Continua após publicidade

O que explica o “fenômeno RBD”, mesmo após 10 anos de hiato do grupo

Fãs explicam o amor e o carinho pela banda, que ultrapassa gerações - e provou isso na maratona de shows no Brasil.

Por Bruna Nunes, estagiária da CAPRICHO* Atualizado em 20 nov 2023, 19h36 - Publicado em 20 nov 2023, 19h15
Continua após publicidade

O grupo mexicano RBD se despediu de sua maratona de shows pelo Brasil neste domingo (19). Após 15 anos de hiato, a banda provou que ainda é um verdadeiro fenômeno por aqui – e, claro, a nível mundial.

“Eu vim de uma família muito religiosa, escutei muito da minha família o quanto sou uma aberração por ser gay. Ver o Christian se assumir e ver todo o discurso de acolhimento e auto aceitação do RBD foi muito importante para a minha formação e entendimento aos 15 anos”, afirmou Erick Marinho, 30 anos, à nossa reportagem.

Ele veio de Recife, Pernambuco, até São Paulo, passando também pela Colômbia, só para assistir ao show da banda. “Não sei como seria hoje sem isso. Foi uma loucura sair de Pernambuco para ver o show. Primeiro eu fui até Colômbia, e depois, consegui o ingresso para o show de São Paulo, queria ver no meu país porque a energia aqui é surreal. E vale muito a pena.”

Formado em 2004 por Anahí, Dulce Maria, Maite Perroni, Christian Chavez, Christopher von Uckermann (Ucker) e claro, Alfonso Herrera (Poncho), o grupo musical que começou com a novela mexicana “Rebelde”, exibida e reprisada pelo SBT, quebrou recordes e conquistou fãs. Até que, em 2008, a banda anunciou seu fim, gerando muita comoção.

IR AO SHOW DO RBD É REALIZAR O SONHO DA NOSSA CRIANÇA INTERIOR.

Mas o que os fãs mal poderiam esperar é que, em 2023, com exceção de Poncho, os outros “rebeldes” voltariam aos palcos com a SoyRebeldeTour. Nós, da redação da CAPRICHO, fomos a dois shows da banda em São Paulo e comprovamos: a tour foi muito especial para os integrantes da banda e, principalmente, para os fãs. 

Continua após a publicidade

+Aliás, você já leu a nossa entrevista exclusiva com a Dulce María? Ela é nossa capa de novembro de 2023.

Lá, conversamos com a galera que estava na pista para responder à uma pergunta: por que após mais de 10 anos o grupo continua sendo um fenômeno? E encontramos algumas respostas que você pode ler abaixo.

E, claro, esta que vocês leem também é uma fã e peço licença para também me posicionar. Todo o amor e admiração pelo grupo é resultado do carinho e respeito que cada um dos integrantes do grupo sempre demonstrou pelos fãs.

Dulce Maria conversou com exclusividade com a CAPRICHO. Ela é estrela de capa de novembro da edição digital.
Anna Muradás/CAPRICHO

Além disso, o RBD cresceu junto com seu público. Já parou para pensar nisso? Quando a novela passou pela primeira vez aqui no Brasil, em 2005, quando muitos da nossa geração não tinham nem nascido; mas já em sua reprise, entre 2013 e 2015, outra parcela desse público se identificou com a vida no colégio “Elite Way”.

View this post on Instagram

A post shared by CAPRICHO (@capricho)

Continua após a publicidade

Tanto a novela, quanto a banda, passam muitas mensagens importantes durante nossa infância e adolescência: falam sobre crescer, deixar a escola, os amigos, sobre se decepcionar, se valorizar, sobre enfrentar os lutos da vida. E claro, hoje, mais velhos, ainda cantam sobre todo esse amor diretamente para seus fãs.

Todo o amor e admiração pelo grupo é resultado do carinho e respeito que cada um dos integrantes do grupo sempre demonstrou pelos fãs.

Bruna Nunes, estagiária da CAPRICHO

Teve fã que viajou de outro estado, que já é casado e têm filhos e outros que, mesmo sendo da 2º geração (aquela formada pelos mais novinhos e que assistiram à reprise no SBT), conseguiram realizar o sonho de ver a banda em atividade.

Em conversa com alguns deles, descobrimos que a banda formou personalidades, ajudou pessoas a se aceitarem e fortaleceu muitas amizades. 

“Eu nunca tinha tido a oportunidade de ver um concerto do RBD, essa tour é a minha oportunidade de realizar a minha criança interior. Para mim, a banda representa a minha ligação com minha irmã, antes a gente não tinha uma relação tão próximas de irmãos e o RBD nos uniu.”

Continua após a publicidade

— Caio Vinícius, Recife, PE 

“Sou fã do RBD desde 2007, quando tinha 13 anos. Pra mim esse show representa muito, vou chorar, me emocionar. Na adolescência eu não tinha dinheiro nem para comprar os pôsteres, meus amigos compravam e eu tirava xerox para guardar em uma pastinha. Hoje adulta eu tô aqui realizando um sonho”  

— Jéssica Matias, 30 anos, São Paulo, SP

“Sou de Santos e vim até São Paulo, mas viria de qualquer outro lugar para vê-los. Foi parte da formação da minha personalidade. Foi quando eu comecei a me achar, encontrar minha tribo e fazer amigos.” 

— Lucas Bassoto, ‘quase nos 30’, Santos, SP

“O mundinho RBD me salvou em muitos momentos. Me ensinou a persistir naquilo que acredito, a não parar de sonhar. Dulce e o RBD tem uma importância enorme na minha vida, me salvaram de mim quando eu queria desistir. Quando perdi minhas tias e minha avó, a única coisa que me trazia um pouco de felicidade eram eles. Não tenho palavras pra explicar tudo o que senti desde o momento em que consegui comprar os ingressos. Indescritível essa realização.

Além de ter vivido o show, tive a oportunidade de conhecer uma das minhas amigas que o RBD me deu. Nos conhecemos em 2013, junto com mais outras 5 meninas formamos um grupo. Foram 10 anos nos conhecendo sem se ver pessoalmente. A volta da união do RBD não foi só deles, foi nossa também!”

— Barbara Vieira, 20 anos, Alagoas, SE

Bárbara Vieira e Amanda Lima, que se conheceram pessoalmente nos shows de Rebelde em São Paulo.
Arquivo Pessoal/Reprodução

“Me chamaram de doida por viajar só para ver um show. O RBD é significativo porque eu fui em um show em 2006 e eu sempre fui muito fã. Minha mãe me deu de presente quando eu era pequena, e agora, com 23 anos, consigo realizar meu sonho por conta própria. Sou fã porque eles inspiram e motivam muito quem gosta deles. É amor de fã mesmo.” 

Continua após a publicidade

— Amanda Carmo, 23 anos, Florianópolis, SC

Fãs realizados: uma missão a cumprir pelo RBD

RBD em seu primeiro show da 'Soy Rebelde Tour' no Brasil, no Rio de Janeiro
RBD em seu primeiro show da ‘Soy Rebelde Tour’ no Brasil, no Rio de Janeiro Foto: Iris Alves/Live Nation/Divulgação

E se engana quem pensa que esse momento é só de realização para nós, fãs, viu? Lá nos anos 2000, a banda enfrentou coisas que ainda nem relataram 100% ao público. Existem especulações sobre o fim, principalmente, da banda (quem lembra que após o anúncio da versão da Netflix para “Rebelde”, o Poncho publicou nas redes sociais um conselho para que os artistas não deixem de ler bem os contratos que assinam?). 

A volta desses eternos rebeldes aos palcos simboliza a liberdade de cada um deles seguirem e serem quem eles realmente são, sem o peso do passado.

E, sem sombra de dúvidas, um dos momentos mais marcantes de toda essa trajetória foi quando Christian falou publicamente sobre sua sexualidade. Ele foi tratado de forma pronceituosa pela própria indústria musical à época e a gente sabe que hoje não é fácil ser LGBTQIA+, mas imagine só como era no início dos anos 2000?

É lindo e inspirador ver nosso ídolo tendo a liberdade de ser quem é em cima de um palco.

Sabe de uma coisa? Agora eu volto com 40 anos e sou eu… finalmente SOU EU!

Christian Chavez
Continua após a publicidade

Assista ao momento em que ele fala sobre isso no show em São Paulo:

Sim, parece muito doido pensar que uma banda que nasceu de uma de novela que passou há 20 anos ainda hoje gera tanta comoção. Mas isso é ser eternamente rebelde, né? E como diria Maitê Perroni: nós, os fãs, somos o 7º RBD. 

*Estagiária com supervisão de Andréa Martinelli.

Publicidade