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Any Gabrielly, do Now United: “Já fui recusada por ser preta”

Cantora falou sobre o início da carreira, racismo e amadurecimento

Por Vitória Macedo 16 set 2020, 13h40

Anny Gabrielly é a única brasileira entre os 15 integrantes do grupo Now United. A cantora paulista, nascida em Guarulhos, contou à revista Quem que sempre quis trabalhar no ramo artístico, e que já enfrentou situações de racismo para chegar onde está.

“Muitos ‘nãos’ na minha carreira me deixaram bem abalada, mas aprendi a me autoavaliar. Cheguei a pensar que eu não era boa o suficiente, mas tenho sorte que minha família sempre esteve lá para me apoiar” comenta Any, cujo primeiro divisor de águas em sua carreira foi o papel da leoa Nala no musical O Rei Leão, em 2013.

O racismo já fez Any questionar seu próprio talento. “Quando eu era mais nova, não conseguia entender que algumas coisas que aconteciam era preconceito. Eu acreditava que o problema estava em mim, muitas das vezes. Eu me via sendo recusada em alguns trabalhos e não tinha nenhum feedback efetivo, explicativo. Hoje, olhando para isso, percebo que em algumas das situações eu já fui recusada porque sou preta”, analisa a cantora.

Mas o preconceito não está apenas no ambiente profissional, ele está também em toda a sociedade. “Acontecia na minha vida pessoal também. Minha mãe sempre batalhou muito para me colocar em colocar nos locais de estudo com melhor qualidade e muitas das pessoas que frequentam esses lugares tinham uma qualidade de vida muito boa. Eu era uma das únicas pretas nos lugares e passava por situações bem complicadas. Hoje eu já sei encontrar as pessoas certas. Não tolero racismo e, graças a esse meu trabalho e minha visibilidade, eu consigo dar voz a essa causa”, comenta a integrante do grupo multinacional.

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Em relação a como a sociedade pode melhorar essa questão, Any acredita na mudança, apesar de achar que poderia acontecer de maneira mais rápida. “Muitos se dizem anti racistas, mas na hora que precisa se impor e usar sua voz elas ficam em silêncio, e isso precisa mudar”, criticou a jovem. Também enfatizou que “Enquanto algumas pessoas ficam em silêncio, outras estão morrendo e sofrendo. Então a sociedade precisa, sim, mudar nesse quesito”.

Por não ter muito dinheiro quando mais jovem, Any contou que se sentia deslocada, pois nesse meio artístico tem muita gente com muita grana. “Eu entrava em certos cursos, certos trabalhos e não sabia como me encaixar, porque aquela não era minha realidade. Muitas vezes me desprezavam exatamente por conta disso, o que se tornou um dos muitos desafios que eu viria a enfrentar na minha carreira até hoje”, expõe Any, que já chegou a pensar que não era boa o suficiente e que deveria transformar seu sonho em um hobby, não em um trabalho de verdade. Mas a sua paixão falou mais alto, e seu talento também.

A pandemia mudou os planos de Any, mas nesse período ela e sua equipe conseguiram fazer um projeto de lives muito legal chamado Any Gabrielly Convida, que está até concorrendo a prêmios. Enquanto ela não mata a saudade dos palcos, sua quarentena foi de muito canto, dança, malhação e também de prática um novo instrumento, o violão. 

Por trabalhar desde muito cedo, Any considera que também amadureceu rápido. Isso por causa de toda a responsabilidade de manter uma carreira e também ajudar a família, que dependia dos frutos de seu trabalho. “Tudo isso, a carreira, as responsabilidades e o preconceito que sofri fizeram com que eu amadurecesse muito mais rápido”. A jovem não acha que pulou alguma fase de sua vida, porém sua cabeça sim é outra. Para ela, “alguns desses ‘problemas’ que se passavam na adolescência pareciam sempre muito pequenos” em comparação aos outros que vivenciava.

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Any com certeza é uma estrela e de muita representatividade para várias meninas no Brasil.

 

 

 

 

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