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Tom Odell sobre a “impermanência do sentimento” e valorizar o presente

Em conversa com a CH, o cantor detalhou seu processo criativo e explicou como aborda temas como sua saúde mental em composições

Por Anny Caroline Guerrera 8 mar 2023, 11h55

Compartilhar experiências e se conectar com as mais diferentes formas de arte pode trazer uma sensação de pertencimento que, para o britânico Tom Odell, define bem a importância das mensagens que ele tenta passar através de suas composições. Indo além, o cantor vê suas músicas como uma possibilidade de abordar temas importantes e explorar os significados da humanidade.

“Estou interessado em sobre o que significa ser um ser humano e estou interessado em relacionamentos entre as pessoas, acho que sempre fui interessado nisso”, disse o artista em conversa com a CH. Ele ainda contou que, ao escrever novas canções, ele também busca processar suas próprias emoções: “É muito catártico escrever músicas e a sensação é ótima, acho que é como um alívio poder fazer isso. Também sou interessado em palavras, sempre fui.”

Ao colocar seus sentimentos em palavras, Odell gera muita identificação entre as pessoas que o escutam e considera esse é um dos objetivos em escrever: “Para mim, a arte, qualquer tipo de arte, seja uma pintura, um livro, uma música, um filme ou uma série, está sendo o mais útil quando chega em você e te faz sentir menos sozinho”, afirmou. Para o cantor, essa busca por conexões é algo natural do ser humano e um objetivo entre os próprios artistas.

Acho que muito do que fazemos como humanos é sobre procurar conexões uns com os outros e sentir como se a experiência fosse compartilhada. Acho que temos as melhores experiências quando são compartilhadas“, destacou. “Na raiz do assunto isso é o que acho que todos os artistas tem como objetivo. É uma reação do que a arte faz eles sentirem, sabe? O que a música me faz sentir. Ela faz eu me sentir vivo, então, é por isso que eu a faço. Ocasionalmente, você ouve de alguém que sua própria música talvez faça eles se sentirem vivos e pensa: ‘Ah, ótimo! Isso é ótimo!'”

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“A impermanência do sentimento”

A sensação de se apaixonar ao conhecer alguém especial pode ser descrita por muitos como algo parecido com sentir “borboletas no estômago”. Foi assim que Tom se juntou com Aurora em uma colaboração para cantar sobre a sensação na faixa Butterflies.

“Acho que a música foi inspirada por aqueles primeiros momentos de quando você conhece alguém e sente aquela sensação no seu estômago de um pouco de ansiedade e nervosismo”, disse ele ao compartilhar que a composição passa uma mensagem sobre aproveitar os breves momentos da vida e apreciar pessoas que te fazem se sentir especial.

“Elas podem fazer você ver o mundo diferente. Eu acho que a música foi inspirada por ter isso mas também ser capaz de deixar ir e não precisar de tanto daquela pessoa e apenas valorizar a experiência. E acho que Butterflies é uma metáfora interessante para isso porque a natureza da borboleta é que você pode apreciar sua beleza momentaneamente mas então você precisa estar pronto para deixar ir. É a natureza transitória dela, é a impermanência do sentimento que me interessa“, declarou o artista.

Como lidar com o passado, o presente e o futuro

Em outubro de 2022, Odell lançou o disco Best Day Of My Life com reflexões sobre relações humanas e saúde mental, que é uma batalha para o cantor há anos e, apesar da tradução da faixa título ser “O Melhor Dia da Minha Vida“, a ideia inicial da música era “O Pior Dia da Minha Vida“.

A mudança aconteceu ao ele reparar como dias que começam bem podem ter uma mudança, da mesma forma que o mesmo pode acontecer em dias ruins: “Quando lido com momentos ruins, com estar triste ou me sentir afogado novamente, uma das coisas que observo é como, na verdade, um dia que foi o pior dia durante a manhã, mas no começo da noite, pode ser o melhor. E vice-versa.”

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“Continuo voltando para essa coisa de estar no presente. Estou interessado no fato de que acho que muitas das doenças ou da dor de ser um ser humano é quando a nossa mente está duelando no futuro ou duelando no passado. Eu encontro muita resolução, encontro muito conforto, em estar apenas completamente no presente“, disse Tom sobre a ideia de não ficar preso no passado ou tentar antecipar o futuro.

A meditação foi uma forma que ele encontrou para se concentrar no “agora” e priorizar sua saúde mental: “Tenho feito por muito tempo, por uns 7 anos. E é algo que talvez eu tenha aprendido disso. Simultaneamente, também sofro com depressão e ansiedade”, pontuou. Acho que por muito tempo, tentei me curar dessas coisas e talvez todo o álbum Best Day of My Life seja sobre mais do que curar, é apenas sobre viver no presente e, na verdade, encontrar mais aceitação ao invés do desejo de mudar, mudar tudo ao meu redor.”

“O que me guia é um desejo de dizer algo verdadeiro sobre mim mesmo”

Ser vulnerável e sincero em composições é algo que Odell entrega desde seus primeiros projetos, que foram lançados entre 2012 e 2013. Prova disso é a canção Another Love, um dos grandes sucessos do cantor até hoje, e mostra as similaridades e desenvolvimentos de seu processo criativo: “Como artista, sou exatamente o mesmo. Acho que o que me guia é um desejo de dizer algo verdadeiro sobre mim mesmo ou sobre o mundo.

“Eu quero encontrar algo que seja genuinamente perspicaz e que é real. Acho que quando escrevi meu primeiro álbum, Another Love e algumas daquelas músicas era o mesmo, sabe? E, de certa forma, o processo é o mesmo. Eu acho que com o passar do tempo, os interesses mudam e também os caminhos, que talvez se tornem mais ricos ou se enriqueçam pelas suas falhas ou sucesso”, refletiu ele.

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E é assim que o cantor quer continuar. Escrevendo músicas que observam comportamentos, pensamentos e ações humanas, buscando verdade em cada ato: “Eu só quero fazer música que é verdadeira e que se sinta que tem aquela autenticidade e aquela integridade, que mesmo de madrugada, às 4h de manhã, eu pense: ‘Sabe de uma coisa? Isso é real. Esse é um pedaço de arte real!'”

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