Ter referências de artistas pretas fez com que eu me permitisse sonhar
"Pessoas podem te inspirar apenas por existir. Zendaya, por exemplo, fez isso por mim."
Quando a Isa, editora de comportamento da CAPRICHO, me pediu para fazer uma matéria sobre uma mulher preta que me inspira, vieram vários nomes à minha cabeça. Nomes esses que estiveram presentes em momentos diferentes e significativos da minha vida. Pensei bastante e lembrei de alguém que fez parte da minha infância, adolescente e agora, juventude: Zendaya.
Ela foi uma das primeiras artistas pretas que conheci na televisão. Eu era (e sou até hoje), uma consumidora assídua das programações do Disney Channel e lembro que o sonho da minha vida era fazer parte daquela indústria. Fosse como atriz, cantora, ou apresentadora. Mas, sempre me pegava pensando que não haveria espaço para mim que não fosse de figurante e no máximo a “coadjuvante que morre no segundo ato”.
É por isso que ter em quem se espelhar nos ajuda a focar nos nossos próprios sonhos. Sinto que a partir daí, eu me coloco no lugar de ser capaz de fazer qualquer coisa, e é a partir desse sentimento que conseguimos avançar. Se uma só pessoa é capaz de despertar o sentimento de “esperança” para outras, imagine como seria o mundo se tivéssemos essas oportunidades desde o início?
Quando o seriado “No Ritmo” estreou na Disney (e estão disponíveis no Disney+*, viu?), dentre todos os programas que eu assistia e amava, me encantei à primeira vista quando vi uma menina preta estrelando um dos seriados mais famosos do canal na época.
Zendaya no auge dos seus 16 anos, estrelava um seriado e interpretava uma personagem que tinha um senso de humor super divertido. Ela não era apenas aquela amiga engraçada que servia de alívio cômico – como muitas personagens pretas nas séries dos anos 2010 – ela era a protagonista da série também.
Apesar de eu não ter seguido para a área da música ou teatro, ser uma adolescente que buscava se encontrar nesse mundão sempre se inspirando em alguém que para mim era a referência de estar no topo do mundo, me ajudou a nunca parar até finalmente estar onde sempre quis.
Pessoas podem te inspirar apenas por existir e estar em um lugar que normalmente não estariam
Hoje trabalho com o que amo graças a alguém que não faz ideia que o simples ato de ter ido atrás do próprio sonho me possibilitou a coragem de ir atrás dos meus também. Afinal, isso é inspiração, não é? A forma mais pura e simples do termo.
Pessoas podem te inspirar apenas por existir e estar em um lugar que normalmente não estariam, e é ali que você pensa que também não pode parar com o teu corre, pois hoje você se inspira em alguém e amanhã pode ser a inspiração de outras pessoas.
Nabiyah Be
Esse ano, conheci Nabiyah Be. Uma mulher brasileira, baiana – praticamente minha vizinha – que é atriz, cantora, produtora musical e também uma artista multitalentosa. Nabiyah faz peças na Broadway, participou de Pantera Negra (1) e agora é uma das protagonistas do livro e da série Daisy Jones and The Six*.
A trouxe para essa matéria também porque, assim como toda a minha inspiração na Zendaya, ver alguém mais próximo ainda da minha realidade, me faz refletir o quanto a gente pode realizar os nossos sonhos.
Quando a entrevistei, tive o prazer de falar para ela o quanto ela me inspira, e inspira diversas outras meninas pretas, nordestinas que sonham em um dia poder fazer o que ela faz. É sensacional, libertador de ver.
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E essas referências muitas vezes estão ainda mais próximas do que imaginamos. Como eu, uma garota sempre sonhadora, com os pés muito longe do chão, preta e nordestina, poderia manter toda essa esperança e sonhos dentro de um só coração se não existissem mulheres como elas? Que existem, fazem os seus próprios sonhos acontecerem e abrem caminho para que um dia possamos estar lá também?
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