Em ‘Os Bucaneiros’, a verdadeira história de amor é a amizade feminina
A diretora e as produtoras da nova série de época da Apple TV+ falam à CAPRICHO sobre a força e personalidade das protagonistas
Os Bucaneiros (The Buccaneers) é a nova série de época da Apple TV+* inspirada no último romance inacabado de Edith Wharton (1862-1937), ganhadora do Prêmio Pulitzer, que vai te conquistar! A produção, que estreia nesta quarta-feira (8), se passa na década de 1870 e narra as aventuras de um grupo de garotas americanas que, ao serem enviadas a Londres em busca de títulos e maridos, invadem (e chacoalham) a aristocracia britânica e seus comportamentos rígidos. Em entrevista à CAPRICHO, a diretora Susanna White, a criadora Katherine Jakeways e a produtora executiva Beth Willis refletem sobre os aspectos modernos de Os Bucaneiros, incluindo sua discografia toda feminina e superatual com Olivia Rodrigo e Taylor Swift, e as histórias de amor que permeiam as mulheres e, sobretudo, suas amizades umas com as outras.
“A amizade feminina é o principal tema e o propósito da série. A história de amor da série é a relação entre as cinco garotas e a forma que elas interagem umas com as outras, a forma como elas se amam, o respeito que existe entre elas e os erros que cometem. E também o fato de que, como qualquer outro grupo de mulheres na história, não importa o que aconteça, elas estão lá para se apoiar. Elas tomam más decisões, sentem inveja e vivem conflitos, mas o fundamental é que elas sempre acabam fazendo as pazes e se apoiando. É a história de amor principal da série”, afirma a criadora e produtora executiva de Os Bucaneiros, Katherine Jakeways.
Além do protagonismo feminino nas telas, a série também conta com um time criativo composto inteiramente por mulheres. “Todas nós nos importávamos com as mesmas coisas”, relata a diretora Susanna White. “Nós estávamos muito unidas no que estávamos fazendo e não tem nada melhor em um time criativo quando você se sente em sintonia com as pessoas ao seu redor, porque isso te traz liberdade. Foram muitas pessoas inteligentes que realmente se importavam com as personagens femininas, e eu não sei porque isso parece incomum, mas realmente parece, porque muitas histórias ainda são contadas por homens.”
White comenta os aspectos modernos da história, que vão desde a trama identificável que molda os personagens à trilha sonora. “Era muito difícil para garotas naquela época, porque a única forma de atingir qualquer tipo de poder em suas vidas era sendo escolhidas como esposas por um homem, e isso colocava muita pressão nelas. E o que é muito interessante é que a abordagem da série é moderna. Embora hoje em dia existam outras possibilidades para garotas, e elas não necessariamente precisam encontrar um companheiro homem para sustentá-las e podem ter suas próprias carreiras, garotas continuam se sentindo pressionadas em escolher uma parceria e em decidir quem elas são“, diz.
Para ela, um dos grandes momentos da série é quando a protagonista e garota mais jovem, Nan St. George (Kristine Froseth), tem um ataque de pânico ao assistir sua irmã e suas amigas descendo as escadas de um baile segurando números para serem escolhidas como esposas por homens. “Ela percebe a pressão e a injustiça nisso tudo. Então, em algum nível, é algo com que podemos nos identificar, porque podemos nos conectar com o sentimento de ansiedade e pânico de Nan. Sob um certo ponto de vista, é algo muito particular do século 19, mas também é muito universal, porque garotas jovens se preocupam bastante com suas decisões e se elas estão fazendo a escolha certa que vai determinar todo o seu futuro. E a grande mensagem da série é que não importa com quem você fique no final, você ainda pode ter todas as suas amigas ao seu redor, e isso é a coisa mais importante da sua vida. Isso faz essa série especial.“
Com uma trilha sonora contemporânea produzida por Stella Mozgawa, da banda Warpaint, que tem canções originais, como Close to You, de Sharon Van Etten Shares, e Cedar, de Gracie Abrams, e o hit All-american Bitch, de Olivia Rodrigo, a intenção é que a música envolva ainda mais o público. “Nós queríamos que a música auxiliasse na emoção enquanto você assiste à série. E sempre acreditamos que isso funcionaria melhor com músicas contemporâneas e que a melhor forma de acessar as emoções e as histórias dessas mulheres seria com músicas que parecessem familiares pra gente e que ouvimos hoje em dia”, declara a produtora executiva Beth Willis.
A diretora e as produtoras também relembram como foi a escolha do elenco, que demorou meses para acontecer, e as gravações, que ocorreram no ano passado em Edimburgo, na Escócia, onde a equipe convivia bastante, porque todos moraram no mesmo prédio. Os personagens masculinos de grande destaque, Theo e Guy Thwarte, por exemplo, foram interpretados por Guy Remmers e Matthew Broome, atores recém-saídos da escola de teatro e que em Os Bucaneiros atuaram pela primeira vez em uma produção de televisão.
Nan St. George, papel da atriz Kristine Froseth, tem um grande destaque na trama e chama atenção com sua personalidade autêntica. “Eu e ela [Kristine] entramos em uma jornada juntas sobre várias coisas, sobre como seria o cabelo dela, e ela queria que fosse um visual um pouco boyish. A gente queria um visual natural na Nan, com o qual as pessoas poderiam se conectar”, afirma Susanna White.
As outras personagens que completam o grupo de cinco garotas, Conchita Closson (Alisha Boe), Mabel Elmsworth (Josie Totah), Lizzy Elmsworth (Aubri Ibrag) e Jinny St. George (Imogen Waterhouse), também trazem temáticas importantes para a série e discussões sobre racismo, LGBTfobia e relacionamentos abusivos. Com esses assuntos, as produtoras esperam conquistar um público diverso. “Eu espero que pessoas mais novas e mais velhas amem a história. Ela tem todos os ingredientes que tradicionalmente encontramos em uma série de drama. O figurino, as locações, o romance… Mas também tem um olhar atual nesse gênero, e eu espero que os jovens se identifiquem e que a história os atraia“, finaliza Katherine Jakeways.
Os Bucaneiros estreia na Apple TV+* em 8 de novembro com três episódios, seguidos por novos todas as quartas-feiras até 13 de dezembro.
*As assinaturas do streaming feitas através deste link podem render algum tipo de remuneração para a Editora Abril.