem ser lucrativas.
Mas, se você está pensando em deletar todas as suas contas depois de ler isso, saiba que pode não ser tão fácil quanto parece. Além das reações neuroquímicas que as redes nos causam, como quando vemos uma notificação de mensagem ou um like, “se você tenta se afastar no Instagram ou do Facebook, eles mandam e-mails para fazer você voltar”, diz Harris, que completa a fala: “Nós valemos mais para o Facebook se formos viciados, distraídos, indignados, polarizados, narcisistas e desinformados do que se vivermos livremente de maneira rica, e não grudados nas telas”. O designer conta que ficou afastado por oito anos das redes sociais e agora tenta usá-las de maneira mais consciente possível, mas aconselha: “Se você puder sair das redes, saia”.
Tristan Harris acredita que o “X” da questão tem a ver com controle. É você que comanda as redes ou as redes que te comanda? Você entra no Instagram ou no TikTok e fica por alguns minutos ou entra para dar uma olhada e uma hora depois não sabe por que ainda está ali? “Isso é um sintoma de que a humanidade perdeu controle”, alerta. Em relação às fake news, o ex-Google classifica a questão como um problema grave.
“Vi um estudo mostrando que, na última eleição brasileira, mais de 80% das pessoas tiveram acesso a pelo menos uma fake new antes de Jair Bolsonaro ser eleito presidente”, informa no documentário em que dá uma boa dica para você não cair na cilada de acreditar numa notícia falsa: cheque a informação antes de compartilhar, para assim evitar a propagação desse tipo de conteúdo se espalhar de maneira viral e atingir ainda mais pessoas. “A terceira guerra mundial não se dará com armas e munição, mas com bombardeios de informação“, finalizou.