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Lia Clark destaca suas raízes do funk em Lia Clark: The Álbum

Em entrevista exclusiva, a "drag queen do funk" nos contou mais sobre o processo criativo de seu novo álbum de estúdio

Por Arthur Ferreira 28 out 2023, 10h03

Lia Clark empolgou o público com seu novo álbum de Estudio, intitulado o Lia Clark: The Album. Em entrevista exclusiva à CAPRICHO, a cantora, conhecida por ser a “drag queen do funk”, compartilhou detalhes sobre seu novo projeto, que apresenta várias sonoridades e referências do funk brasileiro.

“Estou animada, mas mais aliviada. Faz anos que estou trabalhando nesse álbum e finalmente vai ser lançado. Eu estava com uma energia muito presa dentro de mim e finalmente vai sair”, compartilhou Lia.

Segundo a cantora, os fãs podem esperar a consolidação de um projeto que ela vem desenvolvendo cuidadosamente nos últimos dois anos. “A gente já vem construindo essa narrativa do Lia Clark: The Album, que foi algo que eu decidi fazer no pós-quarentena. Foi um momento em que eu comecei a amadurecer, a me entender e foi um processo meio louco de autoconhecimento”, afirmou a artista.

A carreira de Lia Clark, de seus sonhos de infância ao estrelato que alcançou, é motivo de grande orgulho e reflexão para a artista. Ela ressaltou que seu papel na música vai além da arte, pois representa a quebra de barreiras e a promoção da diversidade, especialmente na comunidade LGBTQIAP+ dentro do funk.

O gênero que é a essência da carreira de Clark é a base deste álbum que promete levar os ouvintes por diversas vertentes dele: “Foi o estilo que me colocou na vida das pessoas que me ouvem, me colocou no cenário musical e que eu me identifico tanto.

O álbum visa consolidar suas raízes como a “drag do funk”, contando com colaborações especiais, como Pabllo Vittar, Valesca Popuzada, e Tati Quebra Barraco. A cantora também destacou que as artistas foram grandes inspirações para o projeto, enquanto também acrescentou sua admiração por ícones do pop como Britney Spears.

Lia Clark, Valesca Popuzada e Tati Quebra Barraco
Lia Clark, Valesca Popuzada e Tati Quebra Barraco Rodolfo Magalhães/Divulgação

Uma das facetas mais interessantes deste novo álbum é a jornada de amadurecimento que a cantora experimentou durante sua produção. Lia revelou que, ao dirigir o álbum por completo, ela aprendeu a expressar com clareza suas ideias e desejos, consolidando seu papel na indústria da música.

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Com a turnê já em andamento, planos futuros para um programa no Canal E! e uma música nova para o Carnaval, Lia se prepara para continuar sua trajetória de sucesso, sempre com o apoio fervoroso de seus fãs: “Eu me sinto grata e esse é o grande porquê de eu continuar fazendo isso: saber que tem pessoas que estão ali, me cobram, vão no meu show e cantam todas as músicas.”

Leia a entrevista com Lia Clark na íntegra:

CH: Como está a ansiedade para esse lançamento?

Lia Clark: Estou animada, mas mais aliviada. Faz anos que estou trabalhando nesse álbum e finalmente vai lançar. Eu estava com uma  energia muito presa dentro de mim e finalmente vai sair.

CH: Lia, você anunciou seu mais novo álbum, “Lia Clark: The Album”. Pode nos contar o que os fãs podem esperar deste novo trabalho?

L: Eles podem esperar a conclusão de um projeto que eles estão acompanhando há pouco mais de dois anos. A gente já vem construindo essa narrativa do Lia Clark: The Album, que foi algo que eu decidi fazer no pós-quarentena. Foi um momento em que eu comecei a amadurecer, a me entender e foi um processo meio louco de autoconhecimento.

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Eles podem esperar bastante funk. A gente vai abordar várias vertentes do funk e levar ele como essência e base desse álbum. Foi o estilo que me colocou na vida das pessoas que me ouvem, me colocou no cenário musical e que eu me identifico tanto.

CH: O álbum mergulha nas diversas vertentes do funk. Quais foram suas maiores inspirações para o projeto?

L: As minhas maiores inspirações para o álbum como um todo estão no projeto. A Valesca Popuzada e a Tati Quebra Barraco foram as minhas primeiras referências de mulheres no funk quando eu era criança e escutava música sem saber muito o que estava acontecendo. Eu me lembro muito delas e elas marcaram minha vida de alguma forma. Eu também sou muito fã da música pop. Eu sou muito da Britney Spears e ela me levou a acompanhar todo esse rolê, então é toda essa junção mesmo. Esse álbum veio bastante para firmar minhas origens como a “drag do funk”. Para mim, tem dois pilares que representam muito isso no projeto: um feat com a Pabllo Vittar, que é a drag das drags, e um com a Valesca e a Tati, que são as rainhas do funk.

CH: O funk tem uma longa história no Brasil. Como você vê o seu papel na evolução desse gênero musical e na celebração da diversidade dentro dele?

L: Foi algo que eu fui criando noção durante a minha carreira. Eu comecei porque eu gostava muito e sempre toquei funk, então era na brincadeira. Depois eu vi que eu estava assumindo um lugar muito grande na sociedade e na comunidade. Eu vejo que o meu papel foi trazer o funk para a gente, né? Eu lembro que eu ia bastante nas baladas LGBTQIAP+ em Santos e eu sempre escutava um cara hétero cantando. E aí eu trouxe isso para mim sem perceber, e do nada tinha uma gay preta de peruca rodando o Brasil e as pessoas se sentiram representadas nisso. Depois disso vieram outros artistas LGBTQIAP+ fazendo música, então eu sinto que eu trouxe essa representatividade para dentro da comunidade. Eu sinto que tenho o meu papel de ter aberto esses caminhos do funk para a comunidade e tomara que a gente consiga atingir cada vez mais os grandes grandes palcos e os grandes números.

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CH: Você mencionou que o processo de produção do álbum foi uma “jornada de amadurecimento”. Pode compartilhar um pouco mais sobre como esse amadurecimento se reflete na música?

L: Isso vem bastante do fato deste álbum ser 100% dirigido por mim, né? E quando eu comecei a fazer música eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo. Eu sabia que tinha que escrever, cantar em cima de uma batida e ficar bonito, pronto! Era muito intuitivo: “eu gosto disso, eu não gosto daquilo, isso ficou legal, isso não ficou”. Eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo, isso durante o meu primeiro EP e no álbum É da Pista, que eu já estava entendendo mais ou menos o que estava acontecendo, mas ainda não 100%. 

Quando veio a quarentena, foi um momento de autoconhecimento e amadurecimento pessoal e profissional. Eu comecei a procurar vídeos do YouTube, a entender nomenclaturas e a analisar as coisas de um jeito diferente. Foi nesse momento que eu tomei a coragem de colocar para fora o que eu quero. Isso reflete muito no amadurecimento musical, porque eu já tinha feito músicas que eu não gostava muito, mas eu pensava: “Ah, tá bom, às vezes sou eu que não sei mesmo, não entendo muito bem.” Agora quando eu estou conversando com produtores ou compositores, eu sei dar o caminho, me expressar e falar o que eu quero. É um trabalho de direção mesmo que eu assumi e deu certo, eu acho que esse álbum ficou maravilhoso.

CH: Ao dirigir o álbum do começo ao fim, quais foram os maiores desafios que você experimentou durante o processo criativo?

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L: Eu acho que a maior dificuldade é conciliar tudo. Tentar compor, dirigir, sair em turnê, pensar em videoclipe, e tudo acontecendo ao mesmo tempo. Eu acho que a Anitta falou isso em alguma entrevista: lá fora as coisas acontecem muito gradualmente, a pessoa pega um tempo para produzir o single, lança o álbum e depois sai em turnê. Aqui no Brasil, se você não faz tudo, acaba não tendo tanto engajamento. Esse é um dos motivos desse álbum ter sido lançado em tantas partículas. É um trabalho muito grande para lançar de uma vez e depois de dois meses as pessoas esquecerem. Então eu acho que essa foi a maior dificuldade: tinha tudo para fazer ao mesmo tempo. Graças a Deus eu colaborei com pessoas maravilhosas que deixaram isso mais fácil para mim

CH: Você cresceu apaixonada pelo mundo da música e agora está lançando um álbum totalmente dirigido por você, e recentemente alcançou o palco do The Town. Como foi ver essa jornada de infância se tornando realidade?

L: É surreal! Eu fico feliz quando eu passo por esses momentos grandes e que me fazem parar um pouco. Como eu disse, tudo acontece muito rápido e quando eu vejo que algo está demandando muita energia e é de suma importância, como um lançamento de um single ou álbum, eu me transporto bastante para a criança que existe dentro de mim. Isso me faz entender tudo porque quando você está na correria, você esquece e as coisas acabam se tornando naturais. 

Quando eu paro, penso e analiso, eu vejo a importância de tudo o que está acontecendo e eu tento expressar isso de alguma forma para as pessoas que me acompanham tipo, caralho. A sociedade que eu encontrei quando era criança, não era para acontecer um viado cantando funk de peruca, sabe? E a gente conseguiu de alguma forma. Então eu tento transmitir não só para encorajar, mas para eles entenderem porque eu acho que essa relação de artista e fã é muito sobre conexão.

CH: Falando em single, você lançou SEREIA esse ano, com a Pabllo Vittar. Podemos esperar uma sonoridade parecida? Como foi a recepção dessa música?

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L: Eu amo SEREIA, inclusive, muitas pessoas reclamaram que o álbum, agora que ele vai se completar, só tem três faixas novas, né? E SEREIA faz parte da segunda parte desse projeto. A partir do momento que a gente idealizou essa música com a Pabllo, e ela realmente tomou vida, eu achei que não tinha como lançar junto com o álbum todo. Era uma uma música que precisava do momento dela, de mais atenção e de tudo feito muito cuidadosamente, porque são momentos grandes da carreira. 

Foi maravilhoso, não só a recepção, mas foi maravilhoso fazer isso com a Pabllo. Eu acho que foi um momento da nossa carreira que foi muito bom esse lançamento. Superou todas as minhas expectativas, e agora que eu estou em turnê e ela está no repertório, eu vejo como isso é real.

CH: Você tem alguma música favorita do álbum?

L: Isso é muito difícil. Como eu dirigi todo o álbum, todas são minhas filhas e eu amo todas. Mas das novas, eu amo PENTADA++ com a Valesca e com a Tati. Essa música para mim é perfeita. A favorita da minha equipe é Mete Marcha, a galera ama essa música demais. No meu coração, quando eu penso no projeto como um todo, eu amo VRAU. Eu amo essa música demais.

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CH: Pela foto de capa, conseguimos ver que desta vez você apostou mais em cores quentes. Pode compartilhar um pouco mais sobre o conceito visual do álbum? 

L: O conceito visual segue a mesma linda desde a primeira parte do projeto. Tudo foi arquitetado por mim e pela minha equipe. E como é o mesmo álbum dividido em duas partes, eu queria que tivesse uma continuidade, né? Então eu queria estar de trança, queria cabelão, eu queria estar com uma roupa que não fosse de tecido, porque a gente não usou tecido na primeira parte também. A gente pensou em todo o conceito de fazer roupas de cabelo em todos os clipes das músicas novas. As tranças gigantonas formando meu nome é  uma referência da parte um, só que com algumas transformações.

As cores estão basicamente ao inverso, né? Na primeira parte as cores são mais vivas: o céu é azul e eu tô mais alaranjada, é uma vibe mais dia. Enquanto isso, essa nova parte é uma coisa mais noite, mais escura.

CH: Como está sendo a turnê e quais são as expectativas para o futuro após o lançamento do álbum? 

L: Nós estreamos a turnê no palco do The Town e estamos rodando o Brasil, e vamos continuar por um bom tempo. Agora vou começar a gravar um programa para o Canal E! com a DaCota Monteiro, eu vou ficar um mês fora e tive que bloquear minha agenda. Então vai vir aí eu sendo apresentadora de um programa que eu não posso falar muito ainda, né? Porque ainda está sigilo, mas vai acontecer. 

Também já estamos produzindo uma música nova para o carnaval. Tivemos agora a conclusão do álbum, vamos ter aí alguns clipes e divulgações, mas em janeiro já queremos estar em outra era e vamos ver como vai rolar.

CH: Nos últimos anos, você se consolidou como um grande nome do pop brasileiro e está conquistando cada vez mais uma fã base sólida. Inclusive, no último mês você foi super elogiada pela sua apresentação no The Town. Como você vê esse momento da sua carreira e esse apoio dos seus fãs? 

L: Eu me sinto grata e esse é o grande porquê de eu continuar fazendo isso: saber que tem pessoas que estão ali, me cobram, vão no meu show e cantam todas as músicas.  Quando eu não era artista, eu imaginava como era isso, né? Eu pensava que seria um super combustível, e agora eu sei que é exatamente isso. Por mais que fosse meu sonho, se não houvesse ninguém para escutar e para ir nos meus shows, não ia fazer muito sentido. Então, fico muito feliz porque são mais de sete anos de carreira, de construção de trabalhos, de dores de cabeça, mas também de muita felicidade. Toda vez que eu chego nesse ponto de olhar para trás, eu vejo que valeu a pena e que estamos andando para frente.

Escute o Lia Clark – The Album

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