A cada 10 vídeos que a gente assiste no TikTok vemos 10 pessoas diferentes escrevendo nos seus diários logo cedo, como parte da rotina matinal. Num mundo tão ligado à internet e tão focado nos conteúdos das redes sociais, parece quase contra-intuitivo escrever à mão, né?
Eu lembro de ter me apaixonado pela escrita muito novinha, lá no auge dos meus 6 anos, quando comecei a escrever nos diários, com uma letra que ainda nem era letra direito, o que tava na minha cabeça.
Com o passar do tempo, o meu amor pela escrita só aumentou – tanto que eu transformei em profissão. E, sim, dizer que eu vivo da escrita é tão legal quanto parece. Porém, escrever matérias e conteúdos pras redes sociais não satisfaz o meu coração de artista, e manter um diário continuou como parte da minha rotina desde aqueles primeiros anos, ainda no Ensino Fundamental.
“Tá, mas onde entram as páginas matinais nessa história toda?”
Calma, eu tô chegando lá. Assim como eu sempre amei escrever, eu sou apaixonada pela leitura desde nova, principalmente por livros que falam sobre criatividade, rotinas e processos criativos. Foi numa dessas que, há alguns anos, caiu no meu colo um livro chamado O Caminho do Artista, da Julia Cameron*.
(E por “caiu no meu colo” entenda: uma youtuber que eu acompanhava há anos falou do livro em um vlog.)
Foi ali que eu descobri as páginas matinais, porque esse é um conceito desenvolvido pela Julia para ajudar os seus alunos a destravarem o próprio potencial criativo. É tão legal quanto parece? É, sim.
Adotar as páginas matinais também exige bem menos estética e músicas aspiracionais quanto a gente vê no TikTok: é só ter um caderno e uma caneta à mão e, pronto, você já pode começar.
O ponto mais importante não é o material que você usa para fazer as páginas matinais, mas, sim, o que e quando você escreve. Esses dois parâmetros fazem toda diferença na prática e são o que, de fato, ajudam a liberar espaço na nossa mente para a criatividade brilhar.
A técnica consiste em escrever três páginas (sim, três páginas), à mão, assim que você acordar. É desligar o despertador e correr pro caderno. Se você não tem o hábito de escrever à mão, eu já aviso: no começo você vai levar muito mais tempo para terminar o exercício e a mão vai doer. Com o tempo, porém, você se acostuma e a técnica vai ficando mais fácil de implementar.
E, sim, tem que ser três páginas e tem que ser a mão. O motivo é simples também: desacelerar a velocidade dos seus pensamentos para que você consiga colocá-los no papel. A ideia da Julia não é você analisar o que pensa e escrever de uma forma bonita o que tá na sua cabeça. É literalmente vomitar tudo o que tá na sua mente quando você acorda para dar espaço para o que realmente importa. Você primeiro limpa a sujeira para, depois, descobrir o que tem valor ali no meio da bagunça.
Ou seja, não tem regra sobre o que você deve escrever. Pode ser a coisa mais mundana (tipo “tô morrendo de sono e não quero ir para a aula hoje”) ou a mais profunda (“hoje acordei me sentindo uma farsa”). O importante é despejar tudo sem julgamentos. Uma hora a mágica acontece.
E por “mágica” eu quero dizer que você aprende a tirar essa sujeira com mais facilidade do caminho e você começa a ter ideias e entendimentos bem importantes com a prática. Tipo, depois de algumas semanas, as páginas matinais começam a trazer respostas para dúvidas que você nem sabia que tinha.
@giuliamsoaresoficial como eu uso as paginas matinais ✨ #ocaminhodoartista #glowup #mudancadevida #rotina #aquelagarota #mudancadehabitos
O que eu mais gosto dessa técnica é a clareza que ela me traz. Eu fico com a mente mais calma e sossegada depois que escrevo, sabe? E tenho mais foco para fazer o meu dia-a-dia acontecer de um lugar tranquilo. Fica mais fácil me concentrar no trabalho, por exemplo – e eu só consigo imaginar o que pode fazer pelos seus estudos.
Ah, um ponto importante: perceba que eu não disse qual o tamanho do caderno que tem que ser usado para isso. Na real, a Julia diz que isso é o que menos importa, o principal é você seguir a rotina de acordar – fazer um xixi – escrever. Se você vai usar folhas sulfite ou um caderno de bolso, tanto faz.
Mas vale ser justa e sincera com você mesma. Um caderno pequeno vai satisfazer as necessidades da sua mente? É bem provável que não. Eu, normalmente, uso um caderno de tamanho A5. Para mim, é o bastante.
Outro ponto vital: não se culpe se você deixou de escrever um dia ou outro. A nossa vida é repleta de fases e tem horas que dormir meia hora a mais é mais importante para a nossa saúde e bem-estar do que escrever as páginas matinais.
O essencial é saber que essa ferramenta vai estar sempre disponível quando a gente precisar de uma ajuda para lidar com a ansiedade, o estresse, para limpar a mente e pensar com mais clareza e ter mais foco no dia-a-dia. Como não amar, né?
QUE TEXTO LONGO, NÃO VOU LER TUDO!
Vamos de resumo?
As páginas matinais são uma técnica de escrita no estilo fluxo de consciência criada pela autora do livro O Caminho do Artista, Julia Cameron. Você deve escrever tudo o que está na sua mente, sem filtro, por três páginas, à mão. Os materiais que você precisa para isso são:
- Um caderno do tamanho que você quiser (eu uso um A5)
- Uma caneta
O ideal é escrever assim que você acorda, dessa forma, você dribla o seu Censor interno (aquele cara chato que julga, edita e critica tudo o que você fala e faz) e tira máximo proveito da atividade. Legal, né?!
*Preços consultados em 24 de abril de 2023. Sujeitos a alterações. As compras feitas através dos links desta matéria podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.
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