Olivia Rodrigo e outros 150 artistas apoiam campanha pró-aborto nos EUA
Artistas assinaram manifesto para que Suprema Corte do país não dê nenhum passo atrás; interrupção da gravidez é garantida desde 1973
Sim, a sua artista preferida, e mais outros 150 – entre eles Olivia Rodrigo, Camila Cabelo e Shawn Mendes – assinaram um manifesto contra a provável decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que estuda a revisão do direito ao aborto. O apoio ganhou visibilidade após anúncio de página inteira aparecer no jornal The New York Times na última sexta-feira (13).
A divulgação trouxe uma lista com o nome de todas as celebridades que apoiam a a campanha #BansOffOurBodies (Tire suas proibições de nossos corpos, em tradução livre), da organização Planned Parenthood – que defende o direito à interrupção da gravidez no país.
Ver essa foto no Instagram
A organização denuncia as intenções da Suprema Corte de revogar sua própria decisão que torna o aborto legal no país. Nesta semana, o vazamento de um parecer preliminar dos ministros indica que a Corte, quase cinquenta anos depois, pode reverter a medida.
“A Suprema Corte está planejando derrubar Roe v. Wade”, dizia o anúncio, referindo-se à decisão histórica de 1973 que legalizou o procedimento. “Nosso poder de planejar nosso próprio futuro e controlar nosso próprio corpo depende de nossa capacidade de acessar cuidados de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o aborto.”
Compositores, atores, modelos e outras celebridades assinaram o texto, que convidava o público a sair às ruas neste sábado (14) e participar de manifestações. Entre eles, estão Billie Eilish, Camila Cabello, Demi Lovato, Dove Cameron, Hailee Steinfeld, Halsey, Hayley Kiyoko, Lauren Jauregui, Megan Thee Stallion, Meghan Trainor, Melanie Martinez, Miley Cyrus, Noah Cyrus, Paramore, Phoebe Bridgers, Rina Sawayama, Selena Gomez, Shawn Mendes, Tate McRae, Tinashe, e mais.
Em petição online, a Planned Parenthood afirma que “nossos corpos são nossos – se não forem, não podemos ser verdadeiramente livres ou iguais” e que, “em todo o país, alguns políticos estão tentando tomar decisões sobre nossos corpos por nós (…). Juntos, dizemos: Tire suas proibições de nossos corpos!”
Outras organizações que defendem os direitos das mulheres estão envolvidas na divulgação campanha, como UltraViolet, MoveOn e Women’s March. “O aborto ainda é legal. Ainda é seu direito. Mas a Suprema Corte está preparada para acabar com seu direito constitucional. Nosso país está enfrentando uma crise de acesso ao aborto. Até este verão, 26 estados podem proibir o aborto – afetando 36 milhões de mulheres e pessoas que podem engravidar. Isso é pessoal”, alerta a campanha.
Apesar de conservadores terem comemorado o vazamento do rascunho e seu resultado, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou que considerar a reversão é também “muito prejudicial” para a economia, impedindo que as mulheres finalizem estudos, reduzindo o potencial de renda ao longo da vida e mantendo algumas fora da força de trabalho.
Aprovado pela Suprema Corte em nível federal no caso Roe v. Wade, em 1973, o direito ao aborto é permitido nos Estados Unidos até o chamado “ponto de viabilidade” do embrião, ou seja, entre 24 e 28 semanas de gestação. Após este período, é entendido que o feto pode sobreviver fora do útero e o aborto só pode ser feito se houver risco de saúde para a mulher. A decisão foi muito avançada para a época e, agora, quase cinquenta anos depois, o tribunal anda na direção contrária.
Desde 2018, alguns estados norte-americanos já vinham traçando estratégias mais consolidadas para proibir o acesso ao procedimento. Legislações recentes aprovadas no Alabama e no Missouri, por exemplo, têm proibições mesmo em casos de estupro, estabelecendo a existência do “direito à vida desde a concepção”, algo que também é discutido no Brasil – onde o aborto só é permitido hoje se for decorrente de estupro, representar risco à vida da mulher ou o feto for anencéfalo