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O que existe ‘Dá ponte pra lá?’

Em seu primeiro grande papel, Victor Liam amplifica voz da periferia em nova série da MAX, ao lado de Gabz e João Guilherme.

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 3 jun 2024, 21h29 - Publicado em 26 abr 2024, 19h00
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V

ictor Liam trouxe um protagonista cativante como ponto central do grande mistério de Da Ponte Pra Lá, produção nacional exclusiva da MAX, que estreou na primeira semana deste mês de Abril.

“O que mais me fez querer [esse projeto] foi estar lá para poder representar a minha comunidade. Eu sendo uma representatividade. Eu podendo mostrar para as pessoas quem somos nós”, disse à CAPRICHO.

A série retrata realidades completamente distintas de três jovens na cidade de São Paulo, que têm suas histórias conectadas por mistérios, segredos e questões de raça e classe. Tudo começa quando Ícaro, personagem de Liam, morre. Em busca de respostas, Malu, vivida por Gabz, entra em uma escola da elite paulistana para descobrir quem está por trás do que aconteceu com seu melhor amigo.

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“O que mais me fez querer [esse projeto] foi estar lá para poder representar a minha comunidade. Eu sendo uma representatividade. Eu podendo mostrar para as pessoas quem somos nós”

Victor Liam

Ambientada na capital paulista, a produção reflete paralelos que destacam desigualdades sociais e também ressaltam aspectos culturais importantes, como a música, que chega como uma potência de expressão na história. “A arte é um elemento muito forte dentro da periferia de São Paulo, é um elemento muito transformador na vida dos jovens periféricos daqui”, declarou Gabz em papo com a CH.

Vivendo na alta sociedade, Enzo, interpretado por João Guilherme, lida com uma série de conflitos internos e o ator sabia que era a pessoa certa para o papel desde o início.

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“Tem muita coisa no contexto do Enzo que lembrava um pouco das experiências do João Guilherme, por mais que ele seja muito diferente quanto à personalidade e a maneira de lidar com seus problemas”. Os três contaram muito mais para a CAPRICHO em uma entrevista exclusiva, que você pode ler abaixo (e ah, a plataforma vai liberar dois episódios por semana, viu? Fique ligado!).

CAPRICHO: Quando receberam o roteiro, qual foi o ponto que mais chamou a atenção e atraiu vocês para a história?

Gabz: Olha, muita coisa, hein? Eu escolhi essa personagem, de verdade. Primeiramente, porque eu queria contar essa história, eu tinha muita vontade de contar uma história falando do hip-hop mesmo, falando de corpos trans, falando de uma juventude mais do jeito que ela é, sabe? Eu fiquei muito animada com isso. Ator é tudo meio maluco, então às vezes era meio: “Ah, eu fiquei animada por retratar luto.” Tipo, papo de maluco, né? [risos], mas é verdade. Eu queria muito retratar isso porque eu acho o luto uma sensação muito rica, muito interessante de se trabalhar na atuação porque são muitas camadas, são muitos momentos, e eu queria muito falar sobre isso. A Malu me encantou desde o primeiro momento porque ela fala sobre uma realidade que eu sempre quis ver sendo exposta nas telas.

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João Guilherme: Quando [o roteiro] chegou em casa… Eu fiquei maluco, na real. Porque há algum tempo eu queria um projeto um pouco mais maduro, um projeto que eu pudesse viver coisas que eu ainda não tinha feito como ator. E aí, quando recebi o projeto, tinha tudo isso. Também tem toda uma história que se passa em São Paulo, onde eu nasci, onde eu fui criado e tem muita coisa no contexto do Enzo que lembrava um pouco das experiências do João Guilherme, por mais que ele seja muito diferente quanto à personalidade e a maneira de lidar com seus problemas. Quando eu vi isso, eu falei: “Pô, tem que ser eu.” O negócio é da ponte para lá e aí eu olhei pela janela e vi a ponte, tá ligado? É a ponte que eu passo todo dia, eu passo nessa ponte onde acontece a tragédia com o Ícaro, muitas vezes.

Victor Liam: Eu queria me sentir lendo real, pela primeira vez, com todo mundo. Tanto que quando eu li o roteiro, foi com todo mundo. Quando fomos ler pela primeira vez, que juntou o elenco, foi ali que descobri o que realmente ia acontecer. Eu sabia o básico, mas o que mais me fez querer [esse projeto] foi estar lá para poder representar a minha comunidade. Eu sendo uma representatividade. Eu podendo mostrar para as pessoas quem somos nós. Podendo representar toda essa comunidade linda, que tem um espaço lindo e precisa ganhar mais espaço, voz e tudo. Então, acho que foi isso que mais me deixou com aquele pensamento de: “Eu preciso desse papel!” [risos]

E quando vocês conhecem a história, ainda dá para se surpreender com as reviravoltas ou vocês acabam descobrindo tudo de uma vez?

João Guilherme: A gente toma tudo meio na cara, né? [risos]

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Gabz: É que série é uma obra fechada, então sabemos de tudo e esse é o grande desafio do bagulho. Temos que manter o mistério ali, aceso, mesmo sabendo o que vai acontecer. Só que ali, no momento, temos que fingir surpresa.

Victor Liam: Na hora que a gente leu, eu chorei muito. Muito, muito, mesmo.

Gabz: Eu sou muito assim, porque eu leio e fico muito emocionada. Vou lendo e sentindo. Quando é uma cena triste, fico triste. Sou muito fanfiqueira, então o máximo que acontece é que fazemos fanfics da 2ª temporada. Temos teorias e mais teorias dessa 2ª temporada. Dizemos: “Tem que acontecer isso. Tem que acontecer aquilo.” Agora vocês têm que assistir para dar força para a gente com essas fanfics.

João Guilherme: É muito louco. Quando chega [o roteiro], eu leio tudo de uma vez. Eu fico com muita sede. Eu leio tudo, um atrás do outro. Em 40 minutos, já sei o que acontece na série toda.

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O Ícaro, personagem do Victor, está no núcleo central da história. Todo o mistério se desenrola ao redor dele. Como foi desenvolver esse personagem tão criativo no seu primeiro papel e ainda amarrar as narrativas dessa forma?

Victor Liam: Eu acho que tive dificuldades, mas, da mesma forma, eu tive muita facilidade porque eu, literalmente, estava saindo da minha comunidade, da minha periferia, da minha favela, tá ligado? A série fala “da ponte pra lá”, quando eu saía, eu estava saindo de duas pontes porque passo a ponte de Guarulhos e depois a outra ponte. Foi muito interessante. Eu fiquei abismado, eu fiquei chocado. Pensei: “Pô, estou vivendo literalmente da ponte para lá, só que com algumas coisinhas a mais, algumas coisinhas a menos.” Então, foi fácil, eu tive a facilidade de dosar isso. Mas tive uma dificuldade por não conhecer o outro lado tão bem assim, que é algo que o personagem tem. Isso ajudou muito na questão da conexão com o pessoal. Eu acho que o elenco em si teve uma conexão incrível, mesmo.

“A série fala “da ponte pra lá”, quando eu saía, eu estava saindo de duas pontes porque passo a ponte de Guarulhos e depois a outra ponte. Foi muito interessante. Eu fiquei abismado, eu fiquei chocado.”

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