Você realmente sabe o que é misoginia?
Se essa pergunta caísse na prova, você saberia respondê-la corretamente?
No dia primeiro de janeiro, acontece a posse de Jair Bolsonaro na Presidência da República. A partir dessa data, Michelle Bolsonaro será oficialmente a Primeira-dama do Brasil. No último dia 28, ela concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Domingo Espetacular, da Record, e tentou defender o marido das acusações de misoginia que ele já recebeu – mas se atrapalhou na hora de dar a definição da palavra.
“Ele é taxado como misógino e ele é casado com quem? Com a filha de um cearense”, disse Michelle. A declaração é feita pouco depois dos sete minutos do vídeo abaixo e viralizou nas redes sociais. “As definições de misógino foram atualizadas”, comentaram alguns internautas.
O erro cometido pela futura Primeira-dama é bastante comum. Muita gente relaciona a misoginia a algum tipo de racismo, no caso, o contra nordestinos (xenofobia). Tem ainda aquelas pessoas que acreditam que um homem casado não pode ser misógino, afinal ele se casou com uma mulher. Se fosse assim, feminicídio e crimes de ódio contra pessoas do sexo feminino não aconteceriam dentro de casa (sabe-se que mais de 20% das mulheres assassinadas são mortas pelo parceiro).
Ao pé da letra, misoginia significa desprezo e ódio ao gênero feminino. Para alguns estudiosos, a herança sociocultural, datada do século V a. C, nasceu na Grécia. Na época, as mulheres gregas eram completamente excluídas da vida pública: por exemplo, elas não podiam votar nem ser votadas, e não podiam ter propriedades ou administrar negócios, pois todas essas tarefas eram exclusivamente masculinas.
Ah, mas excluir as mulheres de funções sociais não significa ter ódio delas. Realmente, não. Mas essa exclusão deixava claro que os homens gregos eram superiores às mulheres gregas, e eles consequentemente as tratavam com inferioridade e desprezo, mesmo que se relacionassem com elas: mulher era objeto de desejo para satisfazer o homem.
Reparou como estamos falando do século V a. C mas muitas coisas permanecem iguais em pleno 2018? A sociedade patriarcal contribui não só para que muitas mulheres sejam tratadas com desprezo e, tantas vezes, mortas por causa da misoginia, como colabora para que elas fiquem cegas perante o preconceito sofrido e sintam que, é verdade, elas merecem ser tratadas assim. A cegueira momentânea e a misoginia disfarçada de “atitudes de homem macho e viril” fazem com que muitas mulheres cometam erros na hora de explicar a expressão e/ou não procurem seus direitos e continuem submissas, como acontecia na Grécia Antiga.
O vídeo abaixo, publicado pelo Canal Tudo Enem, explica de forma didática o conceito de misoginia:
Uma das formas mais eficazes de nós, meninas, combatermos a misoginia é explicando para outras o que o termo significa e fazendo-as perceber que conhecimento é uma arma poderosa!