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O universo de possibilidades que Pedro Rhuas criou com a literatura

O autor conversou com a CH sobre sua trajetória no cenário literário e refletiu sinais do universo no processo de escrita de Enquanto eu não te encontro

Por Anny Caroline Guerrera Atualizado em 9 dez 2022, 20h02 - Publicado em 23 nov 2022, 12h38

Desde a infância, Pedro Rhuas – autor do título de sucesso Enquanto eu não te encontro – desenvolveu uma grande paixão pela escrita e pelo cenário literário, passando por diversos momentos marcantes até publicar seu atual sucesso, lançado pela Seguinte em 2021. Agora, com mais de 50 mil exemplares vendidos, ele se prepara para novos passos que farão parte do Rhuasverso, seu próprio universo conectado dentro da literatura.

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O despertar do amor por livros

A história de Rhuas com a leitura começou cedo. Na pré-adolescência, ele já estava envolvido em comunidades literárias através de plataformas como o Orkut. “Foi um despertar pra mim porque foi essa paixão voluntária pelos livros, né? De me apaixonar pela literatura de uma maneira muito natural, sem ser algo forçado”, relembrou Pedro em conversa com a CH.

Foi justamente por meio desse amor que a literatura começou a tomar forma em projetos de sua vida e, no Ensino Médio, ele e mais dois amigos construíram o primeiro Clube do Livro do Instituto Federal do Rio Grande do Norte. A ideia chegou a ser expandida para outros Institutos da região e Rhuas foi mergulhando cada vez mais fundo no assunto, com uma oportunidade que permitia que ele não só criasse novas amizades, como também ampliasse suas possibilidades na área.

Dentro dessa paixão que foi surgindo, eu fui também aprendendo a amar escrever“, contou Pedro, que passou a participar de sites literários como redator e colunista. Em suas colaborações, ele escrevia resenhas, notícias e conduzia diferentes pautas que mostraram um novo caminho para que ele fundasse seu próprio projeto, intitulado O Livreiro. “Foi uma jornada de desenvolvimento enquanto leitor”, disse sobre as mudanças ao adentrar a produção de conteúdo literário e como se assume um certo “protagonismo na maneira com que se fala sobre as histórias que lê.”

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A escrita como uma nova possibilidade

Imerso no universo literário, o pensamento inicial para escrever uma história original veio em 2016, cerca de um ano após Pedro ter ingressado no curso de Jornalismo na faculdade: “Esse amor pelos livros é algo que eu tenho construído desde muito cedo na minha vida. Primeiro, como leitor, depois como produtor de conteúdo literário e, finalmente, como escritor, abraçando a escrita como uma possibilidade de existir, de me colocar no mundo.

A história surgiu em uma noite de feriado de Carnaval, quando Rhuas estava deitado na rede de sua casa e começou a escrever: “Era uma voz muito genuína porque era uma voz muito parecida com a minha“, contou ele. Com diversas similaridades entre sua rotina e a do protagonista Lucas, o autor tentou trazer um diferencial no enredo: “O que seria esse extraordinário acontecendo? Um amor à primeira vista com um francês nessa balada. Um elemento de comédia romântica e até de uma espécie de fantasia.”

Com isso, o primeiro rascunho do livro causou uma certa sensação de algo que parecia distante para ele: “Escrever Enquanto eu não te encontro naquele momento foi uma experimentação de viver nas páginas o que se parecia bastante inalcançável na minha própria vida. Então, o livro surge desse lugar, dessa brincadeira de expectativa, desse desejo pelo novo, por viver uma comédia romântica, por desejar uma cena de filme na minha vida.”

E o processo de criação do livro foi bem demorado, mas Pedro revelou que isso estava relacionado com algumas pausas importantes para o desenvolvimento da história, já que este foi um período em que ele viveu novos projetos e experiências que refletiram na narrativa de Lucas e Pierre no futuro.

“Um intervalo bastante significativo foi do primeiro rascunho do livro em 2016. Parei porque eu tinha vivido a minha adolescência toda entre livros. Chegou um momento ali, no início da graduação, começando a vida adulta, dos meus 19 pros 20 anos, em que eu disse: ‘Não dá mais pra ficar atrás dos livros. Eu preciso viver de uma outra maneira.’ E foi uma fase bem interessante, em que comecei a fazer parte da cena drag de Natal, onde eu estava morando”, disse ele antes de recordar também o tempo em que ganhou uma bolsa para estudar fora do país.

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Destacando o quanto esses momentos de pausa impactaram a história, Pedro explicou como integrou novas questões, como colorismo, ao livro: “Os tempos em que eu não a escrevi vieram trazer o mais importante: uma diferenciação entre quem era esse narrador, dar uma voz própria a esse narrador que não fosse necessariamente a minha”, afirmou sobre as diferentes vivências que buscou abordar. “Tanto que a história surge como um reflexão de mim mesmo, depois ela se amadurece o bastante para caminhar com seus próprios pés.

Decidido de que lançaria seu livro em 2019, Rhuas retornou ao Brasil com a notícia do concurso literário da Seguinte: “Me inscrevi com Enquanto eu não te encontro em um timing perfeito.” Só que, em 2020, a pandemia fez com que o resultado fosse adiado e o escritor decidiu publicar o projeto de forma independente, recebendo uma resposta calorosa e apoiadora do público.

“Em junho de 2020, a Seguinte anunciou que Enquanto eu não te encontro havia sido o grande vencedor da FLIPOP. E, a partir daí, nós tivemos mais um ano de preparação desse livro, que saiu das plataformas digitais, até ele ser publicado pela Seguinte em julho de 2021″, celebrou.

Enquanto eu não te encontro

Após a publicação, Enquanto eu não te encontro cativou leitores no Brasil inteiro e Pedro passou a receber diversas mensagens de pessoas que se identificam com a história, o que o autor considera um dos maiores presentes que recebeu: “Fui o jovem que cresceu buscando representatividade, que cresceu buscando identificação nas histórias que eu lia”, ressaltou.

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“Eu não encontrava uma história jovem, nordestina e LGBTQIAP+ com protagonista que sentia as dores que eu sentia, que vinha dos lugares de onde eu vinha, que usava os memes, que ouvia as músicas e assistia aos filmes que eu amava”, afirmou. E, para deixar essa atmosfera ainda mais autêntica e fiel ao que vivia, Rhuas confessou que chegou a gravar conversas descontraídas entre seus amigos, recheando ainda mais o texto com referências da cultura pop e de seu cotidiano.

“Sempre soube, intuitivamente, que queria que o livro fosse uma máquina do tempo pessoal pra mim. Que eu queria preservar gírias, memes e expressões para, no futuro, quando eu estivesse velho, reler aquilo e viajar de volta para minha juventude”, disse Rhuas sobre a oralidade divertida e repleta de comentários que são muito vistos nas redes sociais.

Muito mais do que apesar revisitar o passado, a escrita nesse formato também é uma forma de retratar o cenário em que vive: “Era uma maneira minha de celebrar esse universo que estava ao meu redor“, disse Pedro sobre a vontade de trazer algo genuíno para a linguagem e para a experiência de quem lê o enredo.

“É um presente pra mim, ser capaz de proporcionar aos meus leitores a poderosa sensação de casa, de um lar, de sentir que suas existências não são solitárias, que nós merecemos ser celebrados enquanto indivíduos mas também enquanto comunidade”, completou.

Pedro Rhuas com seu livro
Pedro Rhuas com seu livro “Enquanto Eu Não Te Encontro” Instagram/Reprodução

Para construir o cenário da história, que é ambientada no Nordeste, Pedro se inspirou em locais em que cresceu e que frequenta: “Foi uma experiência de olhar para a minha cidade”, disse o autor, que também ficou animado por poder contar com referências para quem for ler ou escrever novas narrativas no futuro.

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“Fico feliz de saber que novos leitores e jovens escritores também podem ter uma referência de como estar explorando seus lugares afetivos dentro das histórias que, por ventura, possam escrever e contar”, compartilhou ele.

Nada acontece por acaso

A jornada até a publicação pode ter sido longa, mas ela também foi repleta de mensagens do universo que também são refletidas na narrativa. “Ao longo desse livro, eu recebi inúmeros sinais do universo. Enquanto eu não te encontro não teria sido escrito sem a mãozinha do universo ali incentivando que essa história acontecesse.”

Desde encontrar um francês chamado Pierre – o mesmo nome do personagem da história – em Natal até amores à primeira vista fora do Brasil, as coincidências fizeram com que Rhuas acreditasse nos sinais que recebia. “Eu escrevo sobre amores à primeira vista porque todos os amores que eu tive foram à primeira vista”, revelou Rhuas. Ele até brincou com o fato de que muita gente não acredita nisso, mas que ele é a prova de que acontece.

Pedro também refletiu que antes de tudo se considerava cético quando se tratava do assunto mas que as coisas mudaram no decorrer dos anos: “O universo foi manifestando na minha vida pessoal elementos que eu vivenciava na história. E tudo isso foi e é muito importante pra mim porque me colocou mesmo nessa posição de que eu não estou sozinho e que tudo se alinhava porque literalmente tudo se alinhou.”

A trilha sonora

Indo além da narrativa nas páginas, Pedro também trouxe uma trilha sonora para acompanhar a leitura de Enquanto eu não te encontro e ele usou muito de suas experiências pessoais no processo de composição das canções, trazendo também características dos personagens do enredo.

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O escritor ainda explicou que uma decepção amorosa também afetou o desenvolvimento da trilha do livro de diferentes formas. “Aquele coração partido foi a força que eu precisava para olhar para dores antigas minhas, mergulhar ainda mais na minha jornada de autoconhecimento”, refletiu ele.

Rhuas ainda acredita que esse lugar mais sensível tem uma grande força em determinadas situações: “Não tem nada mais poderoso, às vezes, do que os espaços de vulnerabilidade em que a gente se encontra e se permite estar.” Foi assim que, em uma caminhada de aproximadamente 3 km em Lisboa, ele compôs a faixa título do livro por inteiro.

“Boa parte das músicas, embora reflitam também a jornada pessoal do Lucas e do Pierre, do amor deles ao longo da história, elas também traziam o meu coração apertadinho, mas disposto a criar”, disse ele sobre a criação das músicas.

#PR2

Para os próximos passos de Pedro Rhuas, podemos aguardar o novo livro do autor, que faz parte do Rhuasverso e, provavelmente, terá conexões com o primeiro título publicado por ele. Assim como foi feito com o primeiro lançamento, o #PR2 também vai contar com uma trilha sonora original assinada por Pedro.

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Agora é só aguardar o #PR2!

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