“Música é tudo que temos“, cantaram milhares de pessoas no palco principal do Lollapalooza Brasil durante o show de Chance The Rapper, no final da tarde de sexta-feira (23/3).
Com 12 minutos de atraso, que subtraíram pelo menos duas músicas do setlist, Chance iniciou seu culto às boas vibrações, repleto de influências gospel, que predominam em sua última mixtape, Coloring Book, lançada em 2016. Falar que Chance The Rapper funcionou quase como um pastor não é exagero algum depois do que ele fez no Lolla. Mixtape serviu como uma chamada de atenção, para na sequência o rapper receber a ajuda de sua banda em Blessings. E que banda, que tinha como destaque um quarteto vocal gospel, quase sempre acompanhando por um trompete marcante.
“Me chamo Chance The Rapper, sou de Chicago, Illinois, e nunca vi uma cidade tão linda quanto São Paulo“, apresentou-se, como se precisasse. Antes de Favorite Song e Cocoa Butter Kisses, Chance pediu pra galera pular mais, igual fazem lá em Chicago. Nem precisa dizer que ele foi atendido. Ultralight Beam, de Kanye West (padrinho musical de Chance), fez com que o público erguesse suas mãos pro alto, quase que agradecendo por estarem presenciando um artista em um grande momento da carreira.
Parça de Justin Bieber, Chance levou o amigo pro palco, mesmo que apenas no telão e na base, pra cantar I’m the One, parceria deles com o DJ Khaled. “Mais alto! Quero ouvir as garotas agora”, pediu. All We Got foi um dos momentos mais lindos da noite, canção com a mensagem que todos precisamos em dias difíceis, e que só a música é capaz de melhorar. Mesmo com uma carreira tão curta, Chance The Rapper entrega show de veterano, com fogos, explosões, papel picado, exatamente como os grandes fazem. No Problem e All Night fizeram, por incrível que parece, a “pausa dançante” da noite, principalmente por aparecerem antes da celebração final.
“São Paulo, obrigado por fazer minha viagem pro Brasil a melhor de todas.” Same Drugs foi o auge, o momento em que todas as energias se juntaram para celebrar um dos artistas mais relevantes da música atual. Quase como começou, Chance The Rapper fechou a apresentação com Blessings (Reprise), com o público ouvindo atentamente a mensagem, com as mãos pro alto, como se as bençãos pedidas aos céus na letra tivessem de fato descido ali, no Autódromo de Interlagos.