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CH Entrevista: Lou Garcia prioriza a conexão e o indie em suas músicas

A artista nos contou seus planos, as dificuldades de uma carreira musical e seu novo single Ainda Te Busco

Por Bruna Parrado 29 mar 2023, 12h24

Lou Garcia é uma das principais artistas em ascensão no indie brasileiro. Com suas canções tristes, mas também dançantes, a cantora vem conquistando seu público e é dona do hit Se Não Fosse Tão Tarde. Em entrevista à CH, ela refletiu sobre momentos bons e ruins de sua carreira, sua composição intimista e até revelou o que vem por aí.

CH: Para começar, queremos revisitar um pouquinho o passado. Você se lembra da sua primeira memória em relação a música?

L: Primeira memória… Nossa, estava falando agora a pouco que minha memória é péssima, mas vamos lá. Escrever música nunca foi algo muito de foco quando eu era mais nova. Eu comecei a tocar violão. Na verdade, eu comecei no piano e depois eu fui pro violão. Sempre foi mais sobre instrumentos do que voz e, enfim, escrever.

Só que eu lembro de algo muito específico que foi quando a Taylor Swift lançou aquela música Love Story. Essa época eu estava tocando violão. Eu lembro da primeira vez que eu sentei e pensei: ‘Por que não escrever uma música?’. Peguei o violão e, inspirada em Love Story, comecei a escrever. É algo bem nítido, eu sentada na cama, no meu quarto, com o violão na mão, o celular na frente. O celular que eu tinha antes era bem pequenininho. Não dava nem pra ver a letra direito. Lembro da iluminação do quarto amarelada e lembro da cama, de tudo assim. Acho que é algo bem forte.

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CH: A composição é uma parte muito forte do seu trabalho. E eu percebi que ela é bem intimista, super pessoal e sincera. Em algum momento você teve medo ou insegurança de expor isso para o mundo? Das pessoas saberem o que você sente ao escutar música?

L: Uhum. Antes de Bateria Social, todos os meus lançamentos eram mais assim. Eu normalmente escrevia o que a melodia trazia, e aí teve um chave que virou na minha cabeça em 2020, 2019. Pensei: ‘Acontece tanta coisa na minha vida. Eu sei que sou uma boa compositora. Por que não escrever sobre as coisas que eu sinto?’. Então, sempre foi algo assim. Hoje não faz sentido pra mim escrever algo que não condiz com o que eu vivo ou o que já aconteceu comigo. São letras muito intimistas, são realmente coisas que eu passei, coisas que eu vivo.

CH: E você trabalha também com um gênero muito intimista, né? Que é o indie room. Você pretende continuar nesse ou você quer explorar outros?

L: O indie é algo muito forte em mim porque eu escuto muito. As bandas indies são a minha maior referência na música. E é muito louco porque esse termo surgiu num almoço quando estava eu, Nico, meu empresário e o Gustavo, que é meu produtor musical. É algo que são letras intimistas que tem essa pegada do indie. O “room” porque é um quartinho, sabe? Tipo, é algo pequeno. Então, por isso que tem essa ideia do íntimo, do pessoal.

CH: Você é a dona do hit Se Não Fosse Tão Tarde, que bombou no TikTok. Então, eu queria saber como foi a sua reação. Você esperava esse sucesso?

L: Tudo do TikTok eu acompanhei muito. Antes de lançar a música, eu fazia vários vídeos mostrando trechinhos e tal. Então, depois da música lançar, eu comecei a fazer mais. Ainda mais quando a versão speed começou a hitar mais. Eu vi as pessoas, eu dava ideias. Eu fazia vídeos. Acho que na época eu gravava tipo cinco vídeos por dia. Postava tudo. E é muito gratificante. Eu me sinto muito realizada de pensar do esforço que eu fiz porque foi um esforço bem grande, mas que valeu muito a pena no final e faz toda a diferença, né? Esse engajamento.

CH: Sobre seu novo lançamento Ainda Te Busco,  já escutei a música, mas eu queria começar pela capa. Queria entender o conceito. Me dá uma vibe de filme thriller, tem uma pessoa com um globo na cabeça. Como foi o processo criativo? 

L: O Todai é um personagem novo. Ele é basicamente uma personificação do amor unilateral. No clipe ele aparece com metade do corpo e eu estou o abraçando. É como se eu estivesse abraçando alguém que está se entregando pela metade pra mim. O amor não é recíproco. A capa em si sou eu do lado dele porque é uma cena que a gente fez no carro e eu estou tocando nele. Toco no coração dele, toco no meu coração. Eu estou olhando pra cima porque eu estou procurando, sabe? Procurando a pessoa porque eu sei que a pessoa que está do meu lado é uma representação da pessoa, não a pessoa. A cabeça de Globo, que também traz referência da minha outra música Bateria Social. É o brilhante por fora. O que é lindo por fora, mas que por dentro é vazio.

CH: A música fala muito sobre dependência emocional. Qual conselho você daria para alguém que talvez esteja passando pela situação da música? 

L: Eu não superei! [risos]. Tudo que eu escrevo fica muito vivo pra mim. Então, quando eu ouço ainda te busco é como se eu ainda sentisse as coisas que eu escrevi sobre. Eu posso dar um conselho, mas ia ser algo que seria aquele conselho que você dá pra alguém, mas é você precisa respirar esse conselho também. Cuida da sua vida, faz as coisas que te fazem bem, te fazem feliz, porque é isso que vai valer a pena no final. Não transforme alguém, não coloque alguém num pedestal, sendo que no pedestal quem tem que estar lá é você. Acho que é basicamente isso, é algo que eu estou aprendendo na terapia e algo que eu estou internalizando muito pra mim.

CH: E a sua carreira acaba de tomar um novo rumo. Você assinou com a Universal Music. Como você vê esse passo?

L: Aí, eu acho que a Universal vai me ajudar muito em tudo. Vejo que a gente tá com a mãozinha um do lado da outra, aquelas ~todo mundo segura a mão de todo mundo~. Tudo vai começar a andar muito mais do que já andava com a Universal. E é isso.

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CH: Agora uma pergunta um pouco mais reflexiva. Se você pudesse falar com aquela menina que participou do The Voice lá em 2016, o que falaria?

L: Eu falaria que não é pra ela desistir. Eu lembro que depois do The Voice, a música ficou muito clara em relação a um caminho a se seguir. Então, foi bem difícil porque meu pai sempre foi aquela pessoa que estava do meu lado, que sempre me ajudou muito, mas você vê o preconceito das pessoas quando você fala que você quer fazer música. Eu falaria que, independente de comentários das pessoas que não acreditam, é pra eu continuar seguindo e fazendo o que eu sei fazer melhor, que é escrever o que eu sinto.

CH: E a última pergunta é sobre o álbum que vem aí. O que você pode falar? Quais são os planos?

L: O que eu posso falar é que vai ser bem triste. É o que eu falei pra você, não consigo escrever sobre coisas que eu não sinto. E se o que eu sinto é tristeza, eu vou transformar a tristeza em belo. Pelo menos pra que outras pessoas vejam, sintam. Ou seja, direto pra terapia. Em questão de show, ainda não tenho planos. Ainda não. Novidades em breve. Acredito que está bem próximo. Ansiosa.

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