Cantora e atriz, Reneé Rapp compartilhou sua jornada de autodescoberta em recente entrevista ao The Hollywood Reporter. Na conversa, a estrela falou sobre sexualidade, compartilhou sua experiência de se assumir lésbica e como isso influenciou sua vida pessoal e profissional.
Conhecida por viver Leighton em A Vida Sexual das Universitárias, Rapp ressaltou que sua participação no projeto teve um papel fundamental em vida. “Só recentemente comecei a me referir a mim mesma como lésbica, e só recentemente estive em um relacionamento em que penso: ‘Sim, sou lésbica, com certeza’“, pontuou a cantora.
Ela explicou que só passou a consumir conteúdos LGTBQIA+ recentemente e que isso teve um grande impacto na forma como vê a importância das produções: “Estou assistindo todos esses filmes que são parte da cultura gay, especificamente da cultura lésbica, e penso: ‘Eu amo isso'”, disse. Em A Vida Sexual das Universitárias, a própria atriz teve a chance de explorar o tema mais a fundo ao viver uma personagem tão identificável para si mesma.
“Foi a experiência mais gratificante, validadora, assustadora e emocionante de todos os tempos“, refletiu a cantora. Para ela, o desenvolvimento de Leighton foi muito significativo em sua própria experiência de se assumir para sua família. “Acho que tornou tudo muito mais fácil de uma forma que me irritou, mas também sou muito grata por isso. Essa série foi a experiência mais paralela da minha vida, e eu me lembro de fazer aquela cena específica do baile e de não atuar. De forma alguma. Eu estava apenas soluçando. Eu vejo isso e não vejo um personagem. Eu fico tipo, ‘Essa sou eu’“, acrescentou.
Reneé ainda compartilhou que ler o roteiro da série pela primeira vez a fez lembrar como foi crescer em uma família conservadora. “Eu tenho uma prima de quem sou muito próxima, que é gay, que foi realmente condenada ao ostracismo por nossa família, e isso tornou tudo muito difícil para ela e a colocou em um inferno absoluto. Ela é cerca de 7 anos mais velha que eu e eu era obcecada por ela. Eu pensava que ela era perfeita, e disseram a ela para não se aproximar de mim porque ela me tornaria gay. E eu digo: ‘A piada é com vocês. Já estamos lá.’“
Apesar de A Vida Sexual das Universitárias estar com uma nova temporada confirmada, é esperado que Reneé não tenha uma presença tão ativa nos próximos episódios. Em julho de 2023, foi divulgado que a atriz estava deixando o elenco principal para se tornar uma personagem regular com participação reduzida e essa não foi uma decisão fácil. “Foi difícil por vários motivos. Recentemente, no TikTok, [assisti] essa cena na primeira temporada, em que me assumo como lésbica para outra personagem e estou chorando, soluçando. E eu não via aquela cena há anos”, recordou.
“É tão interessante que na época eu nem sabia que o que estava vivenciando na minha vida pessoal era exatamente o que estava fazendo na tela. Eu estava em um relacionamento com um homem, incrivelmente confusa, insegura de mim mesmo, me sentindo muito insegura em minha atuação. E eu assisti a cena outro dia e pensei: ‘Uau, me sinto muito sortuda por ter isso.‘”
As similaridades de sua história com a da personagem foram alguns dos fatores que tornaram a escolha de deixar a produção tão difícil mas a atriz se sente grata por seu caminho: “Não só foi útil para outras pessoas, mas também foi uma loucura para mim. Loucamente útil e também loucamente difícil. Porque eu fico meio: ‘Por que estou pirando o tempo todo?’ Eu ia para casa, ligava para meus amigos e dizia: ‘Acho que sou lésbica, mas realmente amo meu namorado. Eu gostaria de estar com ele, mas o vejo mais como um amigo.’ Então, eu não estava apenas fazendo isso no programa, publicamente, em grande estilo para tantas pessoas e para minha família, que não tinha ideia de que eu era gay, mas também estava passando por isso pessoalmente. É uma loucura assistir isso.”
Agora, Reneé vive a exposição de seus namoros e enfrenta opiniões do público, como foi o caso de seu antigo relacionamento com Alissa Carrington. “Já namorei pessoas em público, tive um relacionamento e depois terminei no ano passado. Foi difícil no começo. Também depende da pessoa com quem você está. Isso pode tornar tudo difícil e fazer você querer chorar o tempo todo. Aconteceu e acontece.”
“Às vezes pode ser difícil e outras vezes realmente adorável, quando me sinto abraçada e trazida de volta à realidade. E também quando eu penso: ‘Estou bem. Tudo bem.’ Eu me sinto bem sabendo por que estou nisso e por que alguém está comigo. Isso é incrível. É específico para cada pessoa, mas também é difícil e às vezes é um pesadelo”, concluiu Rapp.
Voz de sua geração, ela pretende ser honesta e objetiva quando o assunto for sua identidade, ainda mais em uma sociedade com padrões já estabelecidos. “Fui assim a vida toda. Portanto, não é que eu esteja segura em fazer as coisas. Ainda sou bastante insegura sobre quase tudo. Eu simplesmente não consigo. Eu não sei por quê. Acho que fui feita dessa forma.“