Durante este mês, por causa da campanha Setembro Amarelo, é comum encontrar um maior número de conteúdos falando sobre saúde mental nas redes sociais, e até ver pessoas dizendo que estão abertas para ouvir e receber desabafos de quem está passando por um momento difícil. Mas, apesar de boa a intenção por trás da onda da “DM aberta”, a escuta de um colega é diferente e não substitui a de um profissional da saúde.
O neuropsicanalista Fabiano de Abreu alerta que, “em alguns casos, somente uma mensagem positiva pode não ser suficiente e ainda piorar a situação [da pessoa que buscou ajuda]“, porque o outro pode não saber o histórico daquele alguém e seu quadro clínico. “Qualquer atitude, por maior que seja a boa vontade, pode trazer resultados negativos”, explica o especialista.
Se você perceber que alguém próximo está enfrentando um momento delicado, é possível ajudar tentando entender o que está acontecendo e mostrar bons argumentos para esse amigo procurar também ajuda profissional. Se a pessoa falar que está pensando em suicídio, Abreu orienta a não deixá-la sozinha, mas reforça que continua sendo importante tentar convencê-la a se consultar com um especialista. “Quando há o pensamento e/ou a tentativa de suicídio, pode ser necessário medicamentos. Então, se faz essencial a procura de um psiquiatra”, enfatiza.
O profissional da saúde diz que a campanha de prevenção ao suicídio nunca foi tão necessária quanto na pandemia, já que o distanciamento social, o isolamento e o cenário de insegurança contribuem para o aumento e a potencialização de transtornos mentais. Um estudo feito pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no começo da quarentena, mostra que, apenas entre março e abril, o índice de pessoas com depressão no estado do Rio já havia saltado de 4,2% para 8%.
Caso você conheça alguém que esteja pensando em se matar por suicídio mas siga relutante à ideia de procurar ajuda médica, Abreu explica que é importante argumentar de forma inteligente para convencer essa pessoa de que ela deve buscar suporte especializado. “Muitas vezes, a fadiga resultado de disfunções hormonal e neural faz com que a pessoa não consiga procurar ajuda, sendo necessário que o outro se mova por ela. A fadiga mental confunde a razão fazendo com que a pessoa não entenda que precisa de ajuda. Temos que entender que ansiedade, estresse e depressão causam disfunções em mensageiros responsáveis pelo humor, sensações, emoções, e também pela memória e consciência. Ou seja, pode ser que a pessoa nem saiba o que está fazendo ou não reconheça o problema”, salienta o profissional.
Neste momento de distanciamento, o neuropsicanalista lembra que é importante continuar com o tratamento psicoterápico online e, se a pessoa fizer uso de alguma medicação, tomá-la corretamente. Manter uma rotina, se alimentar e dormir bem também ajudam no combate à depressão, que pode vir a causar pensamentos suicidas. “Quanto mais cedo o diagnóstico, sempre melhor o prognóstico”, lembra Abreu.
Ajude, mas com responsabilidade. O ano é todo Amarelo!
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