Em seu vigésimo ano, o Coachella mais uma vez mostrou por que é um dos festivais de música mais badalados do mundo. O segredo pode estar na sintonia com pautas que muitas vezes não se restringem ao mundo da música. Nesta edição, o festival no deserto da Califórnia parece ter sido conduzido pela temática da representatividade, levando aos palcos ritmos ainda pouco explorados na indústria americana, como o reggaeton e o k-pop.
Logo no começo do primeiro dia do segundo fim de semana do evento (quando a CAPRICHO esteve lá), a espanhola Rosalía apresentou suas versões moderninhas da música flamenca no palco. Mas foram as meninas do BLACKPINK, grupo sul-coreano que estourou em 2016 com um pop frenético, que fizeram o público pirar de vez.
Na sequência, Janelle Monáe — negra e declaradamente pansexual — resumiu bem o sentimento de quem foi ao Coachella este ano: “queria dizer que é uma honra estar no palco hoje representando jovens, mulheres, negras, gays, lésbicas, imigrantes, entre tantas outras minorias”, disse a cantora de Make me Feel. “Obrigada ao meu irmão Childish [Gambino] e à Beyoncé por nos abrirem tantas portas”, completou. Impossível esquecer o #beychella do ano passado, né?
Por falar em Childish Gambino, o alter ego de Donald Glover também pareceu ter se inspirado em Beyoncé para a sua performance. O ator, rapper, diretor, roteirista e humorista fez jus aos seus tantos predicados. O show do criador de Atlanta foi digno de um episódio da série ou de um mega concerto à la Queen B — mesmo que, como o próprio observou em um de seus discursos, o público ainda seja composto por uma maioria classe média branca.
Mas trazer maior variedade de artistas para o lineup é o primeiro passo para aumentar a inclusão entre o público também. Quem esteve no show do colombiano J Balvin no dia seguinte há de concordar: ali, a língua dominante era o espanhol, e o ritmo, latino. Faltou só um sabor brasileiro (alô, Anitta!), e houve até boatos de que a cantora faria um aparecimento relâmpago para um feat, mas foram só rumores mesmo… Fica para a próxima!
Lembram que a Janelle falou em representar jovens? Desculpa aí, Janelle, mas a verdadeira representante dos novinhos foi Billie Eilish. Com 17 anos, a californiana provou que é um fenômeno real oficial. Qualquer um que tentasse cavar um espacinho em meio à multidão era encarado com olhares de desaprovação por tê-los tirado do transe instaurado pelas caras e bocas da cantora. Billie, a gente te venera!
O dia seguinte continuou com Khalid, outro que fez sucesso ainda adolescente e que inclusive tem uma música em parceria com a Billie. Em uma performance fofa, eles nos lembrou que não há nada de errado em ser “young, dumb and broke” (jovem, burro e sem grana), porque ainda temos amor para dar. E é isso que importa, né?
Falando em amor, Ariana Grande conquistou o público no encerramento da noite e da edição do Coachella de 2019 — ainda que o show tenha focado muito mais em amor próprio do que romântico. A cantora foi mais uma que se inspirou em Beyoncé, com direito a grafite #Arichella em uma das decorações no palco, para mostrar que está cada vez mais poderosa. A coroação veio com os hits break up with your girlfriend, i’m bored, 7 rings e Dangerous Woman.
Como se lacre atrás de lacre fosse pouco, e quando todo mundo achou que o show estava chegando ao fim sem nenhuma participação especial (no primeiro fim de semana ela levou *NSYNC ao palco), eis que aparece ninguém menos que Justin Bieber. Os dois apresentaram Sorry e fizeram valer cada segundo de quem encarou o vento e o frio para ficar até o fim. Thank u, Ariana Grande. E até o próximo ano, Coachella!